Hipnose

... ainda um dilema dentro da Psiqu?

Colabora??o:
Rep?rter Ana Maria Reis
06/04/2000

Difundida pelas primeiras civiliza?es, por volta do ano 3.000 a.C, a hipnose tem origem em t?cnicas para alterar estados de consci?ncia. No final do s?culo 19, foi utilizada por Freud para se chegar ?s teorias psicanal?ticas, apesar de ter sido execrada anos mais tarde pelos pr?prios precursores. Devido aos trabalhos desenvolvidos por Milton Erickson nos ?ltimos anos, ela passou a ser novamente difundida pelo mundo e, no Brasil, chegou a ser reconhecida como ato m?dico pelo Conselho Federal de Medicina.

Em 1885, o Pai da Psican?lise, em visita a Paris, assiste, impressionado, ?s t?cnicas de hipnose do neurologista Charcot. Atrav?s de uma simula??o, Charcot fabricava crises hist?ricas em pacientes a fim de eliminar sintomas patol?gicos.

De acordo com o psicanalista e professor da faculdade de Psicologia do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, Paulo Buzan, dos casos de paciente tratados sob a hipnose no s?culo passado, ficou constatado que ?os sintomas desapareciam sempre que o acontecimento traum?tico ligado a ele era reproduzido sob a t?cnica?.

Apesar da posi??o reticente entre alguns especialistas da Psiqu?, como ? o caso de psiquiatras e psicanalistas, a hipnose vem sendo popularizada como pr?tica auxiliar da Medicina e incorporada ao dia-a-dia dos consult?rios. Entre 1994 e 1995, os Conselhos Federais de Medicina, Odontologia e Enfermagem reuniram-se para a cria??o de um estatuto, a fim de que a t?cnica se regularize.

Apesar do n?o pronunciamento dos psic?logos, o terapeuta Marcelo Ribeiro Dantas acredita que uma lei n?o pode ser retr?gada e, portanto, a proibi??o da hipnose em psicoterapias ? infund?vel. ?Somos os profissionais que mais difundiram a t?cnica nos ?ltimos tempos?, afirma o psic?logo estudioso de Milton Erickson, um importante te?rico da ?rea.

A hipnose vem perdendo o estigma de mist?rio para tornar-se algo funcional. ?? muito melhor tratar algu?m relaxado que encarar um paciente tenso?, fala o psic?logo Marcelo Ribeiro. Para ele, um indiv?duo em estado hipn?tico apresenta as defesas suavizadas e consegue lidar melhor com seus problemas por estar em maior contato com ele pr?prio.

O psicanalista Paulo Buzan acredita que a tend?ncia atual em aliar hipnose a tratamentos psicanal?ticos deve-se ? cultura p?s-moderna do ?instant?neo como hegem?nico?. ?? uma necessidade de mercado, por isto, h? demanda. Todos querem tudo a curto-prazo, inclusive a cura?, analisa o psicanalista.

Trabalhando com hipnose desde 1991, o psic?logo Marcelo Ribeiro concorda que a urg?ncia em se ver curado pode levar pessoas a consult?rios de profissionais que utilizam a hipnose em tratamentos . ?A an?lise ocupa-se mais do ?por qu? dos sintomas, podendo um paciente se tratar durante 20 anos, saber o causa de seu mal e n?o se ver curado?, alfineta Ribeiro sobre a validade da Psican?lise.

Dentro da Psican?lise, todo neur?tico formula inconscientemente estrat?gias pr?prias para lidar com suas imperfei?es. ?O indiv?duo sofre com as reminisc?ncias, as lembran?as, que o condicionam e situam dentro das rela?es sociais?, analisa Buzan. Acompanhando este pensamento, a an?lise enxerga que o sintoma s? ? falho quando exp?e o indiv?duo e ? a partir da? que ele busca a cura. Para Paulo Buzan, ?a cura de um sintoma faz parte do processo terap?utico de an?lise, mas nunca ? o objetivo desta?.

Marcelo Ribeiro acredita que a cura n?o vem, em imediato, com a hipnose ou outras t?cnicas, como o acupunturismo. ?A cura s? existe quando h? o encontro existencial entre o paciente e o terapeuta, algo que em nada tem a ver com a transfer?ncia da Psican?lise, quando se cria uma depend?ncia muito grande entre os dois?, fala o psic?logo que diz tratar de pouqu?ssimas pessoas atrav?s da hipnose .