Ginástica holística trabalha mente e músculos de forma aprofundadaQuem pratica a modalidade tem condições de utilizar o corpo da melhor forma nas atividades do dia a dia, evitando fadiga, dores, lesões e desgaste prematuro

Aline Furtado
Repórter
8/10/2011
Ginástica holística

Ainda pouco conhecida, a ginástica holística é uma modalidade esportiva que une o cuidado com o corpo e a mente. "Trata-se de um método que visa ao equilíbrio do aparelho locomotor de maneira associada à integração psicossomática", explica a fisioterapeuta e professora da Faculdade de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Vanusa Caiafa Caetano.

A prática é capaz de desenvolver a consciência corporal, oferecendo autonomia e despertando a percepção da estrutura física e de seu funcionamento. Com isso, quem pratica a ginástica holística tem condições de utilizar o corpo da melhor forma nas atividades do dia a dia, evitando fadiga, dores, lesões e desgaste prematuro.

Assim como o pilates e a reeducação postural global (RPG), a ginástica holística trabalha a correção postural. Contudo, a ginástica holística utiliza, ao longo das aulas, mais de 800 movimentos globais, que proporcionam a melhora da respiração, a adequação do tônus muscular, o equilíbrio do corpo e sua funcionalidade. 

Segundo Vanusa, o método mexe com a musculatura profunda do corpo, normalmente pouco exigida. Isso pode fazer com que alguns alunos sintam alguma dificuldade no início da prática. "Muitas vezes, os movimentos propostos são aparentemente simples, mas atuam nos ajustes do corpo, o que pode trazer alguma sensação nova. Um exemplo é o ato de algumas pessoas terem a sensação, após a prática, de que as pernas estão mais compridas, mais leves ou mais relaxadas."

De acordo com a professora, não há contraindicação. "A ginástica holística trabalha de forma a prevenir lesões em todo o corpo. Apenas pessoas que tenham algum distúrbio cognitivo grave, que as impeça de acompanhar os comandos verbais dados em aula, é que terão dificuldades." Além do caráter preventivo e educativo, a modalidade tem características terapêuticas, podendo ser indicada por profissionais das áreas de ortopedia e reumatologia.

"É ideal no tratamento de pessoas que apresentam distúrbios do aparelho locomotor, como desequilíbrio postural, tendinites, artroses, hérnias discais, musculatura rígida e dolorida, problemas respiratórios e articulares, fibromialgia, artrite, dores nas costas, entre outros." Na terceira idade, evita a perda de amplitude de movimento articular, melhorando a mobilidade geral e a respiração.
A estética também melhora, com o alinhamento das estruturas e do próprio funcionamento interno do organismo.

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Corpo e mente

"O corpo e a mente estão sempre integrados, embora muitas vezes tentemos separá-los. O que observamos é que não temos como trabalhar o corpo sem atingir a mente ou trabalhar a mente sem atingir o corpo." Alguns pontos dentro da ginástica holística favorecem esta integração e, consequentemente, auxiliam nos aspectos emocionais.

"Sabemos o quanto a dor influencia no emocional. É impossível ficar de bom humor, ter um bom relacionamento em casa ou um bom rendimento no trabalho com dor. Muitas vezes, tentamos escondê-la, mas há um limite e acabamos colocando nossos sentimentos para fora, nem sempre da melhor maneira. Com a diminuição das dores, adquirimos uma melhor qualidade de vida e melhoramos significativamente a parte emocional." Segundo Vanusa, a respiração também é bastante trabalhada na ginástica holística, assim como a qualidade do sono.

O método

O método foi criado, em meados do século XX, pela médica e fisioterapeuta alemã Lily Ehrenfried. Refugiada na França, sem poder exercer a medicina, estudou os movimentos do corpo humano e desenvolveu o método que permite orientar, prevenir e tratar diferentes patologias, melhorando o rendimento do corpo. Segundo a fisioterapeuta, a ginástica holística pode ser ministrada por profissionais com curso superior em Fisioterapia, Educação Física e profissionais de dança.

A prática é feita por meio de sessões realizadas em pequenos grupos, uma ou duas vezes por semana. "Antes de iniciar os movimentos, o aluno diz como está se sentindo. Com base nesse relato e no conhecimento que tem de cada um, o profissional propõe as atividades. Não há um modelo a ser imitado. Os movimentos são descritos oralmente e executados por cada um, de acordo com seus limites, ritmo e sensibilidade."

Os exercícios são realizados com o apoio de materiais diferenciados, alguns criados especialmente para este fim. Bolas, elásticos, tubos, almofadas, rolos de espuma, thera band (faixa elástica) e espumas de vários formatos contribuem para reforçar o caráter lúdico e dinâmico das sessões.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken