Jud? une arte, ci?ncia e filosofia ? defesa pessoal Entre as vantagens da pr?tica est?o o aperfei?oamento f?sico, mental, t?cnico e moral. Conhe?a um pouco mais sobre o esporte que encantou a Miss JF 2008

Fernanda Fernandes
Rep?rter
01/08/2008

O jud? n?o ? uma luta de agress?o, mas de defesa, e tem o objetivo de fortalecer o corpo e a mente de forma integrada. Seus adeptos preferem definir esse esporte como uma ci?ncia que estuda os poderes potenciais do corpo e da mente, assim como o modo mais efetivo de aplic?-los ?s atividades de combate.

Nascido no Jap?o em 1882, o jud? tornou-se esporte ol?mpico em 1964 e ? um dos esportes com maior n?mero de praticantes em todo o mundo, al?m de ser uma das modalidades que mais conquistou medalhas ol?mpicas para o Brasil.

Coordenador da Zona da Mata na Federa??o Mineira de Jud?, Justin Macedo Vianna, 35 anos de profiss?o, explica que o esporte ? uma arte milenar na qual o aprimoramento do homem ? o objetivo maior. "S?o 75 t?cnicas, sendo 48 t?cnicas b?sicas utilizadas, subdivididas entre koshi-waza (quadril), ashi-waza (pernas e p?s), te-waza (m?os e bra?os) e sutemi-waza (sacrificiais)", explica.

foto de Justin Vianna No princ?pio, os nomes podem parecer complicados, mas Justin garante que s?o muito f?ceis e diz que alguns de seus alunos empolgam-se e passam a estudar a fundo a l?ngua japonesa. Ju significa princ?pio da suavidade e da gentileza e do quer dizer via, caminho. Por isso jud? ? a via de suavidade.

O jud? ensina a utilizar ao m?ximo, e com a maior efic?cia, a energia mental e f?sica, concentrando as duas em um mesmo objetivo. Esta ? uma li??o n?o s? para o esporte, mas para toda a vida.

Segundo Justin, o treinamento de jud? ? ?rduo como as dificuldades enfrentadas no dia-a-dia, sendo compensador por estimular sempre a progredir. Um grande diferencial neste esporte-arte-filosofia ? que o fraco pode vencer o mais forte.

Hist?ria milenar

Sensei (professor) que se preze sempre tem uma hist?ria recheada de met?foras para contar. As aulas costumam ser repletas de li?es e analogias que remontam ao Jap?o milenar. Justin explica que isso acontece porque o fundador do jud?, Jigoro Kano, era um fil?sofo das artes marciais.

Kano estudou outras artes marciais e criou as t?cnicas e regras que s?o utilizadas at? hoje no jud?. Uma de suas inspira?es foi o jutsu, uma esp?cie de briga de rua, que foi proibida no Jap?o. Unindo outros conhecimentos, ele retirou o que havia de bom e concreto na pr?tica para criar as t?cnicas que viriam a ser ensinadas na Universidade de Tokio e no treinamento das for?as armadas da capital japonesa.

Justin conta que Jigoro Kano era franzino e tinha apenas 1,50 metro de altura. At? por sua fragilidade, a preocupa??o maior dele era com o equil?brio mental e corporal do ser humano, da? vem o princ?pio da n?o resist?ncia.

"De que adianta bater de frente com o muro, se ? mais f?cil deixar o muro ceder, desvencilhar-me dele? A for?a do advers?rio pode ser usada em meu favor", repete Justin.

Foto de pessoas fazendo a sauda??o do jud? Foto do cumprimento antes da luta Foto de um golpe de jud?

Ao contr?rio de outras artes marciais, o jud? se mant?m muito tradicional e fiel ?s regras. O jiu-jitsu, por exemplo, tem uma vertente t?cnica e competitiva e outra que se desvirtuou com os bad-boys. O karate apresenta varia?es de acordo com o cl? ao qual o mestre pertence.

Justin acredita que isso n?o acontece com o jud? devido ? constante avalia??o e aperfei?oamento a que s?o submetidos os professores, sempre obedientes ?s normas pela pr?pria disciplina da pr?tica. Segundo ele, h? um sentido ?nico passado para o aluno de qualquer parte do mundo, apesar de hoje o jud? estar mais aberto, comunicativo e did?tico que em outros tempos.

Muito al?m da faixa preta

A hierarquia ? muito importante no jud?, sendo expressa pelas cores das faixas que os praticantes usam na cintura, para amarrar o kimono. A id?ia de que a faixa preta ? o grau mais alto, entretanto, ? um mito. Justin diz que isso aconteceu porque, at? pouco tempo, no Brasil, quase todos os professores chegavam apenas a este posto. "O jud? era preso ?s col?nias, que tinham seus cl?s. Ningu?m conhecia aqueles grandes mestres que s? agora est?o fazendo parte das associa?es e federa?es."

Segundo Justin, ap?s a faixa preta h? gradua?es, chamadas dan, que constituem a elite do jud?. "? um grupo que est? acima do professor, do sensei, porque j? s?o mestres ou doutores", diz, explicando que a faixa coral corresponde ao mestre shiran.

Foto de um golpe de jud? Foto de um golpe de jud? Foto de um golpe de jud?

O Brasil hoje adota dez faixas, tendo inclu?do, na ?ltima d?cada, as cores cinza e azul entre a branca (iniciante) e a amarela. De acordo om Justin, a medida serviu para incentivar os jovens praticantes, pois o ingresso de crian?as a partir de tr?s anos aumentou muito, sendo impratic?vel ascender muito rapidamente a outras faixas.

Adultos podem trocar de faixa at? mesmo de tr?s em tr?s meses, mas isso depende do desenvolvimento de cada um. Para as crian?as, ? recomendado o m?nimo de seis meses para subir na hierarquia.

Al?m da cor das faixas, h? pequenos riscos que s?o feitos sobre elas para indicar uma distin??o por grau. O praticante pode ter at? seis riscos, que ganha por merecimento, melhor nota na escola e outros crit?rios adotados pelo sensei. At? mesmo a disposi??o no tatame ? regida por esses ind?cios. De acordo com Justin, isso nunca ? visto como uma competi??o pejorativa, mas como est?mulo.

Mulheres no tatame

foto de Tha?sa Vianna A paix?o pelo esporte, Justin passou para a filha, Tha?sa Vianna, primeira mulher em Juiz de Fora a obter a faixa preta em jud?, distin??o alcan?ada h? dois anos. Ela come?ou no esporte junto ao irm?o, aos nove anos. Naquela ?poca, o pai n?o a estimulava muito. "Ele queria que eu estudasse", recorda. E Tha?sa estudou sim: fez faculdade de Educa??o F?sica, sonhando em ser professora de jud?.

Tha?sa diz que h? preconceito quanto ? pr?tica do jud? por mulheres, mas que o custo tamb?m ? outro fator que desestimula muitas garotas a progredir no esporte. "? um investimento caro. ? preciso fazer um curso em Belo Horizonte que, com os exames, custa R$ 5 mil, fora os gastos com a viagem, uma vez por m?s durante um ano." Segundo Tha?sa, a maioria dos desportistas que avan?am na hierarquia s?o da capital e regi?o, justamente devido aos custos.

foto de Lorraine Miss Juiz de Fora 2008, Lorraine Silveira Andrade, tem 19 anos e pratica jud? desde os seis. "Desde pequena me sinto em fam?lia no jud?, me divirto com responsabilidade e tamb?m ajuda a cuidar do corpo", diz a estudante, que ? faixa marrom e tem aulas desta arte marcial tr?s vezes por semana. "Comecei no col?gio onde estudava. Eu me sentia bem e nem quis saber de outras modalidades de esporte", recorda.