Variação dos gastos com saúde e cuidados pessoais supera inflação de abrilIPCA registra queda em relação a março, mas alguns setores da economia seguem subindo os preços
*Colaboração
10/5/2011
Os gastos com saúde e cuidados pessoais tornaram-se mais caros no mês de abril. Apesar de o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, ter registrado variação de 0,77% em abril contra 0,79% em março, a variação dos gastos com saúde e cuidados pessoais saiu de 0,45% para 0,98%. A pesquisa é feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o consumidor, os aumentos chegam a superar o IPCA dos últimos 12 meses, que teve variação de 6,51%, 0,01 ponto percentual acima da meta nacional.
Segundo o proprietário de um salão de beleza, Jésus Grazzia, em seu estabelecimento a alta variou entre 11% e 12%. "Estávamos com os preços estagnados há dois anos, por isso, acabaram ficando defasados." Grazzia explica que o aumento foi necessário porque o custo da matéria-prima tornou-se mais caro. Em seis meses foram registrados dois aumentos nos produtos utilizados e revendidos pelo salão. "Há um produto que eu revendia a R$ 82 e, hoje, está R$ 108. O problema é que o custo está mais alto e isso tem que ser repassado para o consumidor. Mesmo os produtos importados tiveram aumento."
Já Vander Toledo, proprietário de outro salão de beleza, afirma que os produtos tornaram-se 12% mais caros, o que reflete diretamente no bolso do consumidor. Grazzia ainda reclama que os constantes aumentos fazem com que o cliente mude o perfil. "Se antes uma pessoa vinha todo mês, agora ela vem de dois em dois meses. Essa mudança acaba gerando outro aumento. É uma bola de neve e só vai aumentando."
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O proprietário de uma farmácia do Centro de Juiz de Fora, Antônio de Pádua, afirma que os remédios tiveram aumento de 6% no mês de abril, seguindo a tendência da inflação. "Era um aumento esperado e proporcional com o que vem acontecendo no país. O consumidor percebe o crescimento no valor, mas é inevitável. Tudo que cerca o comércio tem aumentado e os preços precisam ser reajustados."
O economista Guilherme Ventura explica que a queda no IPCA do mês de abril não significa preços mais baixos. "Queda na inflação significa dizer que os preços subiram menos, mas subiram. O declínio do IPCA significa que alguns produtos subiram e outros caíram e que a média de aumento diminuiu. Mas os preços, em geral, continuam aumentando."
O vilão do mês de abril, que contribuiu para o IPCA em 0,77%, foi o combustível. O setor de transporte registrou variação de 1,57%, próxima à de 1,56% do mês anterior, e continuou sendo o grupo de maior alta. Os preços do etanol, que haviam subido 10,78% em março, atingiram 11,2% em abril. No acumulado de 2011, o índice já chegou a 31,09%. Esses números acabaram influenciando o preço da gasolina que ficou, em média, 6,26% mais cara em abril e 1,97% em março. Juntos, todos os combustíveis tiveram alta de 6,53% no mês e foram responsáveis por 0,30% do IPCA.
Vestuário e habitação
A variação para o vestuário em abril chegou a 1,42%, contra 0,56% em março. Quase todos os itens registraram variações expressivas, mas as roupas infantis tiveram o maior aumento (1,97%). A vendedora de uma loja de roupas infantis, Francis Siqueira, afirma que o mês de abril é marcado pela entrada da coleção de inverno no mercado, o que pode explicar o aumento. "As roupas de inverno são historicamente mais caras. Todo mês de abril existe este aumento." Em 2010, dados do IBGE registraram a variação de 0,66%, em março, contra 1,28%, em abril.
Impulsionado pela variação na taxa de água e esgoto (de 0,66% para 1%), energia elétrica (de 0,34% para 0,94%), condomínio (de 0,6% para 0,99%) e aluguel residencial (de 0,4% para 0,76%), o gasto com habitação também aumentou. De acordo com dados do IBGE, a variação para o setor no mês de abril foi de 0,77% contra 0,46%, no mês de março.
A queda do IPCA ficou por conta dos índices de variação de alimentos e bebidas (de 0,75% para 0,58%), artigos para residência (de 0,21% para -0,62%), despesas pessoais (de 0,78% para 0,57%), educação (de 1,04% para 0,09%) e Comunicação (de 0,17% para 0,00%).
Queda no poder de compra
Ventura comenta que o principal impacto da inflação para a população é a queda no poder de compra dos salários. "Ela corrói o poder de compra do consumidor e no caso das empresas significa custos mais altos para a produção." Segundo o economista, a inflação é a média ponderada de diversos preços da economia. O IPCA faz a média entre consumidores de um a 40 salários mínimos.
No acumulado do ano de 2011, a variação está em 3,23%. Ventura comenta que esse índice é importante por se tratar do índice no ano. Ele afirma que, de acordo com as políticas monetárias adotadas pelo Governo, a tendência é que a inflação fique dentro da meta. "Vamos ficar abaixo do teto, mas não vamos conseguir chegar ao centro da meta que é 4,5%. Para o ano que vem, a expectativa é de melhora."
*Victor Machado é estudante do 7º período de Comunicação Social da Faculdade Estácio de Sá
Os textos são revisados por Thaísa Hosken
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