Com 95 anos, artista plástica Lucy Tristão desenvolve colagens por amor e vocaçãoLucy diz que irá continuar fazendo mais colagens, além de não descartar a possibilidade de continuar expondo seus trabalhos

Jorge Júnior
Repórter
19/10/2011
lucy

Autodidata e artista por vocação, Lucy Tristão de 95 anos carrega consigo a herança familiar. A artista que começou a desenhar aos 17 anos conta, em entrevista concedida ao Portal ACESSA.com, sua trajetória no meio da arte.

"Na minha família, todos desenham. Comecei nova, estudei e aprendi a desenhar em Belo Horizonte. De lá para cá, não parei mais." Nomes como o de Antônio Parreiras são lembrados por Lucy, que não esconde o orgulho de ter feito parte da Academia de Artes Visuais do Rio de Janeiro e da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV).

Mesmo com a vocação para o desenho, o que motivou a carreira de Lucy foi a colagem, trabalho este que ela começou em 1975, aos 59 anos. "Como morei em várias cidades, porque meu marido era militar, fui aprendendo várias técnicas diferentes. Nesse momento, surgiu a ideia de fazer colagem. Para cada obra que produzi, não tive inspiração alguma, tudo vinha da minha cabeça e eu começava a desenvolver o processo criativo", conta. Com esse trabalho, Lucy conquistou uma menção honrosa da Sociedade de Belas Artes, em 1978.

Tais colagens são elaboradas a partir dos desenhos criados por ela, baseados principalmente em frutas e flores. Antes, a matéria-prima utilizada pela artesã era o jornal. Atualmente, é a cartolina colorida. "As colagens coloridas são mais bonitas e vistosas, mas tem gente que ainda prefere o preto e branco. As cores que uso mais são o azul, o amarelo e o vermelho", diz. Mesmo com a variedade de coloração, Lucy revela que não gosta muito dos tons. "Se eu pudesse, ia pedir para fabricarem a cartolina nas cores que eu gosto", brinca. Segundo ela, os trabalhos demoraram, em média, uma semana para ficarem prontos.

A arte

"Quero que o meu trabalho seja apreciado pelo que ele representa. Quero que a pessoa olhe e ache bonito, vistoso. O importante é gostar, apreciar e entender", com estas palavras, a artesã define como deseja que suas peças sejam vistas. Para Lucy, o que mais importa é fazer a arte. "Eu faço arte por prazer, não para vender", afirma. E força de vontade é o que não falta para ela, já que Lucy diz que irá continuar fazendo mais colagens, além de não descartar a possibilidade de continuar expondo seus trabalhos.

Exposição

Uma parte do trabalho de Lucy pode ser conferida na exposição Meus 95 anos coloridos. A mostra exibe 26 colagens, que têm como inspiração a natureza morta. "Tinha produzido alguns trabalhos e, quando estavam terminados, resolvi fazer a mostra." Desta vez, a artista contou com a ajuda de uma pessoa para colaborar com os recortes das cartolinas, devido as dificuldades enfrentadas pela idade. "Os recortes foram feitos sobre os desenhos antigos que eu tinha." A mostra fica em exibição no mês de outubro, no Centro Cultural Pró-Música, na avenida Rio Branco 2329. Confira uma parte do trabalho.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken


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