André Salles André Salles 17/10/2013

Uma consideração de ordem prática coerente ao ambiente organizacional

trabalhoAlcançar as virtudes no ambiente de trabalho já nos ajuda na compreensão de "um mundo mais vasto do que os simples pensamentos lógicos". Ajuda-nos a admitir que os pensamentos também possam ser encontrados "nas coisas". A ética, a inteligência, a habilidade, a inovação, a criação, como exemplos, são elementos salutares que ajudam nas mudanças, pois fazem parte de tudo o que diz respeito ao ambiente do trabalho. Em especial, faz parte também de todos os trabalhadores naquilo que eles têm de mais precioso: o próprio existir (a individualidade) e a biografia (a própria história de vida). Isto é o que poderíamos chamar de prenúncio para uma "qualidade total de maneira consciente" – todos são beneficiados. O caminho das virtudes também é ordenador e admiti-las nas ações dos Gestores, bem como nas ações dos Colaboradores, é estar imbuído de uma "maneira correta de pensar", além de desfazer-se das ideias de "punição" conforme encontramos no estímulo-resposta da Psicologia Behaviorista.

trabalhoRealizar mudanças sem afetar os objetivos administrativos, sem afetar as individualidades ali colaboradoras não é muito fácil. Esta tarefa é apenas o início de um grande empreendimento organizacional que hoje se busca com tanto afinco: transformar-se, poder transcender-se e tratar os desafios com ações conscientes (excelentes). Um dos elementos mais salutares para se encher de poder volitivo e enfrentar os desafios não está somente nas virtudes dos indivíduos que ali laboram; está também na compreensão, por parte dos Gestores, de como os pensamentos são por eles encontrados na totalidade da organização e do mundo. Esta visão da "totalidade do espaço de trabalho" e do mundo, como estruturada em "pensamentos", é um pouco mais difícil de perceber; mas é possível mediante a exposição de alguns exemplos.

Uma visão mais ampliada dos elementos psicológicos que atuam nas organizações revela que a complexidade do grupo não permite ações cujos pensamentos venham a assumir a condição de "pensamentos reducionistas", de separação dos elementos que se apresentam dentro do espaço. Pensamentos! Alguém falou em pensamentos? Sim, pensamentos. Eles perpassam o interior dos Diretores, dos Supervisores, dos indivíduos que trabalham nos grupos e, mais importante, perpassam "as coisas" que se relacionam com estes trabalhadores. Alguém poderia dizer que esta afirmativa nos leva a crer que os pensamentos também possam ser encontrados em um computador, em uma mesa, em uma máquina, etc. Este movimento do pensar está correto. Isto é verdade – o que difere, neste caso, é a forma com que estes pensamentos são ali encontrados. Assim sendo, quem teria a coragem de pensar sobre o assunto mesmo sabendo das dificuldades para compreendê-lo. Quem poderia admitir uma afirmativa deste porte, como algo capaz de ampliar os horizontes e as ações do grupo empresarial de maneira a torná-los firmes e fortes diante das mudanças necessárias?

trabalhoCom apoio aos pressupostos fenomenológicos e existenciais, e também aos Princípios da Psicologia Antroposófica, que no Brasil cresce e se estrutura de maneira qualitativa, eu não teria tanta certeza em afirmar, por exemplo, que é válida aquela hipótese que largamente se protesta: "a empresa são as pessoas, o resto são prédios, máquinas, sistemas, processos que apodrecem e se desatualizam constantemente".

Acreditar assim é não dar a devida importância à totalidade do fenômeno que ocorre no mundo do trabalho, em seu ambiente, em nosso mundo interior e no mundo externo em que vivemos. Por hora, prefiro esforçar-me na convicção de que os pensamentos também estão "nas coisas" – na totalidade do ambiente organizacional, e que a verdadeira prática do pensamento, conforme disse Rudolf Steiner, "exige e pressupõe que se encare a atividade mental com critério e sentimentos adequados". Talvez, a paciência seja uma consideração de ordem prática, uma virtude necessária para concebermos os pensamentos "nas coisas", em seu devido tempo.


André Salles é Bacharel em Psicologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora; Pós-Graduado Latu-Sensu em Psicologia Fenomenológico-Existencial pela PUC-MG; Mestrado em área de Concentração Filosófica pela UFJF; Formação em Docência pelo DETRAN-MG - atuou como Professor e pesquisador em Psicologia Aplicada em Centros de Treinamentos de Condutores na cidade de Juiz de Fora; Foi Educador em disciplinas de Psicologia e Filosofia na Faculdade Sudeste de Minas – FACSUM; Conselheiro Administrativo em Psicologia do Trabalho junto ao Instituto Joaquim Soares de Oliveira, na cidade de Santos Dumont - MG; Detentor de Cargo Público do Governo Federal, onde atua em serviços Técnicos na área Operacional de Gestão de Pessoas, desde o ano de 2001; Psicólogo do Trabalho e Psicólogo Clínico vinculado à Associação Brasileira de Psicólogos Antroposóficos; Curso em Formação Antroposófica e Educação Waldorf – Foundation Courses and Waldorf Certificate Program - pelo Sophia Institute – US. Saiba mais clicando aqui.

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