Cursos superiores tecnológicos são bem aceitos no mercado e credenciam para formação continuadaTecnólogo tem seu espaço no mercado e pode seguir carreira acadêmica sem restrição alguma. Empresas começam a reconhecer o título superior

Clecius Campos
Repórter
11/11/2010

Os cursos superiores em tecnologia costumam gerar dúvidas quanto à aceitação no mercado de trabalho e à possibilidade de dar continuidade à carreira acadêmica após uma formação do tipo. No entanto, segundo o coordenador-geral de ensino do campus Barbacena do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, Robson Helen da Silva, não há restrições quanto à atuação do profissional formado com o título de tecnólogo. "Assim como os bacharelados e as licenciaturas, os tecnológicos são considerados uma graduação superior. Desde que aprovados e reconhecidos pelo Ministério da Educação [MEC], os cursos credenciam os formandos a atuar no mercado de trabalho e a seguir a carreira acadêmica sem problemas. Não há restrições quanto a fazer um mestrado, um doutorado."

Segundo Silva, as empresas e órgãos públicos estão cada vez mais abertos à presença de profissionais com esse título, contratando e possibilitando o ingresso por meio de concursos, que já aceitam a inscrição de tecnólogos em editais. "A política de criação dos institutos federais de tecnologia [Ifets] tem ajudado a reforçar a necessidade desses profissionais e a necessidade do mercado. O campo de trabalho precisa cada vez mais de pessoas capacitadas e com ensino superior. O curso de tecnologia é um bom instrumento para quem quer se formar em menos tempo."

Normalmente, as graduações tecnológicas duram a metade dos bacharelados e também são menores que as licenciaturas. O profissional é formado com o título de tecnólogo em determinada área, com competências e habilidades para a resolução de problemas naquela profissão. "É uma formação dinâmica e bem ligada à difusão de tecnologia. O tecnólogo é mais articulado com o mercado nesse sentido. Outra diferenciação é a união do conhecimento com a prática." Segundo Silva, o acompanhamento dos egressos dos cursos tecnológicos oferecidos no IF de Barbacena mostra que não há problemas quanto à aceitação no mercado. "O principal cuidado que se há de ter é checar no MEC quais cursos são autorizados e reconhecidos. É a garantia de uma boa formação. O Catálogo Nacional dos Cursos Superiores em Tecnologia mostra os cursos em acordo com as normas do ministério." Na página do Sistema de Regulação do Ensino Superior, é possível ver quais são os cursos autorizados e reconhecidos pelo MEC.

Em igualdade de condição, tecnólogo pode perder espaço

A psicóloga especialista em psicologia organizacional e do trabalho, Ana Cecília Resende Pereira, acredita que as empresas fazem pouca diferenciação entre bacharéis e tecnólogos em processos de seleção. "Hoje em dia o mercado exige o comportamento do funcionário. Se o tecnólogo tiver experiência, uma boa bagagem no ramo em que trabalha, atitude, se uma avaliação comportamental favorecer mais ao tecnólogo, ele certamente vai se destacar. O tipo de formação de um bacharel só irá sobressair, caso os candidatos estejam em pé de igualdade na seleção. Neste caso, o curso superior vira algo a mais."

Ana Cecília tem observado que as empresas empregam tecnólogos com frequência. "Não vejo preconceito algum com os cursos tecnológicos, a não ser em casos de estágio, quando as empresas preferem os alunos de bacharelados. Já para o profissional, não vejo tanta diferença. O comportamento é que vai prevalecer." A oferta de cursos superiores tecnológicos é variada na região. Dois campus do Instituto Federal do Sudeste Mineiro oferecem vagas para esse tipo de graduação. Em Barbacena, os cursos são de Gestão de Turismo, Gestão Ambiental e Sistemas para Internet. Em Rio Pomba, há vagas para o curso superior de tecnologia em Agroecologia e Laticínios. O IF de Muriaé tem superior tecnológico em Design de Moda.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken.