Mobilização política dá o tom da Parada Gay 2011 em JF Segundo organizadores do evento, cem mil pessoas acompanharam os três trios elétricos nas ruas centrais da cidade. PM estima entre 50 e 60 mil pessoas

Aline Furtado
Repórter
20/08/2011, às 18h50
Parada Gay 2011

A recente decisão favorável do Supremo Tribunal Federal (STF), em maio deste ano, a respeito do reconhecimento da união estável entre casais homossexuais ditou o tom da 9ª Parada do Orgulho e da Cidadania Gay, realizada neste sábado, 20 de agosto, em Juiz de Fora.

"É preciso lembrar, neste momento de festa, dos dez ministros do STF que votaram a favor da cidadania", defendeu o presidente do Movimento Gay de Minas (MGM), Osvaldo Braga.

Ao longo de todo o percurso, que teve início na avenida Rio Branco, em frente ao Parque Halfeld, e dispersão na Praça Antônio Carlos, os organizadores da Parada defenderam o direito ao casamento homoafetivo. "Eu posso casar", entoava o diretor do MGM, Marco Trajano, ao longo do trajeto. Quem esteve presente ao evento e defendeu o movimento foi o deputado federal (PSOL), Jean Wyllys. "Hoje é dia de celebrar o orgulho das diversidades, o direito de sermos cidadãos plenos."

Com o tema Sou Juiz de Fora, sou MGM, a Parada Gay levou milhares de pessoas às ruas centrais de Juiz de Fora, mesmo debaixo de forte calor, com termômetros marcando 31º C. Segundo estimativas da organização do evento, cem mil pessoas seguiram os três trios elétricos. Entretanto, a Polícia Militar (PM) aponta público estimado entre 50 e 60 mil.

Para Trajano, o fato de a Parada contar, este ano, com público menor do que o registrado em 2010, quando a organização estimou 120 mil participantes, fez com que o evento ficasse mais tranquilo. "Conseguimos, por meio de um esforço coletivo, que envolveu o MGM, a Prefeitura de Juiz de Fora [PJF] e a PM, devolver o caráter de tranquilidade que a Parada deve ter. Percebemos que as famílias voltaram às ruas para celebrar junto conosco. É uma reunião de pessoas, idosos, famílias, mulheres, homens, negros, heteros e gays. Todos em defesa da cidadania."

A abertura oficial do evento ocorreu poucos minutos após as 14h, horário previsto para saída dos trios elétricos. O momento foi marcado pelo já tradicional beijo do casal Trajano e Braga, demonstrando afetividade e incentivado os presentes a também demonstrarem o carinho.

Felicidade e orgulho

Como ocorre em todas as edições da Parada, o hino nacional é cantado por um artista da cidade. Este ano foi a vez da sambista Sandra Portella, que destacou a felicidade por estar presente na tarde. "Sinto-me muito orgulhosa e feliz. Sempre notei uma receptividade bacana deste público, que acompanha as rodas de samba." Além do hino nacional, a cantora entoou O que é, o que é, de Gonzaguinha.

Outra que comemorava a participação era a Rainha da Parada, a transexual Fernanda Müller. "Sou juiz-forana e representar a minha cidade em um evento desta importância é a grande consagração da minha vida."

Público diversificado

A nona edição da Parada reuniu homossexuais, simpatizantes e curiosos, que assistiram de cima dos trios elétricos, das ruas, dos pontos de ônibus, das escadarias da Catedral Metropolitana ou até mesmo das sacadas, janelas e garagens de edifícios.

Ocorrências

Durante a realização da Parada, a PM registrou, pelo menos, duas ocorrências relacionadas às drogas. Em uma delas, um homem de 28 anos foi preso por tráfico de drogas na rua São João. Durante a abordagem, foram encontrados, em uma mochila, uma bucha de maconha e sete papelotes de cocaína. O autor foi conduzido à delegacia.

Na outra ocorrência, um homem de 21 anos foi abordado, na rua Marechal Deodoro, pela PM, que encontrou, em um dos bolsos da sua bermuda, dois papelotes de cocaína. O autor também foi conduzido à delegacia. Até o fechamento desta matéria, a PM não havia divulgado o balanço das ocorrências registradas durante o período de desfile dos trios elétricos, mas destacou que as ações estiveram dentro das expectativas.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken