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É possível o coração bater forte depois de anos de namoro? Mulheres que namoram há mais de sete anos garantem que sim. Saiba o que elas fazem para manter acesa a chama da paixão

Marinella Souza
*Colaboração
29/08/2008

Namorar é bom e gostoso, mas quando um relacionamento se alonga por mais de cinco ou seis anos é comum ouvir as pessoas reclamarem da rotina, da monotonia e da estagnação do namoro que, por algum motivo, ainda não pode se transformar em casamento. Mas isso não precisa ser assim, pelo menos, não na opinião de algumas mulheres.

A jornalista Désia Souza (fotos abaixo de vestido e de beca) ainda era uma criança quando conheceu Anderson na escola. No princípio, eles brigavam feito cão e gato, mas com a chegada da adolescência eles confirmaram o ditado que diz "quem desdenha quer comprar" e se descobriram apaixonados.

Onze anos depois eles estão adultos, formados e ainda apaixonados. Cheia de teorias sobre relacionamentos, Désia confessa "não há como ser racional quando se fala de amor". Com experiência no assunto, a moça fala que o grande risco de um relacionamento tão longo é não saber separar o que é amor do que é amizade.

"Quando você namora muito tempo, fica íntima demais e isso é bom. Mas não pode perder o frio na barriga, a paixão dos primeiros anos", acredita. Para a historiadora Clarice Horn Barros todos os relacionamentos enfrentam dificuldades, independente do tempo. "Acho que não existem dificuldades, os problemas são os de qualquer outro relacionamento".

A nutricionista Priscila de Oliveira Costa (foto abaixo de branco) tem uma opinião um pouco diferente da amiga Clarice. "Eu e meu namorado combinamos muito, são poucas as questões em que pensamos diferentes, mas acho que a maior dificuldade é mesmo lidar com as diferenças porque não tem como mudar o outro", diz.

Como fugir da rotina?

A rotina é um fantasma que assombra todos os casais apaixonados, essas mulheres com larga experiência no assunto garantem que ela não tem que ser o destino cruel de todo relacionamento. Com um pouquinho de boa vontade é possível manter acesa a chama dessa paixão.

Namorando há quase oito anos, Clarice aposta nos programas com os amigos como uma receita para fugir da mesmice. "Temos uma turma grande de amigos que também namoram há muito tempo, outros não namoram, estamos sempre saindo e viajando". Priscila faz parte dessa turma.

Comemorando nove anos de amor, a nutricionista concorda que sair para bar com amigos é uma ótima pedida sempre, mas acrescente um outro ingrediente a essa receita de sucesso. "Acho que o grande segredo é o diálogo. Conversar sempre sobre tudo é o ideal para garantir que o namoro dê certo por tanto tempo".

Com um pouquinho mais de estrada, Désia aproveita que a intimidade está em alta para curtir mais momentos a dois. "Namoro não pode ser um espaço de lamentações. A gente tem que saber que apesar de, nem sempre ser possível, namoro precisa de tempo junto. Sair sempre para lugares novos e também para aqueles em que íamos no início de namoro é muito bom", comenta.

Brigas

Duas personalidades convivendo juntas por tanto tempo é um terreno muito propício para brigas porque a intimidade gera isso, então, é preciso saber administrar esses momentos de tensão e entender que eles fazem parte do dia-a-dia de qualquer casal, até dos mais apaixonados.

Clarice revela que ela e o namorado não brigam muito, mas "como somos diferentes, não concordamos o tempo todo". A historiadora admite que as brigas normalmente acontecem em uma fase delicada da vida da mulher. "A gente briga quando eu estou de TPM". Pobres namorados que têm que aprender a lidar com esse período crítico...

Com Désia e Anderson a coisa é um pouco diferente. "Ah... todo mundo briga! Eu sou muito estourada, quando estou nervosa, falo alto, choro. Ele prefere ficar quieto, mesmo quando eu cobro uma reação ele fica quieto, prefere não brigar, espera tudo passar e isso acaba não dando muito problema. Ele é muito equilibrado", derrete-se a moça.

Em 11 anos juntos, o casal só teve três brigas sérias. "Dessas de dormir brigado", justifica. Os motivos são sempre os mesmos: ciúmes, falta de tempo... Bobeiras, como define Priscila. "É muito difícil a gente brigar, mas é sempre por bobeira, coisa que passa logo", admite.

As vantagens

Apesar de ter lá os seus percalços, um namoro longo é cheio de vantagens. Para Clarice, a principal delas é a parceria. "A certeza que não estamos sozinhos, além de namorados somos amigos, estamos sempre ajudando e cuidando um do outro. Outra vantagem é já saber as reações e os gostos um do outro, assim a gente não erra nas surpresas e presentes, etc...".

Priscila vê, na intimidade, a grande vantagem. "Quando você namora muito tempo acaba conhecendo mais a pessoa, sabe se ela combina mesmo com você. Muita gente que namora por um, dois anos e casa logo acaba se arrependendo depois. Claro que a gente só conhece mesmo uma pessoa quando mora junto, mas a chance de se decepcionar é menor", avalia.

Com uma história peculiar, Désia acredita que o fato de terem passado todas as fases da vida ao mesmo tempo é o ponto alto dessa relação. "Nós temos a mesma idade, ele é o meu primeiro namorado e eu a dele, descobrimos tudo sobre a vida juntos. É muito bom compartilhar empolgações, momentos importantes junto com alguém que entende a sua emoção. Passamos no vestibular juntos, formamos juntos, cada um no seu curso (foto), conseguimos nosso primeiro emprego na mesma época. Isso é muito legal".

Apaixonadas, as três não têm dúvidas quanto ao que querem para o resto de suas vidas. "Acho que incertezas todos temos, mas elas são muito poucas perto do que eu vivo e vivi com ele. Se tivesse a chance de voltar atrás, certamente escolheria viver tudo de novo com ele", confessa Désia.

O discurso de Clarice e Priscila também não é diferente. Apesar de amarem seus namorados, elas não cedem às pressões relativas a casamento. Para Clarice, isso não é garantia de nada. "Não acredito que haja alguma receita para a felicidade, o respeito e a admiração pelo outro devem existir em qualquer tipo de relacionamento. Estamos nos firmando no mercado de trabalho agora e não é hora de dar esse passo".

Désia já está noiva e pretende se casar logo, mas garante que nada foi precipitado. "Temos metas e lutamos pelo que queremos. Estamos construindo juntos, mas sem perder a magia e o carinho de adolescente". Priscila está no mesmo caminho. "Queremos casar, mas queremos ter uma vida estável e estamos correndo atrás para isso", declara.

E para quem ainda duvida de que namoros longos são uma delícia, as moças têm a resposta na ponta da língua: com o tempo o relacionamento fica mais maduro e muito mais íntimo. É de Priscila a primeira definição do que é o seu namoro hoje.

" Meu namoro é bem maduro, um entende muito o outro, sabe muito bem o que quer. Espero que dê cada vez mais certo e que a gente possa continuar junto". Clarice compartilha dos anseios da amiga: "Estamos bem, esperamos que continue assim, sempre melhorando e nosso amor aumentando!!". E Désia arremata.

"Nosso relacionamento é bem maduro, mas sem aquela chatice que palavra 'maduro' carrega. É maduro porque somos pé no chão, sabemos o que queremos, mas continuamos com a mesma empolgação de antes. O Anderson é engraçado, é alegre, é leve. Queremos criar nossos filhos juntos, vivenciar com eles todas as fases que vivemos juntos e ter a certeza de que histórias de amor não são contos de fada".

*Marinella Souza é estudante de Comunicação Social na UFJF