Transplante de medula óssea em JF é exemplo nacional No HU, o transplante autólogo de medula óssea é realizado desde 2004. Instituição planeja fazer transplantes halogênios a partir do próximo ano

Pablo Cordeiro
*Colaboração
13/8/2009

O responsável pelo serviço de Hematologia e Transplante de Medula Óssea do Hospital Universitário (HU), Ângelo Atalla, anunciou que, em 2010, o HU poderá fazer transplantes halogênios, ou seja, entre doadores. "Este ano, completamos 120 transplantes autólogos – que utiliza a medula do próprio indivíduo – com apenas três leitos de internação disponíveis. A duplicação desses leitos irá entrar em processo licitatório nos próximos meses e com isso poderemos realizar os transplantes halogênios."

No HU, o transplante autólogo de medula óssea é realizado desde 2004. “Em 2009, foram prestados 88 transplantes em mineiros, 19 em capixabas, oito em cariocas, um em mato-grossense e um em paraense. O serviço de transplante de medula em Juiz de Fora é referência nacional”, orgulha-se Atalla.

Segundo o médico, será construída, até dezembro, também a unidade de criogenia e preservação no Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Essa unidade irá possibilitar a armazenagem das medulas e sangue de cordão umbilical utilizado nos transplantes.

Atalla afirma que em Juiz de Fora há carência de um centro especializado para realização de transplantes halogênios. “Quando um receptor é identificado, tem que ser transferido para os centros do Rio de Janeiro, São Paulo ou Curitiba, o que atrasa o procedimento.” O transplante de medula óssea é indicado para pacientes com alguns tipos de leucemias e linfoma, portadores de aplasia medular e outras doenças que afetam a produção das células do sangue.

Captação de doadores

A captação de doadores de medula óssea em Juiz de Fora cresce significativamente desde quando foi criada, em 2000. Ano passado, o número de cadastrados no Hemocentro Regional da cidade chegou a 25 mil, cerca de 20% de todos os doadores do Estado. Com a parceria entre o Instituto Nacional do Câncer (Inca), hemocentros, empresas e lideranças sociais, o número de cadastrados no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) atingiu um milhão de pessoas.

O gerente técnico do Hemocentro, Sebastião Avelar, pondera, entretanto, que a quantidade de doadores ainda não é suficiente para atender toda a fila de necessitados. É preciso que sejam feitas campanhas educativas para esclarecimento da população. Em comparação com a doação de sangue, o hematologista explica que o processo é mais rápido, porém mais criterioso. "Para cada cem mil doadores de medula, apenas um é compatível."

Os interessados em se tornarem doadores de medula óssea devem procurar o Hemocentro Regional de Juiz de Fora (rua Barão de Cataguases - Santa Helena) e realizar o cadastro. Será recolhida uma amostra de 5 ml de sangue para o exame de histocompatibilidade genética (HLA). É permitido doadores com idade entre 18 e 55 anos, que não tenham doenças sanguíneas e infecciosas. Quando selecionado um receptor compatível, o candidato é chamado para fazer o transplante.

Crescimento
gráfico em pizza do crescimento de doadores Sudeste 64%, Sul 33%, Nordeste 3%
gráfico em pizza do crescimento de doadores SE 46%, S 29%, CO 15%, NE 8%, N 2%

Banco de sangue de cordão umbilical

O hematologista Ângelo Atalla menciona a questão do sangue dos cordões umbilicais. Segundo ele, há cerca de seis mil cordões armazenados na cidade. São captados de três a cinco por dia. No entanto, as pessoas guardam o sangue para uma necessidade, que pode não existir, tornando-o inútil. "O congelamento no Brasil é particular. É necessária uma política de cordão público, para que o sangue possa ser utilizado por qualquer brasileiro", completa. O custo estimado para manter o cordão armazenado é de R$ 3 mil reais.

Banco de Sangue

Atualmente, o Hemocentro de Juiz de Fora conta com um índice de cem a 120 doadores por dia. Nesse período de inverno e ameaça de Gripe A, os níveis de sangue decrescem em 30%, em relação às outras estações do ano, pois as doenças respiratórias inviabilizam as doações. "Esta diminuição já é esperada. Com o impacto da nova gripe e o receio das pessoas, houve a queda na captação, mas já estamos tomando providências para não prejudicar os assistidos", observa Avelar. As recomendações são para que após qualquer sintoma de gripe o doador permaneça 15 dias sem fazer a doação.

*Pablo Cordeiro é estudante do 9º período de Comunicação Social da UFJF

Os textos são revisados por Madalena Fernandes