Morangos transgênicos começam a ser cultivados na UFJF
Repórter
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A criação de morangos transgênicos pode chegar a ser uma realidade em Juiz de Fora. A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), por meio do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), começa a fase de regeneração dos materiais resultante da criação dos morangos geneticamente modificados no Laboratório de Genética da instituição. O objetivo é implantar no morango a enzima oxalato descarboxilase que ameniza a ação de um fungo que ataca as folhas da espécie.
O coordenador da pesquisa, Marcelo de Oliveira Santos, explica que a fase de indução de brotos, quando as plantas começarão a ser cultivadas in vitro, é a próxima a ser iniciada. "No momento as plantas estão sendo tratadas em laboratórios, quando são colocadas na presença de uma determinada bactéria. Aquelas que conseguirem crescer nesse meio serão as que foram plenamente transformadas. É nessa fase que surgem os brotos, a serem plantados." A etapa deve durar de dois a quatro meses. Só em março do ano que vem as plantas serão levadas para o plantio aclimatado.
A alteração genética cria uma planta capaz de degradar o excesso de ácido oxálico ao qual a folha do morango fica submetida quando atacada por um fungo. Sem o ambiente necessário para sobrevivência, o intruso fica incapaz de se desenvolver. "A princípio, a enzima implantada não deve causar alterações nas características do morango. De qualquer forma, assim que os frutos começarem a aparecer, serão feitas avaliações comparativas de equivalência nutricional e de crescimento, com plantas não modificadas. Se a enzima trouxer alguma mudança além da prevista, o projeto não é levado à diante."
Os estudos posteriores serão feitos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Brasília. A instituição introduziu a mesma enzima em soja e tomate e obteve bons resultados. A expectativa é de que a experiência com os morangos também seja satisfatória. Os frutos modificados só devem estar prontos para serem enviados para estudo no final de 2011, quando for comprovado que a planta resistiu ao fungo.
Chegada ao mercado e benefícios
A chegada do alimento transgênico ao consumidor pode demorar anos e até não ocorrer. Se tudo der certo, é possível que o morango geneticamente modificado só chegue às prateleiras em dez anos. "São muitos estudos e muitas documentações que precisam ser conseguidas até que um produto transgênico seja destinado ao público. A Comissão Nacional de Biossegurança realiza um trabalho minucioso antes de permitir a oferta de produtos desse tipo", afirma Santos.
Caso a comercialização dos produtos seja uma realidade, os benefícios para produtor e consumidor são muitos. Segundo Santos, os morangos transgênicos serão menos suscetíveis aos fungos, o que trará economia no uso de fungicidas. Além do menor custo de produção, a saúde do produtor e do consumidor também será melhorada, graças ao baixo uso de agrotóxicos. O período de manutenção da fruta no mercado também será expandido, já que a planta é menos suscetível ao mofo.
No campo das pesquisas, o sucesso da alteração genética colocará Juiz de Fora na linha dos estudos genéticos brasileiros. "As plantas podem ser usadas também como criadoras de moléculas de interesse farmacêutico, dependendo de como são manipuladas." O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e recebeu recursos de R$ 37.800.
Os textos são revisados por Thaísa Hosken
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