Fernando Agra Fernando Agra 6/06/2014

Inteligência financeira para crianças e adolescentes

Caro leitor, você tem filhos? Se sim, são crianças, adolescentes ou já são adultos? Se forem crianças e adolescentes, como você trata a educação financeira na sua casa? Se já são adultos, você os considera financeiramente educados? E para quem não tem filhos ainda, mas pretende tê-los, preste bem atenção as dicas que apresentarei neste artigo a fim de que crianças e adolescentes possam vir a se tornarem financeiramente inteligentes ainda na idade em que se encontram atualmente.

No caso de quem possui crianças, especialistas recomendam que é necessário começar a conversar sobre a relação com o dinheiro já a partir dos 3 anos de idade (guardadas as devidas proporções dos diálogos que devem ser tecidos). O excesso de propaganda (sobretudo nos canais infantis de TVs por assinatura) tem deixado os pais de "cabelo em pé" quando observam que seus filhos estão cada vez mais consumistas, querendo os brinquedos que aparecem nas propagandas, fazendo birra nas lojas, não se contentando com o que comprou na semana passada e sempre querem mais e mais.

Como lidar com essa situação? Não é tão simples, sobretudo para aqueles pais que passam o dia trabalhando e têm pouco controle no que os filhos assistem na TV ao longo do dia. Mesmo assim, é muito importante determinar alguns limites: explicar o que é barato e o que é caro; mostrar que nem sempre se tem dinheiro para comprar tudo o que se quer e que se tem que fazer escolhas; orientar que as necessidades precisam ser atendidas primeiramente depois, os desejos; não ceder ao choro das crianças, etc. Muitos pais sentem-se (às vezes até inconscientemente) culpados por não estarem tão presentes no dia a dia da criança, que acabam compensam essa ausência com presentes e mais presentes, e não percebem o mal que estão fazendo a seus filhos, tornando-os consumistas em demasia.

É importante que os pais percebam que, mesmo que tenham pouco tempo para brincar com os filhos, tal deve ser aproveitado em termos de qualidade. Se somente possui meia hora por dia, que a mesma seja vivida intensamente e que os pais foquem única e exclusivamente esse momento na atenção aos filhos, pois mais importante do que presentear é brincar com a criança. Na verdade, o que as crianças querem é a presença de "corpo e alma" dos mais em algum momento do dia (ou até em vários).

No caso dos adolescentes, a conversa já tem condições de ser franca sobre a situação financeira da família. É por demais importante uma conversa entre pais e filhos na qual seja discutida a relação que a família deve ter com o dinheiro: apresentar o orçamento mensal da casa, e assim traçar um padrão de vida que se pode levar; mostrar aos filhos que a sociedade capitalista vive do consumo e que estamos expostos em demasia às propagandas e que isso não deve ser fonte de angústia e comparação com as outras pessoas que podem consumir mais; explicar a importância da poupança para acúmulo de patrimônio, para o aproveitamento de oportunidades e para satisfação dos desejos (e se ocorrer algum imprevisto, esta reserva também poderá ser utilizada sem a necessidade de endividamentos); explicar que as taxas de juros são altas no Brasil e assim todo cuidado com o cartão de crédito é fundamental; orientar que cheque especial não faz parte da renda disponível etc.

Enfim, crianças e adolescentes que recebem a educação financeira desde a mais tenra idade serão adultos inteligentes financeiramente. Esse tipo de educação será um grande investimento que os pais farão nos seus filhos e que, com certeza, produzirá frutos positivos para os netos e para as próximas gerações. Assim, que acha de reunir a família e conversar sobre o dinheiro?


Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Professor da Universidade Salgado de Oliveira (Universo) e professor licenciado da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas as instituições em Juiz de Fora - MG. Também é economista do Centro Regional de Inovação de Transferência e Tecnologia (Critt) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O autor ministra palestras, para empresas, na área de Inteligência Financeira, Gestão de Pessoas, Relacionamento Interpessoal, Marketing Pessoal e Gestão do Tempo. É autor do livro "Crédito Rural e Produtividade na Economia Alagoana" pela EDUFAL. É colunista do Portal ACESSA.com e coautor de artigos na Folha de São Paulo on line (com o colunista Samy Dana, Professor da FGV - SP).Saiba mais clicando aqui.

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