Jussara Haddad Jussara Haddad 13/03/2015

Colorindo o conceito de prazer

Queridos, ler não li, não conseguí passar do primeiro capítulo, mas não resisti e fui ver através da sétima arte e comprovar o que de cinza tem naquela estorinha água com açúcar produzida para vender bilhões de dólares de ilusões acerca de um prazer que pode servir a uns e aterrorizar a outros. Meu ponto de vista.

Fantasia romântico erótica que tenta impressionar e causar sensações sem atingir, e de longe, os contos disfarçados de estórias de amor dos populares, Júlia, Sabrina e Bianca, vendidos a um real nos sebos da cidade. Minha crítica e não minha verdade.

Tentativa frustrante de uma versão muito piorada do espetacular Nove e meia semanas de amor com a deusa Kim Besinger e o lindíssimo (na época) e mau de verdade, Mickey Rourke. O cinema que me perdoe, mas roubar até a cena do gelo, foi um papel muito feio. Plágio ridículo.

O romance, na minha opinião, propõe apenas mais uma alternativa de prazer dentre as muitas a serem escolhidas pelo homem e cabe aí, o espaço para o respeito de quem escolhe ser feliz assim e por isso aprecia e defende a obra de E. L. James. Não é a minha praia e talvez não seja a de muita gente, mas a verdade é que há quem goste, embora haja também os pobre de imaginação, os infantis e pouco experientes que acreditam que a obra arrasa no sexo. Uau!

Sendo apenas humana e bem levinha, me permito debochar do garanhão malvado do filme 50 Tons de Cinza, que de malvado não tem nada. Menino traumatizado por abuso sexual na infância, mimado por uma família despreparada e pelo mercado financeiro onde ele se alicerça para bancar o machão, daqueles, que mulheres pobre de espírito consideram tesouro para sustentar suas incompetentes vidas. Elementar, clássico, básico.

Gray encontra em Anastasia uma fêmea de verdade escondida na imaturidade e na virgindade que ela conserva até encontra-lo e cai de quatro. Coitado. A menina gosta da coisa e não representa. O mocinho se apaixona. Minha percepção.

Bom, não vi o resto. Não li a trilogia e não sei no que isto vai dar.

Ainda fazendo um comparativo com o Nove e meia semanas de amor, no final o bandidinho se dá mal, porque a mocinha que parece ser ingênua, é muito inteligente e deixa o rapaz que se achava, com a peteca na mão, digamos assim.

E no filme atual, quem já leu tudo me diga: ela também se cansa e vai embora?

Vida real pode ser bem mais legal. Construam uma própria, descubram do que gostam, sejam autênticos, gentis, se amem e distribuam amor por aí. Combatam seus complexos e tentem se tratar de impressões que não permitem que vocês vivam muito bem o dia de hoje e sigam, amorosamente doando o que tiverem de melhor. Algo de bom certamente lhes será devolvido.


Jussara Hadadd é filósofa clínica, psicoterapeuta, especialista em sexualidade feminina, escritora, palestrante.
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