Expressão não-verbal no contexto escolar
Assim como a expressão da mente racional é a linguagem articulada, a expressão das emoções é não-verbal. Só que esse não-verbal representa grande parte de uma mensagem vocal, ou seja, veiculada pela voz.
Acontece que a voz é produzida no corpo e com o corpo. De maneira que todos os sinais não-verbais emitidos pelo corpo estão automaticamente inseridos na própria emissão da voz. É por causa dessa comunicação não-verbal, geralmente bem decodificada pelas mães, que a autora Brandi* chama a essa etapa de áudio-vocal não de pré-linguística; e denomina a etapa linguística de áudio-verbal, pois sabe-se que esta não se dará se a etapa anterior for só vocal e não áudio-vocal.
A Fonoaudiologia, considerada como ciência da comunicação humana, necessita de estudos e pesquisas que visem compreender e entender o uso profissional da voz falada para buscar estratégias próprias e efetivas no auxílio preventivo e terapêutico de distúrbios que possam ocorrer nessa voz.
No caso de vozes usadas profissionalmente, há conotações particulares implícitas nas distintas profissões. No entanto, alguns conceitos básicos não devem ser relegados: voz como componente da linguagem humana, como elo de interação no processo de comunicação e como espelho do falante quando se considera sua psicodinâmica.
Para nós terapeutas vocais, consideramos a voz do professor como o principal recurso de trabalho, por representar significados linguísticos não somente associados à palavra falada, como também manifestações das expressões não verbais, potencialmente vinculadas às emoções. As alterações nessa voz podem levar o professor a um prejuízo no seu desempenho, atrapalhando a relação professor-aluno. Estamos constantemente atentos em estudar a voz do professor em função das interferências a que ela está sujeita.
Acredito que o papel do fonoaudiólogo na escola será, no futuro, tanto ou mais importante que o do fonoaudiólogo no ambiente hospitalar, pois será ele que, desde a creche, por meio da voz e da palavra articulada, vai ajudar nessa harmonização do cérebro emocional com o cérebro racional, promovendo o desenvolvimento e prevenindo os futuros dissabores profissionais decorrentes de uma expressão falada que não comunica ou cria obstáculos pessoais, às vezes intransponíveis.
*Para aprofundamento, Brandi (1990-1996).
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Cal Coimbra
é psicóloga e doutora em Fonoaudiologia
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