Uso das novas tecnologias é necessário para alfabetização Ferramentas digitais facilitam o desenvolvimento e são fundamentais para o letramento de crianças e adolescentes

Pablo Cordeiro
*Colaboração
18/9/2009

Ao contrário do que se diz sobre prejuízos e problemas que a internet e o computador podem trazer para o desenvolvimento da criança e do adolescente, profissionais ressaltam a importância das novas tecnologias. Os chamados "nativos digitais" são aqueles nascidos e inseridos na geração virtual, em que o uso do computador para digitar textos, mandar e-mails, assistir vídeos, jogar games e conversar é tão natural quanto enviar telegramas e cartas, como era feito décadas atrás.

A professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Maria Teresa de Assunção, desenvolve estudos na área da psicologia da educação e letramento digital. Para ela, a alfabetização através de computadores não pode ser deixada de lado e deve complementar o letramento tradicional, com lápis e caderno. "As crianças nascem convivendo com os novos equipamentos. Não adianta esconder algo que fará parte da vida delas no futuro. Atrasar o conhecimento daquilo que estará presente no cotidiano só irá trazer prejuízos."

A professora destaca que as vantagens são enormes para o desenvolvimento racional e educacional da criança. "No mundo de hoje, o computador ativa novas formas de pensar. O usuário descobre cedo aptidão às tecnologias, memória e raciocínio. O instrumento facilita a interpretação de símbolos e sinais, principalmente em etapas iniciais da alfabetização. A criança começa a dar significado aos signos."

Nesta nova era da alfabetização, a criança e o adolescente devem conhecer as várias formas de comunicação disponíveis. "O computador não irá substituir o caderno. Pelo contrário, só vai complementar. Os pais e educadores devem acompanhar e orientar o uso da tecnologia. Hoje, o professor tem um nativo digital nas salas de aula. A maneira de transferir o conhecimento é diferente. "O educador jamais deve deixar de lado o uso da internet nas atividades escolares. Deve incluir exercícios que envolvem as ferramentas tradicionais e as digitais."

Reformulação

Em relação a possíveis danos à caligrafia da criança, como a disgrafia ou "letra feia", um distúrbio que causa deficiências na escrita a mão, Maria Teresa ressalta que a própria evolução pede adaptações. "A linguagem é dinâmica. O discurso na internet é um código adaptado ao tempo. O ser humano sabe utilizar a língua dentro de cada esfera." Neste aspecto, o papel do professor é fundamental para orientar e mostrar as diferenças da linguagem nos vários suportes.

No entanto, é necessário cuidado e atenção, tanto dos pais quanto dos professores, em relação ao tempo e à importância do computador na vida dos jovens. "A criança não deve ficar muitas horas na frente do computador, pois pode criar certa dependência com a máquina. Do mesmo jeito que deve ter tempo para navegar na internet, também deve ter momentos para praticar esporte, brincar com os amigos e passear com a família", observa Maria Teresa.

Para a professora, as abreviações, gírias e novos signos usados nas conversas instantâneas não empobrecem e nem vão substituir a língua tradicional. "É só uma questão de adaptação." Para os mais pessimistas, ela acrescenta que as novas tecnologias jamais irão destruir as técnicas antigas. "Falava-se muito sobre a substituição da fotografia pelo cinema, do cinema pela televisão ou do livro pelo computador. E nada disso ocorreu. As ferramentas atuam em sua própria complementação. Isso também é visto na educação."

*Pablo Cordeiro é estudante do 9º período de Comunicação Social da UFJF

Os textos são revisados por Madalena Fernandes