Ana Paula Silva Ana Paula Ladeira 28/10/2015

O atraso da TV digital

O apagão do sinal de televisão analógico no Brasil parece mesmo uma novela sem fim. Na mesma semana em que o México concluiu o desligamento desse tipo de sinal em oito localidades e que deu indícios de que terminará o processo em dezembro deste ano, nosso país ainda parece engatinhar neste longo período de transição.

Pouco tempo depois de assumir o Ministério das Comunicações, André Figueiredo admitiu a possibilidade de um atraso nos cronogramas propostos inicialmente pelo próprio governo. Não é difícil vislumbrar este cenário em época de crise, já que o sucesso do apagão tecnológico depende do acesso de 93% da população aos aparelhos de TV digitais e da compra de equipamentos por parte dos radiodifusores. Cumprir tais condições tornou-se ainda mais complicado com a alta do dólar.

Talvez a medida do vizinho Uruguai, de propor um "acendimento" digital, que prevê a coexistência das duas tecnologias durante um determinado período, seja mais honesta. E enquanto o governo brasileiro ainda não consegue atingir sua meta, possivelmente começará a liberar as faixas de 700MHz, hoje utilizadas para transmissão de sinais analógicos de televisão, mas leiloadas para as empresas de telefonia para transmissão de sinal 4G no ano passado. Assim, consegue atender parte do compromisso com as empresas de telefonia, além de ganhar mais tempo para atingir as metas propostas inicialmente.


Ana Paula Ladeira é Jornalista pela Universidade Federal de Juiz de Fora e Doutora em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense. Pesquisa assuntos relacionados especialmente à TV.

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