Projeto Casa com Gato investe em social business
Ação criou rede online de lares temporários em Juiz de Fora e Belo Horizonte para facilitar adoção de gatos, além de vender produtos para custear os trabalhos
Repórter
22/08/2015
A soma do amor por gatos com ideias inovadoras é uma conta que tem dado certo! Lançado há apenas sete meses em Juiz de Fora, o projeto Casa com Gato da cuidadora Priscila Rezende e da arquiteta Viviane Bouçós já garantiu a adoção responsável de 200 felinos. A ação ganhou repercussão nas redes sociais, com a formação de uma rede online de lares temporários que divulga os animais para adoção do município e Belo Horizonte. Além da página no Facebook, a ideia se tornou uma marca com produtos para os 'gateiros' de paixão. São almofadas, ímãs de geladeira e quadros desenhados pela arquiteta e vendidos, inicialmente, apenas na feira Carioquíssimas, no Rio de Janeiro. O lucro das vendas é investido nos cuidados e assistência aos felinos resgatados.
Viviane conta que morou muitos anos em Juiz de Fora e antes de se mudar para a capital carioca precisou de um lar temporário para deixar sua gata que estava prenha. Foi aí que ela conheceu Priscila, que ficou com a gatinha. "Gostei muito do trabalho que ela desenvolvia e me ofereci para que pudéssemos trabalhar em parceria em um projeto, que se transformou no social business Casa com Gato", explica. Em poucos meses a página já recebeu mais de duas mil curtidas e tem um alcance médio de 16 mil visualizações.
A cuidadora Priscila explica que um dos pontos principais da página era mudar a cultura do olhar, e em vez de atrair as pessoas pelo sofrimento dos animais, conseguir despertá-las através da beleza e de imagens positivas. "Foi um marco do projeto. Não queríamos utilizar do sensacionalismo para atrair novos adotantes. Eu mesma fiz um ensaio fotográfico com meus gatos e logo depois que postamos, as adoções subiram consideravelmente", afirma.
Os lares temporários assistidos pela rede seguem uma rigorosa lista de exigências, para que os animais não sofram risco de doença. Antes de ter sua fotinha postada nos feeds da Casa, o responsável pelo resgate precisa garantir todos os cuidados contra doenças, vacinas e tratamentos. Em Juiz de Fora, as cuidadoras associadas ao projeto são a Priscila, Kátia Franco e a Natália dos Anjos, além de um lar em Belo Horizonte. Mas, cerca de 90% dos seguidores da página são da cidade.
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Além dos cuidados, as responsáveis fazem o acompanhamento do processo de adoção. "Optamos por fazer uma ação diferenciada, mesmo que nos rendam, às vezes, algumas críticas. Damos todo o suporte, ensinamos o novo dono a cuidar do animal e instalar as telas de proteção nas janelas. Além disso, as pessoas assinam um contrato que exige a castração do animal. O projeto também oferece oportunidades de castrações com preços mais acessíveis", destaca a arquiteta e voluntária.
Como a demanda de resgates é grande, Priscila precisa se limitar a capacidade financeira. "São muitos pedidos que recebemos todos os dias. No meu caso, me limito conforme o dinheiro que tenho para os cuidados com vacina, ração, tratamento e castração. Já a triagem é de acordo com o tipo de caso. Quando me deparo com acumuladores, com 10 a 20 gatos em casa, e animais com fratura, vejo se consigo atender, pois os custos são muito altos", explica. Ela conta que em sua casa ela separa um quarto e um banheiro para hospedar os gatos resgatados. São posicionadas gaiolas de 60 centímetros cada, com vários brinquedos para que eles possam ficar entretidos.
Planos para o futuro
Hoje, parte do trabalho social é financiado pelas vendas dos produtos, mas o lucro ainda não é suficiente para garantir todo o custeio das ações. Por isso, segundo Viviane, ela e as cuidadoras acabam doando além de seu tempo, dinheiro do próprio bolso para completar os gastos. "Os produtos surgiram para minimizar estes custos. Todos se doam!". Para ampliar esta oferta, um site e-commerce está sem processo de construção, para possibilitar vendas pelo país todo. Além disso, os decorativos vão ser lançados no município na próxima Feira de Adoção da Associação dos Amigos (ABAN), ainda este ano, no estacionamento do Mc Donalds.
Força das redes
O projeto Casa com Gato é mais um exemplo da união que tem dado certo quando o assunto é resgate e adoção de cães e gatos. Viviane acrescenta que a mídia social bem trabalhada tem sido o maior propagador destes coletivos sociais em prol da proteção de animais abandonados. "Conseguimos um retorno muito rápido de pessoas interessadas em adotar os gatos. É uma ferramenta fundamental para oportunizar mais contatos e reunir coletivos interessados no cuidado", concluí.
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