?rbitros

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Profiss?o de risco
?rbitros de futebol se prepararam, em JF, para o in?cio de mais uma temporada de press?o, reclama?es e muito xingamentos...

Ricardo Corr?a
Rep?rter
09/01/2006

Veja uma reportagem em v?deo sobre a pr?-temporada dos ?rbitros, realizada em Juiz de Fora, e veja porque eles aceitam o desafio. Clique no ?cone ao lado!



Todo fim de semana a cena se repete. Eles entram em campo e tomam uma tremenda vaia. Durante os 90 minutos de uma partida, s?o xingados v?rias vezes e nunca recebem aplausos. Quando acertam, ? como se fizessem a obriga??o. Quando erram, ? como se o mundo ca?sse na sua cabe?a. Para piorar, eles nunca comemoram uma vit?ria, s? est?o ali para homolog?-la. Essa ? a vida de um ?rbitro de futebol. E apesar de todas as desvantagens e press?es, s?o muitos os que decidem segu?-la.

Entre eles est?o mais de 60 ?rbitros da Federa??o Mineira de Futebol, que estiveram reunidos nos ?ltimos dias em Juiz de Fora. Na pr?-temporada realizada pela Federa??o Mineira de Futebol (FMF), com o apoio da Prefeitura e da Liga de Futebol de Juiz de Fora, eles puderam se preparar melhor para o Campeonato Mineiro, que come?a ainda este m?s.

Para quem acha que o trabalho de um ?rbitro s? come?a quando ele mesmo apita o in?cio da partida, uma tarde na pr?-temporada ? suficiente para mudar de id?ia. No Cesporte, os ?rbitros fizeram uma bateria de testes de bio-ped?ncia e testes f?sicos. Durante todo o fim de semana, eles correram, ouviram palestras e se prepararam para o in?cio da temporada de jogos. A deles, no entanto, j? come?ou.

"Para que eles sejam escalados precisam passar por um preparo, que inclui trabalhos duas vezes por semana com um preparador f?sico que o sindicato disponibiliza. Se n?o treinar adequadamente ele n?o ser? escalado", explica Lincoln Afonso Bicalho (foto ao lado), presidente da comiss?o de arbitragem da Federa??o Mineira de Futebol.

Al?m da press?o natural vivida pelos ?rbitros normalmente, este ano a peso promete ser muito maior. O esc?ndalo de arbitragem gerado por Ed?lson Pereira de Carvalho, que confessou vender jogos do Campeonato Brasileiro, colocou mais desconfian?a em cima dos profissionais, que tamb?m reclamam das dificuldades.

"A responsabilidade aumentou e a necessidade de aprimoramento ? maior. Mas tamb?m precisamos de mais apoio e recursos para essa qualifica??o. De dois anos para c? ? que estamos conseguindo, atrav?s de parcerias, mas n?o h? facilidade. Precisamos de empresas que queiram investir nos ?rbitros", explicou Lincoln Afonso Bicalho.

Al?cio Pena J?nior (foto ao lado), considerado pelo pr?prio Lincoln como um dos melhores ?rbitros de Minas Gerais, concorda que a press?o aumentou e explica o motivo.

"Sempre disseram e desconfiaram do ?rbitro. Agora um deles deu motivo e v?o continuar falando. Existe tamb?m uma cobran?a nossa, de n?o errar e mostrar que esse foi um caso isolado, mas a press?o aumentou muito", contou o ?rbitro.

Jair Albano Felix (foto abaixo), que j? ? ?rbitro h? 10 anos, concorda e diz que para isso a Federa??o agora obriga que os ?rbitros tenham outra profiss?o tamb?m.

"Na inscri??o j? exigem um comprovante. Acredito que ? para n?o ficar t?o vulner?vel a subornos e essas coisas", diz ele, que reclama da discrimina??o sofrida pelos ?rbitros.

"A dificuldade ? essa mesmo. A discrimina??o que a classe sofre do p?blico, da imprensa. ? dif?cil lutar com isso diariamente", lamenta.

O lado bom
Tantas chatea?es e a profiss?o deveria ser abominada. Mas nem tudo ? ruim na vida de um ?rbitro. ? o que eles mesmos dizem.

"Bacana ? o prazer de estar dentro de campo. Ter a responsabilidade da decis?o e de conduzir a emo??o de tanta gente", explica Jair. Para realizar este trabalho, antigamente a Federa??o s? contava com homens no quadro. Hoje a hist?ria ? diferente. V?rias mulheres comp?em o quadro da entidade. E de uns cinco anos para c?, elas podem apitar tamb?m os jogos de profissionais, como lembra Marley Leite da Silva (foto abaixo).

"O preconceito j? est? sendo superado. Hoje atuamos inclusive no Campeonato Brasileiro. O melhor ? estar atuando em um meio masculino e n?o ter problemas com isso", explica Marley, que trabalha na arbitragem h? 13 anos, come?ou por causa do marido, que tamb?m ? arbitro e n?o v? dificuldades na profiss?o.

"N?o vejo problemas. Eu vejo hoje que nos jogos os ?rbitros t?m boa aceita??o. A responsabilidade ? que ? muito grande. V?rias vezes sa?mos do campo achando que erramos alguma coisa. Porque sempre tem um errinho. N?o acertamos 100% das vezes e n?o ficamos felizes de saber isso", conta Marley, que hoje em dia j? ? do quadro da Fifa, composto pelos melhores ju?zes do mundo.

Bom para a cidade

A presen?a dos ?rbitros em uma pr?-temporada em Juiz de Fora tem impactos positivos para o esporte na cidade. ? o que pensa o secret?rio de Esporte e Lazer da Prefeitura, Ricardo W?gner, que ao lado de Douglas Messias Fed?ceo ajudou a trazer o evento para c?.

"? importante porque mostra o esp?rito de trabalho, garante visibilidade para a cidade. E temos tamb?m uma preocupa??o regional, ent?o a participa??o das ligas de outras cidades tamb?m ? fundamental", lembra Ricardo W?gner.

? a primeira vez que uma pr?-temporada ? realizada fora de Belo Horizonte e Juiz de Fora foi escolhida, segundo Lincoln Afonso Bicalho, para premiar o trabalho feito pela Liga de Juiz de Fora, e para valorizar o esporte na regi?o. A iniciativa agradou o prefeito Alberto Bejani, que participou da abertura do evento e at? o coordenador t?cnico da parceria Tupi 100% Juiz de Fora, Marco Aur?lio Dezoito, que passou no Cesporte para dar uma olhada.

"Isso vai ser bom tamb?m para o clube. ? importante que eles vejam que estamos trabalhando s?rio, que passem a nos respeitar mais", disse Dezoito.