Onça pintada está viva, caçando e já pode ter cruzado, indica professor da UFJF

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Onça pintada está viva, caçando e já pode ter cruzado, indica professor da UFJF

Da redação
13/05/2020

Há exatamente um ano, a onça-pintada que circulava em Juiz de Fora era capturada no Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Na última segunda-feira, 11, foi encontrado o colar do animal junto a restos de um tamanduá-mirim, muito provavelmente caçado pelo felino. “Estamos felizes por saber que há indicativos suficientemente fortes de que o animal está vivo e que esta história tem um desfecho de sucesso”, comemora o professor da UFJF Artur Andriolo.

Colocado no animal quando foi capturado, o colar estava programado para ser aberto automaticamente em cerca de um ano – que é o tempo estimado da bateria do dispositivo chamado drop-off. “Quando sua carga é esvaziada, esse aparato faz com o que o colar se abra. O drop off se alimenta de bateria independente da que abastecia o sistema de GPS, também presente no colar, que havia parado de emitir sinais de localização”, explica o professor Fernando Azevedo, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), participante da captura da onça-pintada e coordenador de projetos sobre felinos.

Há pelo menos três indicadores que relacionam as fotos, tiradas no dia 11 de maio, à onça-pintada de Juiz de Fora. Somente ela usava um colar com o compartimento branco para GPS. As outras três onças do local possuíam coleira na cor preta. A carcaça do tamanduá foi encontrada a cerca de sete quilômetros de onde a onça foi introduzida, em 2019, apontando para um território de uso do animal. “Pelos vestígios e manchas de sangue fresco da caça, foi possível estimar também que ela esteve no local se alimentando havia cerca de 12 horas”, afirma Azevedo.

“Esses são sinais fortes de que ela está bem, está caçando e estabeleceu território na área onde foi solta. Muito provavelmente pode ter cruzado com alguma fêmea – há duas no local -, considerando o tempo em que está no território. Só há outro macho na área e aparentemente cada um estabeleceu seu espaço”, comemora Azevedo. O local ainda está sendo monitorado por câmeras instaladas pela equipe do pesquisador em março de 2020. Os registros ainda serão verificados.

Conforme o professor esse é o primeiro caso de sucesso de translocação de uma onça-pintada em região de Mata Atlântica. “Há muitos anos uma onça desse bioma foi levada para o Pantanal. Mas entre áreas de Mata Atlântica é o primeiro registro documentado de que tenho notícia.”

              

O professor Artur Andriolo destaca que o desfecho deste caso valida as discussões e medidas estratégicas, tomadas com embasamento técnico e apoio de profissionais de sete instituições públicas, enquanto o felino circulava, sob risco, em áreas urbanas de Juiz de Fora e na Mata do Krambeck, onde fica o Jardim Botânico. Ainda segundo o professor, esses sinais de vida da onça-pintada corroboram as decisões de preservar a vida do animal, capturá-lo e levá-lo para área natural mais ampla, em vez de cativeiro ou outro ambiente. “Essa resolução reforça também a esperança de conservação da espécie”, ressalta.

A sobrevivência do animal e a segurança de moradores de bairros do entorno do Jardim Botânico e de possível circulação do felino eram algumas das preocupações da pró-reitora de Extensão da UFJF, Ana Lívia Coimbra, também atuante no período de captura do felino. “Para chegarmos a essa resolução, foi realizado trabalho conjunto que envolveu instituições e representantes da comunidade, com repercussão em trabalhos escolares sobre educação ambiental.” Além da UFJF, da UFSJ, atuaram também nos processos de captura e translocação o Instituto Estadual de Florestas, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMBio), o Campo de Instruções do Exército Brasileiro em Juiz de Fora, o Corpo de Bombeiros, o Ibama, a Polícia Militar, incluindo a de Meio Ambiente, e a Prefeitura de Juiz de Fora. “Nesse tempo atual de tantas notícias tristes, sabermos que a onça está bem nos deixa muito felizes”, completa Ana Lívia.

O sentimento é compartilhado também pelo diretor do Jardim Botânico, Gustavo Soldati, para quem o processo simboliza um aporte conjunto de conhecimento técnico da universidade e de instituições públicas parceiras. “Em tempos de acirramento da crise ambiental, o caso da onça-pintada foi oportuno para trazer à tona, com mais intensidade, diversas temáticas, como a conservação das florestas para abrigo da fauna, trabalhadas em atividades de educação ambiental no Jardim.”

Com informações da UFJF