A doação que reflete na promoção da saúde O leite materno doado pode contribuir de modo fundamental para a saúde de bebês internados em UTIs neonatais

Aline Furtado
Repórter
6/5/2010

O leite materno é a fonte de alimento mais importante para os bebês. A criança alimentada com o leite humano tem menos chances de contrair doenças infecciosas e alérgicas. Isto porque o alimento é rico em anticorpos, que auxiliam na manutenção da saúde da criança até que ela adquira mais resistência.

Como fazer no caso das mães que não podem amamentar seus filhos? Para suprir esta deficiência, que pode ter origem hormonal ou ter relação direta com sintomas psicológicos, foram criados projetos para doação e recepção de leite materno. Além disso, os bancos de leite são fundamentais para a alimentação de bebês que, internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) neonatais, não podem ser amamentados pelas mães.

Em Juiz de Fora, o Banco de Leite Humano da Associação Municipal de Apoio Comunitário (Amac) completa, no dia 31 de maio, 19 anos de fundação. Durante o período de funcionamento, aproximadamente 13 mil litros de leites foram doados. Segundo a pediatra e coordenadora executiva do Banco de Leite Humano, Márcia Mizrahy, durante o inverno é comum que o número de doações caia.

"Fechamos o mês de abril com estoque de apenas 28 litros de leite. Este número é baixo devido ao alto volume de doações efetuadas, já que tivemos 90 litros doados em todo o mês. Este é o momento de intensificar as doações para que não falte leite a ser doado." A médica explica que o leite materno recebido pelos bebês hospitalizados auxilia na reação aos medicamentos e também no ganho de peso.

Mãe e filhoPara quem faz a doação, o sentimento que ganha destaque entre os relatos é o da satisfação de ajudar. "É ótimo acabar de dar de mamar ao meu filho e saber que tenho mais leite para ajudar outras crianças. Sinto que ele está satisfeito, assim como estou, em proporcionar esta satisfação a outros bebês", afirma a costureira Rozânia Cristina de Almeida (foto ao lado), mãe do pequeno Samuel, de seis meses. A mãe, que doa o seu leite há cinco meses, relata que decidiu se tornar doadora logo que seu filho nasceu. "Percebi que tinha muito leite e não quis guardar isso para mim", conta, destacando que chega a colher dois litros de leite por dia.

Para Camila Barbosa de Castro, mãe de Henrique, de três meses, o gesto teve início no receio de não poder amamentar quando estava grávida. "Sempre tive medo de não ter leite suficiente e pensava que, se tivesse, doaria. Hoje, me sinto muito feliz por saber que estou ajudando a outras mães."

No caso das mães que necessitam do ato voluntário de outras mães para alimentar os filhos Mãe e filhocom o leite materno, a sensação é de gratidão. "Se não fossem as mães doadoras, não sei o que seria do meu filho hoje", reflete a mãe do pequeno Vinícius, de um ano, Águida Barbosa de Carvalho (foto ao lado).

Ela conta que já sabia que seu filho nasceria aos sete meses de gestação, contudo, não previa que seria necessário um longo período de internação. "Ele ficou durante 70 dias na incubadora. Isso, somado ao fato de eu estar emocionalmente abalada com a situação, fez com que não conseguisse amamentá-lo por muito tempo. Assim, Vinícius passou a receber o leite materno doado."

Homenagem

EncontroComo forma de comemorar o Dia das Mães, celebrado no próximo domingo, 9 de maio, o Banco de Leite Humano da Amac promoveu, nesta quinta-feira, 6 de maio, um encontro entre as mães doadoras e receptoras de leite materno.

Durante o evento, que foi uma forma de reconhecimento, foram prestadas homenagens às mães. "Este é um momento de celebração. Precisamos incentivar o gesto. E esperamos que isto sirva como exemplo", destaca a médica.

Como doar

As mães que se interessarem em ser doadoras podem entrar em contato com o Banco de Leite por meio do Disque Amamentação: (32) 3690-7436. A unidade fornece gorro, máscara e o pote adequado para a coleta. O material é entregue em casa e os Bombeiros Amigos do Peito vão até a residência buscar o leite materno já congelado.

Os textos são revisados por Madalena Fernandes