Vontade de fazer o bem desde a infância Miloca, que desenvolve trabalhos voluntários em 14 instituições da cidade, conta que se sente feliz e emocionada

Aline Furtado
Repórter
15/10/2009

Há cerca de 30 anos, Gilmara Delmonte, que na época estava grávida, sonhou ser uma boneca. Sua filha nasceu, o tempo passou, veio o segundo filho e o sonho continuava. Ela, então, decidiu conversar com a filha, que estava com 10 anos. A menina sugeriu que a mãe passasse a se vestir de boneca. "Percebi que o sonho sugeria que começasse a levar alegria a pessoas necessitadas."

Gilmara começou a interpretar personagens diversos, sempre usando perucas e roupas coloridas, de forma bastante divertida. Contudo, o receio de sofrer preconceito fez com que ela escondesse o trabalho durante algum tempo. "Tinha medo de ser criticada e rejeitada pelas pessoas a minha volta." Gilmara conta que ficou cerca de seis anos atuando com personagens sem ser identificada. "Até que um dia, fiz uma festa onde muitos conhecidos estavam presentes. Fui descoberta e sofri críticas de algumas pessoas. Mas o apoio de muitos, inclusive dos meus filhos, nunca me deixou desistir."

Miloca Nascida e criada em Pirapetinga (MG), Gilmara conta que seu contato com ações voluntárias teve início quando ainda era menina, já que acompanhava seu pai, então prefeito do município, durante as visitas às escolas e aos hospitais. Aos 15 anos, mudou-se para Juiz de Fora, a fim de estudar. "Sentia-me sozinha, sem ter o que fazer e passei a visitar asilos para suprir a carência causada pela distância dos meus pais."

Depois de interpretar várias personagens, Gilmara assumiu a identidade de Miloca. Hoje, desenvolve trabalho voluntário em 14 instituições, entre hospitais, clínicas e asilos. Para ela, cada visita é uma emoção diferente. "A sensação que tenho ao trabalhar em um hospital é uma, em um asilo é outra. É como se me sentisse abraçada. Chego em casa cansada, mas extremamente feliz e emocionada." Gilmara destaca que as preocupações materiais ficaram para trás a partir do momento em que passou a se preocupar em levar um pouco de alegria àqueles que precisam.

O nome Miloca surgiu por acaso. "Não sabia se seria Liloca ou Miloca. Um dia, enquanto andava pelo Centro, conversando com minha filha sobre os possíveis nomes, ouvi um desconhecido dizer que Miloca era o melhor e assim ficou."

Uma outra personagem que tem todo o carinho de Gilmara é a Mamãe Noel. "Há alguns anos Mamãe Noeltenho o costume de me vestir de Papai Noel. No ano passado, fui convidada pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) para ser a Mamãe Noel da cidade, o que me deixou muito contente. Estamos acostumados a lidar com as crianças, aliás, cerca de 300 passavam pelo meu colo a cada dia, mas ver a reação dos adultos é maravilhosa." Gilmara ainda aguarda definição a respeito de viver a Mamãe Noel este ano.

Projetos

Os trabalhos de Miloca são desenvolvidos em duas equipes. A Organização Não-Governamental (Ong) Doutores do Amor conta com voluntários e é direcionada a hospitais e asilos. Segundo ela, são visitados entre 800 a mil leitos por mês. O outro projeto é a Equipe da Miloca, que anima festas particulares e eventos diversos.

Entre os projetos futuros de Gilmara estão dois livros, um de literatura infantil e um livro em que contará sua trajetória. Os interessados em realizar trabalho voluntário junto à Miloca ou fazer doações para os projetos podem entrar em contato pelos telefones (32) 9967-5832 e (32) 3231-5836.

Os textos são revisados por Madalena Fernandes