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M?e por insist?ncia Vera L?cia Barbosa teve oito gesta?es, perdeu cinco
e ? m?e de uma crian?a com Down

Daniele Gruppi
Rep?rter
23/04/2008

Vera L?cia Barbosa tentou ter um filho aos 23 anos. Al?m da dificuldade de engravidar, teve problemas na gesta??o, e acabou perdendo a primeira crian?a, a segunda e a terceira. Somente na quarta vez, aos 26 anos, que nasceu Caroline.

Vera ainda n?o estava satisfeita. Queria ter mais um filho e conseguiu engravidar de Jo?o Victor, aos 35 anos. Foi uma gravidez de alto risco, assim como foi com Caroline. Depois perdeu mais dois filhos, sendo que na s?tima gravidez Vera L?cia ficou em coma oito dias, quando perdeu Larissa.

"Peguei uma infec??o hospitalar e em 45 dias, emagreci 25 Kg. Lutei para voltar a viver pelos meus filhos. Pedia para que Deus me permitisse ver as crian?as crescerem e no coma parecia que via uma menina de alguma forma".

Inesperadamente, Vera L?cia engravidou novamente. Aos 43 anos, ela recebeu Victoria, uma menina com s?ndrome de Down. "Durante a gravidez tive um pressentimento de que a crian?a ia ser especial. Sentia que ela mexia menos. Conversei com a m?dica e ela me perguntou: se tiver algum problema, voc? vai interromper? Respondi que n?o, que s? queira for?a para ter aceita??o".

Vera conta que no s?timo m?s de gravidez fazia ultrassonografia toda semana e nenhum exame detectou nada diferente. No primeiro dia do oitavo m?s, a m?dica constatou a necessidade de retirar o beb?, devido ao fluxo sang??neo no cord?o umbilical. "Fui aconselhada a fazer ces?ria e no mesmo dia da not?cia, ? noite, Vict?ria nasceu e ainda na sala de parto vi que ela era diferente. Recebi com amor, assim, como toda a fam?lia, e nunca me permiti ter depress?o por isso".

Vict?ria teve que voltar ao hospital no terceiro dia em que j? estava em casa, com quadro de icter?cia (doen?a que se caracteriza pelo amarelamento na pele de rec?m-nascidos). "Descobriu-se depois que ela tinha problema s?rio no cora??o. Tive que ficar seis meses com ela no quarto do hospital. N?o tinha parente para revezar comigo, por isso, ficava l? direto. Depois, ela teve que fazer uma cirurgia em Belo Horizonte. A administra??o abriu at? uma exce??o para que o Jo?o Victor fosse me ver. Virava noites e noites acordadas, porque a Vict?ria tinha tamb?m refluxo acentuado. Entreguei-me de corpo e alma, procurei informa?es e, assim, aprendendo a lidar com a situa??o sozinha".

Quando Vera L?cia e Vict?ria foram para a casa, come?ou o tratamento domiciliar, com sonda no nariz. Depois de quatro meses de operada, a menina teve derrame no cora??o. Usou sonda gastron?mica, at? os cinco anos, devido a dificuldade de se alimentar sozinha.

Hoje, Vict?ria, com seis anos, leva uma vida normal, estuda em escola regular e faz trabalhos psicopedag?gicos. "No col?gio, ?s vezes, tenho que brigar , porque essa quest?o da inclus?o tem muito o que ser questionada. Mas n?o observo que h? preconceitos entre os colegas. A Vict?ria promove a uni?o entre os amigos e os irm?os. Ela n?o tem vergonha, conversa com tudo mundo. Ela ? amor, anjo, ? tamb?m levada, s? n?o faz pirra?a. Tenho que ensinar a ela como sobreviver, sabendo que seus limites s?o diferentes".

Vera L?cia diz que lidar com a S?ndrome de Down ela tira de letra. "Dif?cil ? enfrentar outros apertos da vida. Ela se considera uma m?e por insist?ncia e define o que ? ser m?e. "? estar pronta para dar a vida. ? uma doa??o, mas n?o pode haver cobran?a, tem que ter discernimento do tamanho desta doa??o, pois ? preciso ser tamb?m mulher, esposa e amiga tamb?m", afirma.

A m?e da Vict?ria ? casada, trabalha como manicure e maquiadora e demonstra grande preocupa??o com a educa??o dos seus filhos. Ela n?o teve m?e, foi criada pelos av?s e depois foi encaminhada para o col?gio interno. "Minha m?e me deixou com tr?s meses e s? fui ter contato com ela adulta, quando j? n?o estava bem de sa?de".



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