Lucas Soares Lucas Soares 14/04/2014

Erros e erros: há um peso diferente por intervir em uma decisão?

O assunto da semana será os erros de arbitragem contra Atlético-MG e Vasco. Em ambos, a arbitragem das partidas interviu diretamente nos resultados e, possivelmente, nos campeões estaduais - digo possivelmente pois ainda restaria tempo, mesmo que pequeno, para o jogo continuar. Cruzeiro e Flamengo, que nada têm com isso, sagraram-se campeões estaduais e ponto final. Mas até que ponto um erro decisivo em uma final é mais ou menos importante que um erro em um jogo comum?

Vejamos: ambos os torcedores consideram os absurdos erros a principal causa da sua falha. Pegarei como exemplo o jogo Flamengo x Vasco, que assisti do Maracanã ao vivo e depois o VT.

No primeiro tempo, o zagueiro Luan, do Vasco, merecia ter sido expulso após impedir claramente, com um carrinho, um ataque do Flamengo, quando o meio-campo Éverton partia sozinho em direção ao gol. Levou apenas o amarelo, e nesse momento, o relógio marcava menos de 15 minutos da primeira etapa. Pouco mais de cinco minutos, o mesmo foi puxado no meio-campo por dois defensores do Vasco, se levantou e deu sequência a jogada. Lançou o atacante Paulinho que partia livre em direção ao gol, mas novamente, a arbitragem interviu e apontou uma falta de Everton na jogada, invertendo a infração. Lances capitais que, se apontados corretamente, mudariam a sequência do resultado. No segundo-tempo, no lance que gerou a expulsão de Chicão e André Rocha, o zagueiro Rodrigo e o goleiro Mártin Silva estavam envolvidos na confusão, com o goleiro inclusive empurrando o defensor rubro-negro. Mas o que foi decidido pelo comandante da partida? Tirar o Chicão e o André Rocha, o jogador "menos importante" do esquema vascaíno que estava em toda confusão. Pelo lado do Flamengo, o lateral esquerdo André Santos merecia ter sido expulso por sucessivas faltas.

Certamente essas decisões no clássico carioca também contribuíram para o resultado. Lamentar um resultado faz parte, e deve ser reclamado com seus colegas, pontuar sobre regras e ética, principalmente tão próximo de ter uma grande conquista diante do maior rival. Mas apontar a arbitragem como única culpada é um absurdo. Ou os vascaínos se esqueceram que o Rodrigo, excelente na bola aérea, quis esfriar o jogo em uma cobrança de escanteio e saiu de campo no lance do gol rubro-negro? E digo mais, ninguém no estádio percebeu que havia um erro até as câmeras da Globo mostrarem, nem mesmo os jogadores vascaínos, que desabaram em campo logo que a bola tocou as redes.

Meu ponto é justamente esse: "pimenta nos olhos dos outros é refresco", dizem por aí. Quando o erro é à favor do seu clube, não há lamentações ou questões de justiça. Quando é contrário, surge uma imensa conspiração envolvendo bandeirinha, zagueiro do Vasco, o cobrador do escanteio, a trave, o cabeceador e o jogador impedido. Menos, bem menos...

O futebol evolui. Na Copa do Mundo, as bolas terão chips que vibrarão no braço do árbitro quando ultrapassar a linha do gol. E a tendência é que isso aconteça em maior escala após o torneio, evitando casos como o gol do Douglas, também do Vasco, no clássico do turno. Quem sabe a partir dessa tecnologia, não surja uma em que os jogadores tenham chips em suas chuteiras para regular também a regra do impedimento?


Lucas Soares é natural de Juiz de Fora, é jornalista formado pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora em dezembro de 2012 e apaixonado por futebol. Atualmente, é aluno de pós-graduação em Jornalismo Multiplataforma na Universidade Federal de Juiz de Fora, Repórter no portal Acessa.com e Editor-chefe do blog Flamengo em Foco. Já atuou em veículos impressos da cidade e como assessor de imprensa na PJF e na Câmara Municipal.

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