C 40 - grandes cidades, grande a responsabilidade
O Dia do Meio Ambiente, que se aproxima, vem deixando de ser lembrado 'apenas' pontualmente, superficialmente, maquiadamente...a questão ambiental está nas grandes pautas internacionais, indissociada dos grandes desafios da humanidade: desenvolvimento econômico, qualidade de vida, poluição, miséria, catástrofes naturais, alterações climáticas...
São Paulo nos deu um exemplo bonito de sua civilidade e preocupação ambiental, sediando o mega evento internacional C 40 ( cities climate leadership group). Esta é a quarta edição e os eventos anteriores foram em Londres, Nova York e Seul, respectivamente.
Do dia 31 de maio deste ano ao dia 2 de junho, reuniram-se as maiores cidades do mundo, em busca de investimentos em tecnologias não poluentes, na luta contra mudanças climáticas.
Sampa foi escolhida, principalmente, porque realiza a Política Municipal de Mudança Climática, inspecionando veículos e substituindo os combustíveis fósseis na frota de ônibus municipal, mostrando estar alinhada com as exigências de nosso tempo.
Com a presença dos prefeitos Gilberto Kassab, o anfitrião, Michael Bloomberg, um dos criadores do evento e prefeito do coração do mundo - Nova York - e o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, o encontro resultou num acordo de intenções entre eles, com criação de linhas de créditos para projetos ambientais. Este acordo, ao meu ver, foi importantíssimo, porque só caminharemos para tecnologias verdes se elas forem atraentes financeiramente...
Ao todo, compareceram 16 prefeitos e representantes de 31 cidades do mundo. São Paulo e Paris (representada por Anne Hidalgo - vice prefeita da cidade), firmaram parceria no intuito de aumentar trocas de experiências no que se refere a tratamento de resíduos, desenvolvimento urbano, cultura e saneamento.
Entre São Paulo e Nova York, saiu um belo acordo bilateral de ampliação dos laços de envolvimento mútuo na causa ambiental, onde foi assinada uma carta para ser entregue na Rio + 20 (ano que vem no Rio de Janeiro), cujo conteúdo são metas de transição para uma economia de baixo carbono.
A fim de inibir o tráfego automobilístico nas grandes cidades, cogitou-se a possibilidade de pedágio urbano, além de impostos verdes...
Foram apresentados mais de cem projetos municipais, como a ciclovia de Bogotá, com mais de 300 km de extensão, a energia térmica em Copenhague, responsável pela produção de 97% da energia doméstica local, proveniente da queima do lixo.
De forma geral, ficou estabelecido que:
- Deve-se fortalecer a autonomia dos governos nacionais e internacionais no intuito de reduzir a emissão de gases do efeito estufa;
- Megacidades devem ser reconhecidas como determinantes nos debates globais sobre alterações climáticas;
- Bancos de desenvolvimento bilateral devem estimular, através de financiamento, o desenvolvimento urbano sustentável;
- Criação de agenda com metas;
- O C 40 aguarda futura colaboração do Rio + 20 como continuidade do planejamento sobre proteção climática.
É incrível a complexidade de articulação em práticas coletivas, mas sem trabalharmos conjuntamente os resultados serão muito aquém do esperado.
O que fica de lição neste encontro, é que apesar das megacidades possuírem características culturais, sociais, geográficas tão diferentes, é possível estabelecer uma 'unidade' dentro desta 'diversidade', estabelecer um elo mobilizador comum, um fio condutor à mesma crucial questão:
a importância do reforço de práticas centradas na sustentabilidade como oportunidade humana e ambiental!
Que venham os frutos deste encontro!
Abraços verdes!
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Cecília Junqueira é gestora ambiental, pós graduanda em problemas ambientais urbanos
e integrante da "Mundo Verde projetos ambientais".
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