Caso Matheus: Depoimentos de testemunhas contradizem seguranças de boate

Segundo o delegado Rodrigo Rolli, responsável pelo caso, duas testemunhas são peças chaves no inquérito

Lucas Soares
Repórter
26/11/2014

Duas novas testemunhas podem ajudar a Polícia Civil a esclarecer o caso do jovem Matheus Goldoni, 18 anos, encontrado morto em uma cachoeira no bairro Borboleta, na manhã do último dia 17, após ter sido visto pela última vez na boate Privilège, na Cidade Alta, na madrugada do dia 15 de novembro. 

Segundo o titular da Delegacia Especializada em Homicídios, Rodrigo Rolli, responsável pelo caso, um taxista e uma senhora mudaram todo o rumo da investigação. "Quando a sociedade participa, ela ajuda em muito a investigação. Essa senhora, que não tinha o menor laço com o caso, fez um depoimento importantíssimo. Ela estava trazendo a filha de uma festa pela rua Engenheiro Gentil Forn e viu o Matheus correndo e os dois seguranças atrás. Ela afirmou que ficou com o carro parado pois teve medo da confusão e só observou. Depois que ela viu que diminuiu a intensidade da correria e andou, viu dois seguranças parados e o Matheus subindo na calçada, já que antes ele estava correndo pela via. Juntando com um depoimento de um taxista, que eu não posso revelar, chegamos à uma clareza maior. Muitos dos depoimentos que temos ouvidos vão de encontro aos dos seguranças", explica.

O delegado fez questão de esclarecer que, apesar do laudo apontar a causa da morte como asfixia por afogamento, isso não quer dizer uma morte natural. "Eu já expliquei anteriormente. Isso pode ser alguém se afogar de forma acidental, ou ser afogado, ou ter desmaiado e ser jogado na água. A médica legista está sendo fenomenal para a perícia e fechou o laudo muito bem. Existem duas lesões internas na região peitoral que podem ter sido provocadas por instrumento contundente, seja um soco, um chute, uma paulada ou qualquer outro objeto que não seja uma faca ou uma arma de fogo. É uma pancada. Não há nenhuma lesão no pescoço. Eu tenho que levar isso em consideração. Essa lesão pode ter sido em decorrência da própria queda do garoto na água, mas não estou afirmando que ele tenha lesões provocadas por terceiros", afirma.

As investigações continuam nos próximos dias e Rolli não descarta nenhuma hipótese da morte. "A suspeita de latrocínio continua porque desapareceu a carteira e o celular dele. A morte acidental e a violenta não podem ser descartadas, pois as lesões foram provocadas por uma pancada. Serão feitas novos quesitos à perícia para melhor esclarecimento do laudo, vou ouvir pessoas externas à boate para melhor elucidar o caso", comenta.

Apesar do inquérito ter o prazo de 30 dias para ser concluído, o delegado não acredita que será possível concluí-lo antes deste tempo. "Eu encaminhei, essa semana, os aparelhos que foram gravados as imagens internas da boate, para saber se existe imagem ou se foram apagadas. Ainda vou fazer muitas acareações, por conta das fortes contradições que apareceram nos depoimentos", revela.

O caso

De acordo com o irmão da vítima, Leandro Goldoni, Matheus, que era morador do bairro Santa Efigênia, na Zona Sul da cidade, teria se envolvido em uma briga no interior da casa e os seguranças o convidaram para sair. "Perguntei ao segurança o que aconteceu, eles disseram que ele tinha arrumado atrito com um segurança, correram atrás dele, não alcançaram e ele entrou no mato. Na hora eu não contestei, apenas comecei a procurar, a gritar, chamando para ir embora e não achei. Fiquei um tempo em frente à Privilège e pensei que ele já tivesse ido embora para casa ou ido direto para o trabalho, relatou na segunda-feira, 17.

Em nota, o Privilège Juiz de Fora esclarece que foi procurado pelos pais do jovem, na madrugada de sábado para domingo, que informara que ele estava desaparecido desde a noite anterior. "O jovem se envolveu com uma briga sem gravidades dentro da casa e foi convidado a se retirar. O club foi informado que do lado de fora, ele desceu em direção ao Centro quebrando retrovisores de automóveis estacionados na Estrada Engenheiro Gentil Forn. Ao tomar conhecimento sobre este episódio, um segurança desceu a estrada, mas o jovem já não foi localizado. No livro de ocorrência da casa foram registrados os números das placas dos veículos danificados", diz a nota.

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