Moradores do bairro Santa Cruz denunciam condições precárias na Uaps

Em audiência pública realizada nesta quarta, foram discutidos os problemas da área de saúde no local, como falta de médicos, medicamentos e longas filas de espera

Nathália Carvalho
Repórter
26/9/2012
Audiência Pública na Câmara Municipal

Os problemas enfrentados pelos moradores do bairro Santa Cruz devido à atual condição da saúde oferecida na região, principalmente na Unidade de Atenção Primária à Saúde (Uaps), foi tema de debate em audiência pública, realizada durante a tarde desta quarta-feira, 26 de setembro, na Câmara Municipal de Juiz de Fora. De autoria do vereador e presidente da casa, Carlos Bonifácio (PRB), o tema foi levantado sob muitas vaias e aplausos dos cerca de 70 moradores que compareceram ao plenário e contou com a presença de representantes da Secretaria de Saúde (SS) e do Conselho Municipal de Saúde.

Entre os inúmeros problemas apresentados pela comunidade e por meio de um vídeo gravado pela TV Câmara com os moradores à espera de atendimento na Uaps do bairro, destacam-se a falta de médicos, medicamentos, utensílios de saúde básica, demora no atendimento e precariedade nas instalações físicas do local. Apesar da maioria dos problemas ser recorrente, os moradores alegam que a situação agravou-se há cerca de nove meses. "A médica que faz o atendimento lá só vai às terças-feiras, o que não dá conta da demanda do bairro. Além disso, ela só está renovando receitas e não conseguimos ser atendidos. Precisamos de uma solução urgente", expõe a moradora Maria de Fátima.

Além disso, os locais reclamaram do mau atendimento e da falta de apoio dos órgãos responsáveis para resolver os problemas. Uma aposentada chegou a comentar que profissionais da Secretaria de Atenção Primária à Saúde teriam alegado que "caso vocês arrumem médicos, a gente contrata", conforme expôs. E, segundo outro morador, a dificuldade agrava-se quando os moradores percebem que não terão direito ao serviço público de saúde. "Como não temos médico nunca, a saída é tentar atendimento na Policlínica de Benfica. Só que, quando chegamos lá, eles mandam a gente de volta, porque não fazemos parte daquela região. Ficamos sem ter a quem recorrer", explica.

O presidente do Conselho de bairro, Pedro Afonso, ressaltou, na ocasião, que a maior dificuldade em Juiz de Fora está em conseguir novos médicos para trabalhar no local e que a entidade vem somando esforços para conseguir. A opinião foi compartilhada pela subsecretária de Atenção Primária à Saúde, Adriana Barcelos, quando afirmou que a falta dos profissionais trata-se de um problema nacional. "Para trabalhar em uma unidade de atendimento é necessário ter dom. E percebemos que eles não querem ir para esses locais, tanto é que abrimos 14 processos seletivos nos últimos meses, tivemos 19 inscritos e apenas quatro médicos vieram trabalhar", explica.

A subsecretária admite que a situação da saúde no bairro Santa Cruz está desgastada e aquilo que foi proposto pela Prefeitura até o momento não supre as necessidades. "Médico uma vez por semana não é o ideal, mas a nossa prioridade é acabar com as filas. Mas é preciso entender que atenção primária não é feita para atender urgência e emergência e também valorizar a promoção da saúde para que isso não aconteça", expõe.

Sem resposta

Para o vereador Carlos Bonifácio, a intenção da audiência não foi cumprida. Quando questionada sobre prazos ou metas para dar continuidade às obras na Uaps do bairro e a previsão de resolução dos outros problemas apresentados, a subsecretária não soube informar. "Realizamos uma pintura interna no local e o orçamento das outras obras já foi aprovado, porém, estamos aguardando a licitação", explicou Adriana.

Pela falta de apresentação de dados, Bonifácio ressaltou tratar-se de uma "falta de respeito" do órgão com os moradores e que a secretaria não está cumprindo o seu papel de gerência da saúde. "Não foi possível atingir o objetivo desta plenária e partimos da estaca zero novamente. Os secretários anteriores afirmavam que haveria reforma nesta Uaps há anos, mas até agora não conseguimos que o trabalho fosse realizado de fato", expõe o presidente. Os representantes do legislativo exigiram, então, que fosse entregue um cronograma de ações que serão aplicadas no bairro conforme as necessidades apresentadas. Bonifácio reiterou que o documento seja formulado ainda nesta semana.

Os textos são revisados por Mariana Benicá

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