Japoneses escolheram Juiz de Fora para treinar futebolSonho de se tornar jogador profissional quebrou barreiras geográficas e trouxe garotos bons de bola do Japão para treinarem em Juiz de Fora 

Pablo Cordeiro
*Colaboração
28/4/2010

Nenhuma semelhança na pronúncia. "Sakaa" para eles e "futebol" para nós. No entanto, a distância é restrita apenas às palavras, pois Brasil e o Japão mantêm uma fina relação e proximidade pelo esporte. Nada de barreiras culturais ou geográficas, dois garotos da terra do sol nascente escolheram o Sport Club Juiz de Fora para treinarem e aprenderem novas técnicas do esporte tupiniquim mais conhecido internacionalmente: o futebol.

E para quem pensa que os nipônicos não entendem nada de bola, Ryoya Yoshida, de 13 anos, e Kosei Iwao, de 12, comprovam que a paixão é universal (confira o vídeo). Os jovens estão no país há cerca de um mês e a estadia só confirma o sonho em comum de serem jogadores profissionais.

Os garotos contam que escolheram o Brasil pela fama de bons jogadores e histórico no esporte. Sua cidade natal é Tosu, no estado de Saga, localizado na ilha de Kyushu. A tradutora Paolla Bertolozi conta que, neste período, poucas palavras foram aprendidas pelos garotos e que o que mais lhes interessa é mesmo o futebol. "Eles contam que o sonho é se tornarem jogadores profissionais no Japão. Ryoya pensa muito na carreira e, como alternativa, também gostaria de trabalhar diretamente com o esporte." E como ainda são jovens, o apoio dos pais é fundamental. Para Ryoya, a atenção dos pais é maior quanto ao risco, a incerteza e a dificuldade da profissão. Para Kosei, o apoio é incondicional.

Japoneses treinando Japoneses treinando

Segundo Paolla, eles ouvem muito do futebol brasileiro no Japão. Dentre os inúmeros ídolos estão Kaká, para Ryoya, que torce pelo São Paulo e Corinthians, e Luis Fabiano, para Kosei, que diz torcer para o alvinegro paulistano e também para o Vasco. Os garotos treinam o esporte no Japão em uma escolinha especializada e já podem se considerar experientes, pois, há sete anos a rotina faz parte de suas vidas. Entre as principais diferenças no trato do esporte, os jovens apontam que aqui, as bolas para cabecear e os dribles são mais reforçados do que lá. Kosei é atacante e está atuando no time mirim do Sport Club. Ryoya é meio de campo e defende a equipe infantil.

Outra curiosa diferença alerta para o ritmo dos treinos. "No Brasil, acontecem muitos descansos nos treinos e no Japão os treinos são mais pesados. Eles têm uma parte técnica mais trabalhada e um jogo apenas por semana. Aqui há mais coletivos", explica a tradutora. Os garotos ficam até 1º de maio, mas nada impede que retornem para mais experiências. "Ryoya conta que precisa de mais dinheiro para o retorno e Kosei lembra que uma das coisas que não gostou foi o longo período da viagem de avião", narra Paolla.

*Pablo Cordeiro é estudante do 10º período de Comunicação Social da UFJF

Os textos são revisados por Madalena Fernandes