Carros a gás não trazem mais tanta economia como antesAbastecimento nos postos caiu devido à alta dos preços e à facilidade no desgaste dos motores. Cerca de 20 táxis ainda rodam com GNV em Juiz de Fora

Pablo Cordeiro
*Colaboração
22/7/2010

O que trazia economia para motoristas e profissionais que utilizam veículos a gás para ganharem a vida, não mais reflete o mesmo desempenho financeiro atualmente. No início da década até meados de 2006, era febre ter o gás combustível (GNV) como fonte de energia para o automóvel, mas, a partir de 2009, o preço do abastecimento, da instalação do equipamento e os prejuízos mecânicos transformaram a febre em uma verdadeira dor de cabeça.

Em Juiz de Fora, existem dez postos de abastecimento especializados em GNV. O percentual corresponde a 11% dos postos da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) no Estado. De acordo com a auxiliar de escritório de um desses postos, Raquel Reis, a procura pelo gás não é, nem de perto, a mesma de anos atrás. Segundo ela, o maior responsável pela diminuição do GNV nos carros é o preço, que aumentou bastante, deixando de lado a sensação de economia, quando comparado o custo do álcool e da gasolina.

"O preço aumentou e, para o motorista, acaba não compensando. Outro detalhe é que a gasolina dá mais força para o carro e para quem trabalha com quilometragem, como os taxistas, é um grande diferencial", explica. Outra auxiliar de escritório de um posto de gasolina, Raimunda Aparecida, afirma que, além do preço, outro aspecto decisivo na diminuição de procura pelo GNV é o desgaste nos motores. "O gás resseca e danifica o motor, além da instalação do equipamento não ser barata. Em relação ao rendimento do veículo, realmente o gás é melhor."

Ela relata que, a partir de 2006 até atualmente, o percentual de abastecimento de veículos com GNV caiu 30%. Em relação aos preços de álcool, gasolina e gás, é notado um grande aumento e equiparação dos valores ao longo dos anos. O GNV (m³) custava entre R$ 1,30 e R$ 1,40. Atualmente custa de R$ 1,75 a R$ 1,94. Os valores atuais de álcool (litro) e gasolina (litro) giram em torno de R$ 1,80 e R$ 2,50. 

Gás nunca mais

Para o taxista Orlando Marques, que trabalha no ramo há dez anos, a experiência com o GNV não foi positiva. Ele aponta os mesmos motivos destacados pelas funcionárias dos postos e garante que o gás não apresenta qualquer vantagem para o taxista nem mesmo para o motorista comum. "Hoje, se 20 táxis usarem o gás é muito", ressalta. Seu carro é flex, com a adaptação para o gás vinda de fábrica, mas há muito tempo não é utilizada. 

"Antes o preço era mais baixo. Com a gasolina, a força para o motor é maior e o desgaste é menor. Pelo preço dos combustíveis, a vantagem hoje em dia é o carro flex, com álcool e gasolina", explica. Ele aponta o ano de 2000 como auge da utilização do GNV. Sobre a quilometragem, quesito bastante levado em consideração naquela época como fator decisivo para a implementação do equipamento, Marques aponta que o que mais interessa é o modelo do carro. "Com o gás, faço 9 quilômetros por m³, já com a gasolina, 10 quilômteros por litro."