História e arquitetura compõem a riqueza da Alemanha

Prédios seculares, parques arborizados, comidas marcantes e a tradicional cerveja alemã compõem um cardápio de atrativos deste país europeu

Andréa Moreira
Repórter
4/8/2012
Alemanha

A Alemanha é um país com 350 mil quilômetros quadrados e com uma população superior a 80 milhões de habitantes. País conhecido pelas cervejas e comidas temperadas e também pelo clima frio, atrai a cada ano mais turistas brasileiros. Entre eles está o assistente do Centro de Apoio à Educação a Distância (Caed) da Universidade Federal de Juiz de Fora, Orlando Lyra de Carvalho Júnior.

Morando no país há cerca de seis meses, Carvalho faz um curso de PhD em Política Comparada na Otto-Friedrich Universität Bamberg, no estado da Baviera, sul do país. A universidade fica na cidade de Bamberg, com 50 mil habitantes, na região da Baviera, conhecida como Alta Francônia, Patrimônio Cultural da Humanidade, uma das poucas que sobreviveram intactas aos bombardeios da II Guerra Mundial. Em entrevista ao Portal ACESSA.com ele revela os encantos deste lugar.

Segundo Carvalho, a Alemanha possui muitos pontos turísticos, e para pessoas que, como ele, gostam de história, cultura e monumentos dos séculos passados, o lugar é ideal. "Para esse tipo de pessoa eu aconselharia a cidade de Colônia e sua catedral, o monumento mais visitado da Alemanha. Berlin, com sua famosa avenida Unter den Linden e o Portão de Brandemburgo, também exerce um fascínio nos visitantes, desde punks a maestros e artistas magníficos. Mas eu ainda prefiro Postdam, que fica na grande Berlin, a 20 minutos de trem."

O brasileiro destaca que é difícil não se encantar com a Alemanha, pois não há metro quadrado que não seja interessante no país. "Todo dia faço um tour de bicicleta por Bamberg. Este é o melhor meio de se conhecer as pequenas aldeias e vilas, onde se encontra o verdadeiro povo e a cultura autêntica do país, longe dos centros turísticos pasteurizados. Não há dia que eu não tenha uma surpresa ou não encontre algo novo. E como Bamberg há centenas de cidades. O que fazer para conhecer o melhor disso tudo? Eu daria um conselho simples: não procure conhecer superficialmente muita coisa. Isso é um erro que acaba tornando a viagem cansativa por excesso de informação não processada. É melhor visitar poucos destinos e conhecê-los melhor."

O estudante relata que Bamberg é uma joia do barroco alemão, que faz lembrar as cidades mineiras de Mariana e Ouro Preto. "A cidade possui um belo conjunto do patrimônio histórico-cultural que abarca desde o românico, passando pelo gótico, barroco e clássico, tudo isso dentro de um cadre banhado por dois rios, Regnitz e Main, que conferem-lhe um ar veneziano e romântico. A cidade fica apenas a duas horas e meia de trem de Munique e de Frankfurt. Não há desculpa para não visitá-la," enfatiza.

Carvalho afirma que quem fala inglês consegue se comunicar na Alemanha. "Todo jovem alemão é pelo menos bilíngue. Inglês é tão ou mais importante do que o alemão no sistema educacional. Em toda universidade há muitas disciplinas ministradas em inglês, sobretudo nas ciências econômicas e administração de empresa". O estudante destaca, também, que os alemães possuem um grande apreço pelas línguas estrangeiras, principalmente, o espanhol e o francês. E ainda faz uma grande revelação. "A língua estrangeira mais estudada, depois do inglês, é o latim. Essa é a língua mais procurada nos vestibulares do país. Achei isso incrível. Claro que não vamos falar uma língua morta, mas quero com isso apenas enfatizar que, para o nacional que domina, ou mesmo arranha, a língua de Shaskespeare, com exceção talvez da geração acima dos 70 anos, não haverá problemas de comunicação na Alemanha."

A cultura

Carvalho ressalta que a cultura alemã é regida por dois princípios, diferente da nossa tradição cultural. "A ordem, os alemães herdaram dos romanos; e o princípio da liberdade, veio das tribos bárbaras do norte. A ordem se manifesta, sobretudo, na disciplina do trabalho e na capacidade, sem igual, de ordenar a vida cotidiana. Tudo funciona com a regularidade de um relógio, ou melhor, de um ônibus, que chega ao ponto sempre no segundo previsto. Isso impressiona um brasileiro, acostumado com a sujeira e os buracos de nossas ruas ou com o caos dos grandes centros urbanos do país." 

Apesar desta diferença cultural, Carvalho destaca que também temos semelhanças com o povo alemão. "Não é na ordem que os alemães se assemelham conosco. É na liberdade, que se manifesta nas festas intermináveis, nos feriados prolongados, na dança, na música, nos festivais, no gosto pela cerveja e na alegria de viver. A paixão pelo futebol é outro ponto em comum, que, aliás, os faz olhar com admiração as cinco estrelas do pentacampeonato bordadas na camisa de nossos atletas."

Sobre a fama dos alemães serem fechados, Carvalho desmente este conceito. "Cada povo tem seu temperamento próprio, que é preciso compreender, ou melhor, vivenciar, se não quisermos cometer injustiças. Jamais pedi uma informação na rua e fui mal atendido. A gentileza e solidariedade são qualidades que foram destiladas no povo alemão ao longo de séculos, sobretudo, sob influência do cristianismo, que domesticou a violência dos bárbaros. Mas não confunda gentileza com promiscuidade ou tapinha nas costas já no primeiro encontro. Isso é hábito nosso, não deles. Eles têm outros modos de representar o calor humano e isso não os torna necessariamente mais frios e nós mais quentes.”

Culinária

Além disso, o juiz-foranos esclarece que a culinária alemã não possui o requinte da francesa nem a exuberância da italiana. Ele cita que os pratos básicos são batatas e nudels, uma massa de sêmola com carne de porco e frango. É dessa mistura que são feitas as salsichas e linguiças dos mais variados tipos. "A comida aqui é sempre regada a muita cerveja e vinho. É preciso salientar que os peixes e frutos do mar, como o salmão e camarão, saem bem mais em conta aqui do que no Brasil. Aconselho experimentar Sauerbraten, um prato de carne de porco e batatas delicioso e barato, que custa aproximadamente dez euros."

Já a cerveja alemã é muito diferente da fabricada aqui no Brasil, como destaca Carvalho. O estudante chega a comparar essa diferença, como a diferença entre o futebol da Ilha de Malta e do Brasil ou de um VW e um BMW. "Para falar a verdade, não existe cerveja brasileira. O que temos são versões da cerveja alemã fabricadas no Brasil por alemães. A diferença é que temos basicamente dois ou três tipos, como o chopp, a cerveja clara e a escura. Aqui a variedade é muito maior. Há cerveja defumada (Rauchbier), por exemplo; entre a clara e a escura, há uma quantidade de 'mulatas' tão saborosas quanto às nossas do Rio de Janeiro."

Fotos: Arquivo Pessoal/Orlando Lyra de Carvalho Júnior
Os textos são revisados por Mariana Benicá

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