Lucas Soares Lucas Soares 12/01/2015

A conta vai chegar...

Na manhã do último domingo, o mercado da bola foi surpreendido pelo anúncio da contratação do meia-atacante Dudu pelo Palmeiras, dando um chapéu nos rivais Corinthians e São Paulo, que disputavam o jogador que jogou o último Brasileirão pelo Grêmio e pertencia ao Dínamo de Kiev. A novidade se deu porque o Palmeiras nem aparecia na briga, até então, noticiada pela imprensa.

Dudu, de 23 anos, é um meia-atacante velocista e driblador que cai pelos lados do campo. Tem suas qualidades, chegou à Seleção Brasileira através de Mano Menezes e foi figurinha carimbada nas seleções de base, quando atuava pelo Cruzeiro. Atua, basicamente, como um desafogo às jogadas em profundidade do seu time. Guardadas as devidas proporções de comparação, funcionaria como Ribery joga no Bayern de Munique: aberto em uma extremidade do campo (normalmente pela esquerda), pronto para receber a bola, sair em velocidade, driblar e criar algum lance de perigo.

No site Footstats, é possível analisar as estatísticas do novo jogador do Palmeiras. Em 53 partidas pelo Grêmio, marcou sete vezes, sendo apenas três no Brasileirão. O Grêmio, inclusive, teve um dos piores ataques do último torneio, fazendo 36 gols em 38 partidas. Destes, 36, Dudu também foi responsável direto por outros cinco, com assistências, o principal do time. Ainda foi o jogador que mais acertou dribles no campeonato, com 77, pouco mais de 2 por jogo e foi o segundo atleta que mais sofreu faltas na competição: 115, ao todo.

Por esses dados, friamente analisados, Dudu é um jogador diferenciado. Tanto que foi disputado por grandes times do Brasil, seus empresários pediram alto pelo seu passe e ele optou por um clube que segue fazendo dívidas gigantescas com o próprio presidente, o milionário Paulo Nobre, para montar um time forte em 2015. A pergunta que não quer calar é: Dudu vale os 6 milhões de euros (cerca de R$ 18,7 milhões), R$ 800 mil de luvas pela assinatura do contrato e R$ 300 mil mensais de salário?

Essa pergunta, quem deve se fazer, são os próprios palmeirenses. Lógico que estão todos em festa pela contratação do jogador e por ter vencido os rivais na disputa por um atleta que foi destaque no último campeonato. Mas compensa todos esses gastos em nome de um time competitivo? Paulo Nobre acabou de ser reeleito presidente do clube para 2015 e 2016, foi avalista do clube em um empréstimo na casa dos R$ 138 milhões. Além disso, o Palmeiras foi o clube que mais aumentou a dívida no ano passado, com o passivo saltando de R$ 281,5 milhões, em 2013, para R$ 400 milhões até agosto de 2014.

Temos vários exemplos de que a conta chega, e às vezes, com consequências catastróficas. Claro que a situação do Botafogo foi diferente, mas assistimos um clube terminar um Brasileirão em 2013 muito bem e cair no ano seguinte, em função de vários atrasos salariais. 2015 mal começou e temos clubes como Santos, Corinthians, Fluminense e até o badalado São Paulo com dificuldades para manter as contas em dia. Por isso, a pergunta: vale gastar mais do que se pode?


Lucas Soares é natural de Juiz de Fora, é jornalista formado pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora em dezembro de 2012 e apaixonado por futebol. Atualmente, é aluno de pós-graduação em Jornalismo Multiplataforma na Universidade Federal de Juiz de Fora, Repórter no portal Acessa.com e Editor-chefe do blog Flamengo em Foco. Já atuou em veículos impressos da cidade e como assessor de imprensa na PJF e na Câmara Municipal.

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