Paulo César Paulo César 1º/9/2012

Os mercenários 2 mistura humor e ação com Schwarzenegger, Van Damme e Chuck Norris

Quando Sylvester Stallone resolveu juntar os maiores heróis dos filmes de ação das décadas de 80 e 90 em Os mercenários, em 2010, foi motivo de chacota geral. Tanto que alguns figurões do gênero deram de ombros. Mas Sly não se abateu, conseguiu juntar a maioria deles e fez um filme que, se não foi uma unanimidade, arrecadou bem mais do que investiu, e ganhou força para retornar às telonas muito mais violento, engraçado e, o melhor, com a turma completa.

Neste novo longa, Barney Ross (Stallone) e seu grupo são enviados para uma missão, a mando de Mr. Church (Bruce Willys), para resgatar um importante objeto em algum lugar da China. Porém, eles são vítimas de uma emboscada armada por Vilian (Jean-Claude Van Damme) e um de seus amigos é brutalmente assassinado pelo vilão. Com todo o arsenal que lhes é disponível, os mercenários partem para o leste europeu em busca de vingança, e contarão com a ajuda de outros intrépidos e inesquecíveis justiceiros.

Tudo bem que o roteiro feito por Stallone com a ajuda de Richard Wenk é frágil, repleto de clichês e com uma tentativa de apelo dramático pueril. Há, ainda, a inserção de um interesse romântico para Ross, a valentona Maggie Chan (Yu Nan), mas que não vingou. Entretanto, houve mais acertos em relação ao anterior. Desta vez, não houve uma tentativa de impor uma "ação séria", e sim uma maior valorização do lado cômico, que naturalmente surge quando faz-se uma paródia. As piadinhas pipocam a todo momento, principalmente relacionando cada ator com passagens de suas carreiras, que as tornam ainda mais engraçadas.

O bastão da direção desta vez ficou a cargo de Simon West, que tem bagagem em dirigir ações explosivas e frenéticas. A cada sequência, valoriza tudo que os atores podem oferecer. Se tivesse dado mais espaço às lutas corpo a corpo, como nos casos de Jet Li e Jason Statham, teria conseguido empolgar muito mais. Os excessivos tiroteios deixam o filme enfadonho, e só tem o "gelo quebrado" quando Chuck Norris dá o ar da graça.

Por falar nele, foi a grande surpresa do filme. Talvez seja o mais hiperbólico dentre todos que compõe o elenco, com sua cara de poucos amigos e os tiros ininterruptos, no melhor estilo Braddock. Outro que resolveu entrar na brincadeira foi Van Damme, que depois de se recusar a participar do primeiro filme, viu a chance de voltar ao estrelato. Arnold Schwarzenegger e Bruce Willys entram de vez no elenco, sendo que o primeiro dispara piadas sobre seu personagem mais famoso (o Exterminador) a todo o momento. O restante do bando cumpre bem seu papel (até Dolph Lundgren faz rir) e analisá-los em sua atuação não convém neste filme.

Os mercenários 2 é uma grande paródia do gênero que dominou o cinema por duas décadas e que anda meio em baixa. E para provar isso, quando Stallone diz "isto é uma peça de museu", a respeito de um velho avião, Schwarzenegger responde "somos todos peças de museu", se referindo a todo o elenco veterano do filme. Vai capturar os fãs de ação sedentos por explosões e tiros. Mas é provável também que agrade quem cresceu ou envelheceu assistindo todos eles acabarem com vilões de todos os tipos em filmes de qualidade duvidosa. São os eternos grandes heróis do gênero, e isso já vale pelo menos o ingresso.


Paulo César da Silva é estudante de Jornalismo e autodidata em Cinema.
Escreveu e dirigiu um curta-metragem em 2010, Nicotina 2mg.

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