Paula Medeiros Paula Medeiros 4/6/2011

Longa policial destaca-se por seguir estilo diferente dos demais em cartaz

É facilmente perceptível a ausência prolongada de filmes destinados à parcela adulta da população. Há quanto tempo não vemos estreias de filmes que são voltados principalmente aos adolescentes? A explosão de blockbusters, comédias e animações é uma constante que já nos parece natural. Muito se deve à onda 3-D que invadiu o cinema por tempo indeterminado e pelas bilheterias gordas alcançadas pelo cinema teen. Uma das características dessa indústria é exatamente o trânsito por diversas fases, mas a possibilidade da diversificação sempre foi um dos seus maiores atrativos. É aí que está o cerne da denominação fábrica de sonhos.

O Poder e a Lei é um filme maduro, de temática interessante e roteiro instigante. Ele ilustra a malandragem do advogado 171, Mick Haller (Matthew McConaughey), cujas atitudes foram inspiradas no bom e velho estilo noir. Adaptação do livro "Advogado de Porta de Cadeia" (Editora Record no Brasil), de Michael Connelly, o longa gira em torno de uma das receitas de filmes policiais que mais faz sucesso, tanto nos EUA, quanto aqui no Brasil: o julgamento de um suspeito que jura inocência sobre um crime de estupro e violência.

Marcado por inúmeros closes, que contribuem para construção das nuances que envolvem a mudança de conduta de Mick, O Poder e a Lei não é um filme clichê, apesar de recorrer a vários deles na construção dos personagens. O promotor implicante, o advogado vendido, o mauricinho prepotente e a socialite que para tudo tem um jeitinho são exemplos irrefutáveis desses clichês.

McConaughey não é exatamente um excelente ator. Mas a presença que ele deu a Mick mostra um potencial que fica escondido atrás de produções como Minhas Adoráveis Ex-Namoradas (2009) e Como perder um homem em 10 dias (2003). Aliás, podemos observar que as atuações são bastante contidas e coesas, apesar da estereotipagem dominante. É o caso de Marisa Tomei, William H. Macy e, inclusive, do "sempre inocente" Ryan Phillippe. E, apesar dos clichês, essa contenção dos personagens contribui para que o filme tenha sua própria cara e que sua história se encerre sem mais delongas.

Mas um dos principais atrativos de O Poder e a Lei é o fato de ele conseguir ilustrar com sutileza o american way of life, onde estão incutidos poder e lei, logo atrás do capital, claro. Não é a toa que nos Estados Unidos eles têm canais de televisão destinados à exibição diária de julgamentos reais. E, assim como a transmissão de julgamentos tem um propósito maior – de conscientização -, o filme também é munido de uma moral, bem como a grande maioria do gênero. Mas o conservadorismo do desfecho não chega a incomodar, apesar de integrá-lo à categoria "mais do mesmo".

Enfim, O Poder e a Lei não é e nem vai se tornar um referencial do cinema policial. Mas para quem procura um filme instigante e, acima de tudo, diferente da leva teen do cinema contemporâneo, o longa é uma opção imperdível.

O Poder e a Lei / The Lincoln Lawyer

EUA , 2011 - 118 minutos
Gênero: Policial
Direção: Brad Furman
Roteiro: John Romano, Michael Connelly
Elenco: Matthew McConaughey, Ryan Phillippe, Marisa Tomei, John Leguizamo, William H. Macy, Josh Lucas, Michael Peña, Bryan Cranston, Frances Fisher, Shea Whigham, Margarita Levieva

 



Paula Medeiros
é estudante de Comunicação Social com participação em Projetos Cinematográficos.



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