Victor Bitarello Victor Bitarello 2/02/2015

Oscar 2015 chegando: "A teoria de tudo "

teoriaUma das coisas mais bonitas nos bons filmes é o respeito. Quando se conta uma história baseada em fatos reais, deve-se ter naquele contar o devido respeito àquelas vidas. São reais. Houve muitas histórias muito bem contadas. Houve também muitas mal contadas. Eu acho que destas eu fico com mais raiva ao sair do cinema, do que quando se trata de uma mera ficção ruim. Um lindo e tocante exemplo de uma vida real, ou melhor, de vidas reais muito bem retratadas em um filme, é "A teoria de tudo", do diretor James Marsh.

"A teoria..." é baseado no livro de Jane Hawking, primeira esposa do físico teórico e cosmólogo Stephen Hawking, conhecido não somente pelo seu incrível trabalho no campo das ciências físicas, mas também por sua grave doença, que no filme é tida como letal no início, mas, no entanto, ele sobrevive, estando atualmente com 73 anos de idade.
Com sua genialidade já evidente nos tempos de faculdade e doutorado, Stephen conhece Jane, ao mesmo tempo em que descobre o mal do qual sofria. A garota, no entanto, já apaixonada pelo estudante, decide ficar ao seu lado.

Nos papeis principais vemos os jovens atores britânicos Eddie Redmayne e Felicity Jones, que estão simplesmente FANTÁSTICOS! Eu estava muito incomodado com a não indicação de Ralph Fiennes ao Oscar por "O grande Hotel Budapeste". E, durante o filme, eu observei Eddie atuando soberbamente, mas sem a maturidade de atores como o próprio Ralph. No entanto, além do conjunto da atuação, há um momento do filme, durante uma conversa do casal, que ele ganhará (se ganhar) o Oscar ali. Caramba! Que momento incrível do trabalho de um ator. Felicity também foi indicada ao Oscar (assim como o foi ao Globo de Ouro), mas parece que a favorita ao prêmio é Julianne Moore.

A direção de "A teoria de tudo" optou por manter a câmera bastante próxima de Eddie na maioria de suas cenas. Na minha interpretação, a intenção de Marsh foi nos aproximar de Stephen, nos fazendo sentir-nos próximos dele, inibindo uma distância que talvez tenhamos não somente por sua aparência deformada, mas também pelo brilhantismo de sua mente. Outro aspecto muito legal é o que ocorre nos momentos familiares festivos, ou típicos de passeios, nos quais é possível, ou provável, que as pessoas filmassem essas situações, já que durante o longa, eles ganham uma coloração amarelada, nos remetendo às filmagens e fotos da época. No que se pode dizer, além disso, da direção, é que ela é essencialmente boa. Os tempos dos diálogos são bons e as escolhas das cenas para compor o filme foram muito acertadas.

"A teoria de tudo" não será o melhor filme da vida de alguém, mas é uma ótima pedida. Ir ao cinema para assisti-lo não será, definitivamente, uma perda de tempo. Aliás, pelo contrário. Poderá aprender-se muito sobre um pouco da vida dessa pessoa, e até mesmo sobre isso, o tempo.


Victor Bitarello é bacharel em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), pós-graduado em Direito Penal e Processual Penal pela Universidade Candido Mendes (UCAM). Ator amador há 15 anos e estudioso de cinema e teatro. Servidor público do Estado de Minas Gerais, também já tendo atuado como professor de inglês por um período de 8 meses na Associação Cultural Brasil Estados Unidos - ACBEU, em Juiz de Fora. Pós graduando em Direito Processual Civil.

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