Essa é a pergunta que eu mais escuto ao passar pela rua Severino Meirelles depois de um temporal. Em geral é feita por moradores, comerciantes, donos de escolas, de clínicas, enfim, todos que investiram em imóveis no local.

A rua tem uma posição privilegiada. Fica na região central, entre os bairros São Mateus e Alto dos Passos. Com escolas, supermercado, farmácias, salões de beleza, padarias, hortifrutis, e hospitais por perto! Ou seja, um endereço privilegiado!

Só quem mora, trabalha e passa com frequência pela rua entende que além de todos esses bônus, existe um ônus que fica a cada dia mais complicado. As enchentes frequentes no período chuvoso.

FOTO: Redes sociais - Alagamento na Rua Severino Meirelles, Alto dos Passos, na última terça (14)

A Severino Meirelles é mais baixa do que a Avenida Rio Branco que, por sua vez, é mais baixa do que várias ruas dos bairros Bom Pastor e Guaruá. Isso faz com que a avenida receba um volume grande de água durante os temporais, formando corredeiras e tendo as pistas alagadas.

A rede de captação de água pluvial não está dando conta e todo o excesso da enxurrada, que não desce pelas bocas de lobo, vai para as partes mais baixas. Quem mora nos prédios próximos costuma vigiar a avenida e postar alertas nas redes sociais sobre as enchentes e o risco aos motoristas que tiverem que passar por essa região.

Segundo a Defesa Civil de Juiz de Fora, só nos primeiros sete dias de fevereiro, o município registrou 150mm de chuva. E isso, depois de registrar o janeiro mais chuvoso dos últimos anos.

Nessa terça-feira, 14/02, um temporal no meio da tarde acendeu o sinal de alerta nos moradores e frequentadores da Severino Meirelles.

FOTO: Redes sociais - Alagamento na Rua Severino Meirelles, Alto dos Passos, na última terça (14)

O volume intenso de chuva fez com que a rua inundasse rápido. E, para piorar, ainda chovia forte no horário de saída das escolas, o que desesperou os pais que não conseguiam chegar ao local. Aqueles que já estavam aguardando a liberação das crianças se assustaram e subiram nas calçadas com os veículos, para tentar impedir que fossem arrastados ou inundados.

Nos fundos do hospital de Pronto Socorro, funcionários corriam para tentar colocar os veículos em locais seguros. Mas, eles já estavam cercados pela enchente. Na parte mais baixa da rua Dr. José Cesário, que é sem saída, os carros estacionados foram cercados pela água e arrastados pela enxurrada. Alguns bateram nos muros dos prédios, outros se chocaram contra carros que também estavam boiando.

Alerta ignorado

FOTO: Divulgação - Placa indica que a área está sujeita a alagamentos

É importante lembrar que no trecho onde houve o alagamento tem uma placa colocada pela prefeitura alertando sobre o risco que existe no local durante temporais. Mas, os motoristas ignoram. Enquanto eu tirava essa foto, dois condutores tinham acabado de estacionar. Conversei com eles e perguntei se não tinham medo de ter os automóveis arrastados ou inundados.

Um disse que não iria demorar. O outro disse que trabalha numa clínica perto e que ficava vigiando a chuva. Em caso de temporal, ele descia correndo e retirava o carro. Provavelmente, o mesmo que pensavam os motoristas que tiveram os carros arrastados durante a chuva forte dessa terça.

E, pelo visto, a cena vai continuar se repetindo. Nesta quarta-feira, 15/02, às 9h, todas as vagas já estavam ocupadas e outros motoristas buscavam onde estacionar no local. A alegação é que por ter muitas clínicas próximas, é difícil encontrar vagas na Severino Meirelles e na Dr. José Cesário. Então, alguns motoristas assumem o risco de parar no local sujeito a inundação. Com a esperança de conseguir retirar o carro a tempo.

FOTO: Redes sociais - Alagamento na Rua Severino Meirelles, Alto dos Passos, na última terça (14)

Rede pluvial comprometida

A maior intensidade desse último temporal foi entre 16h e 17h. Apesar do horário de coleta de lixo na área central ser à noite, a enxurrada arrastou sacos de lixo que já estavam nas calçadas. Além da correnteza, eles enfrentaram os carros que tentavam fugir da enchente e passavam por cima do que havia no caminho.

Batendo nos obstáculos, arrastando nas calçadas e no asfalto e sendo “atropelados”, em pouco tempo, os sacos estavam rasgados e o lixo sendo carregado pela água para as bocas de lobo. Some a isso a terra que é levada também na enchente e teremos uma explicação para outro problema.

FOTO: Divulgação - Lixo levado pela correnteza das chuvas acaba nas bocas de bueiros

A rede pluvial não consegue absorver no tempo necessário o volume de água. Pela manhã, todas as bocas de lobo da rua Severino Meirelles, entre a ruas Dr. Romualdo e Dr. José Cesário, estavam com materiais agarrados. A maior parte era de lixo doméstico.

Com vários pontos de alagamentos em Juiz de Fora e quedas de barreiras nas regiões Sul e Sudeste, as equipes da prefeitura foram divididas entre a noite de terça e a manhã de quarta, entre os locais mais complicados e com mais urgência de intervenções.

A Severino Meirelles precisou esperar um pouco mais na escala de limpeza. Durante a manhã, com aumento do trânsito, o lixo arrastado pela enchente foi espalhado com a passagem dos carros e dividiu espaço com a lama que ficou para trás. Em alguns trechos, dava para perceber que havia restos de sacolas de lixo destruídas.

FOTO: Divulgação - Lixo levado pela correnteza das chuvas acaba nas bocas de bueiros

A Defesa Civil de Minas Gerais já emitiu alerta de chuvas intensas no estado até o carnaval. A Zona da Mata está entre as regiões que devem receber um volume alto de água. Então, não custa reforçar os cuidados de motoristas e pedestres nos locais sujeitos a inundações.

Michele Pacheco - Alagamento na Rua Severino Meirelles, Alto dos Passos, na última terça (14)

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Michele Pacheco

Raio X de JF

Michele Pacheco é jornalista formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Pós-graduada em TV, Cinema e Mídias digitais. Com experiência em coberturas de segurança pública, política e comunidade. Trabalhou como Repórter de Rede nas emissoras SBT e Record TV.

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