Estagnação política e econômica da Zona da Mata deve ser combatida por meio das suas vocações O deputado federal pelo PT de São Paulo, Ricardo Berzoini, esteve em Juiz de Fora, quando falou sobre os desafios e as perspectivas do atual governo

Aline Furtado
Repórter
25/3/2011
Ricardo Berzoini

Em visita a Juiz de Fora na última quinta-feira, 24 de março, o deputado federal pelo PT de São Paulo, o juiz-forano Ricardo Berzoini, considerou que a cidade, assim como a Zona da Mata mineira, seguem na contramão do que vem sendo constatado em todo o país.

"Percebemos uma certa estagnação política e econômica por aqui. E isso só poderá ser combatido se cada município reagir, analisando os motivos desta inércia e pensando nas suas vocações, que deverão ser usadas para mudar este quadro. Aliás, se as forças políticas da região se unirem, tudo fica mais fácil."

Durante sua visita a Juiz de Fora, o deputado, que está em seu terceiro mandato, proferiu palestra sobre Os desafios e as perspectivas do governo Dilma. Em entrevista ao Portal ACESSA.com, Berzoini falou sobre o assunto, além de abordar aspectos relacionados a Juiz de Fora e à Zona da Mata.

ACESSA.com - Qual é o peso político, em termos de importância, de Juiz de Fora e da Zona da Mata nas eleições parlamentares e presidenciáveis?

Ricardo Berzoini - A cidade tem uma população de número considerável, o que demonstra, inclusive, sua importância econômica. Juiz de Fora tem expressão política forte, já tendo tido um representante, ocupando o cargo de presidente da República [o ex-presidente Itamar Franco]. Pensando no PT, especificamente, sempre tivemos um bom desempenho na cidade, o que pode ser percebido também nas últimas eleições para prefeito de Juiz de Fora.

ACESSA.com - O que podemos esperar do governo Dilma para JF e região? O fato de termos lideranças contrárias ao partido da presidente, tanto no Executivo quanto no governo do Estado, pode dificultar?

Ricardo Berzoini - Creio que dificultar não, desde que haja abertura para diálogos e projetos entre os governos. É preciso que estas lideranças estejam focadas no interesse do povo e não focadas em bandeiras partidárias.

ACESSA.com - Quais são os principais desafios do governo Dilma?

Ricardo Berzoini - Penso que um dos desafios seria reverter a teoria que aponta a impossibilidade de crescimento do Brasil seguido pela geração de empregos. É possível, sim, crescer sem que haja desequilíbrio estrutural da economia. É possível, sim, combater a inflação e contar com crescimento acelerado.

ACESSA.com - O que falta, então, para este avanço?

Ricardo Berzoini - O Brasil precisa se organizar para induzir este crescimento sem que este seja dirigido. Se o país cresce desta forma, fica fácil para que os empresários de diferentes setores saibam qual a melhor forma de investimento, agindo conforme o governo, que deve estar presente sem a visão dirigista. O governo já vem fazendo sua parte. Basta olhar para os investimentos em energia, novos portos e infraestrutura para transporte do etanol.

ACESSA.com - Voltando à questão da geração de empregos, o que falta para o Brasil crescer neste segmento?

Ricardo Berzoini - Ainda temos muito subemprego no país, mesmo já tendo gerado aproximadamente 15 milhões de empregos. Para melhorar ainda mais este quadro, precisamos investir em educação e políticas industriais. Em termos de educação, já foram investidos R$ 80 bilhões em educação fundamental, ensino médio e superior. Este esforço precisa continuar por meio da reforma educacional. Por outro lado, não basta apenas produzir, é preciso investir em políticas de produção industrial. Os dois elos devem caminhar juntos.

ACESSA.com - Como podemos definir o governo Dilma?

Ricardo Berzoini - Durante a atuação do Lula, tivemos a retomada de crescimento econômico. Dilma deve dar continuidade a projetos que condizem com isto, aprofundando e acelerando as formas de ação. Um dos focos de atuação do governo atual é a necessidade de emprego de valor agregado ao PIB [Produto Interno Bruto].

ACESSA.com - O PT está completando 31 anos. Qual é sua visão do partido hoje?

Ricardo Berzoini - O Partido dos Trabalhadores vem se consolidando em vários segmentos políticos. Por um lado, ocupa a presidência da República. Por outro, mantém vivo o movimento sindical. Enquanto temos representantes no poder, temos líderes sindicais, lutando por causas por todos os cantos do país. E, já que estamos falando em desafios, o grande desafio do PT é ser um partido de esquerda que ocupa o governo.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken

ACESSA.com - Como podemos definir o governo Dilma?

Ricardo Berzoini - Durante a atuação do Lula, tivemos a retomada de crescimento. Dilma deve dar continuidade a estes projetos, aprofundando e acelerando as formas de ação. Um dos focos de atuação do governo atual é a necessidade de emprego de valor agregado ao PIB [Produto Interno Bruto].