Tupi: um século de glórias marcado por luta e dedicação

Clube juiz-forano completa um século de fundação neste sábado, 26. Presidente afirma que o desafio é aumentar o número de parceiros e sócios

Thiago Stephan
Repórter
25/5/2012
Solenidade Tupi Câmara

O Tupi Foot Ball Club completa 100 anos de fundação neste sábado, 26 de maio. Um período de alegrias e também de momentos difíceis, mas sempre levando o nome de Juiz de Fora além de suas fronteiras. Para celebrar a data, uma programação especial foi elaborada, que vai se estender até o dia 26 de maio de 2013. Nem mesmo o adiamento do início da Série C do Brasileirão — o Tupi enfrentaria o Duque de Caxias (RJ) — foi capaz de minimizar a alegria dos carijós ao verem o clube do coração completando um século de existência.

Nascia o Alvinegro de Juiz de Fora

Em 1911, um grupo de jogadores de futebol que havia participado da fundação do Tupynambás decidiu fundar um novo clube em que pudessem jogar, o que não estava acontecendo. Ao lado de outras pessoas, fundaram o Tupi Foot Ball Club. Com diretorias bastante ativas, o clube cresceu. Foi o primeiro a ter estádio, o Salles de Oliveira, e se tornou o maior vencedor dos campeonatos de Juiz de Fora e Regional. Em 1933, quando o futebol passava pela profissionalização de seus jogadores, sagrou-se vice-campeão mineiro, perdendo o título para o Villa Nova.

Atualmente presidente do Conselho Deliberativo do Tupi, Geraldo Magela Tavares completou 85 anos nesta quinta-feira, 24. Oitenta anos atrás, levado por um tio, pisou no campo do Estádio Salles de Oliveira no dia em que era inaugurado com o empate em 1 a 1 entre Tupi e Vasco (RJ). Orgulha-se de já ter passado por diversos cargos dentro do Alvinegro nestes 80 anos de Carijó. Ninguém melhor para destacar os principais momentos neste século de glórias. "O principal momento foi a fundação. O vice-campeonato mineiro de 1933 também foi especial. Foi quatro vezes Campeão Mineiro do Interior, e tornou-se o 'Fantasma do Mineirão', maior momento até a conquista do título de Campeão Brasileiro da Série D. A inauguração do estádio, em 26 de maio de 1932, e a finalização da construção da sede social após as vendas de João Pires, para o Comercial (Ribeirão Preto), e Eurico, para a Portuguesa (SP). Nasceu com o futebol, mas também cresceu com outras modalidades esportivas. Um clube predestinado a representar Juiz de Fora com dignidade", relata Magela.

O Fantasma do Mineirão

Geraldo Magela Tavares foi o treinador de uma das equipes mais importantes do Tupi nestes 100 anos. Em 1965, o Tupi terminou o primeiro turno do Campeonato Regional na última colocação. Foi neste momento que Magela recebeu o convite para voltar a treinar o Tupi. Aceitou, fato que o fez perder um cargo efetivo nos Correios. O Tupi ganhou o segundo turno e, na decisão, venceu duas vezes o Olimpic, de Barbacena, ficando com o título regional.

Os jogadores mereciam um prêmio especial, mas o Tupi não tinha dinheiro. Surgiu então a possibilidade de enfrentar o Cruzeiro, já em 1966, ano em que a Raposa tinha conquistado a Taça Brasil batendo o Santos de Pelé na decisão. O desafio ocorreu em Juiz de Fora, vencido pelo Tupi por 3 a 2. "O Atlético do Paulo Amaral, preparador físico nos títulos mundiais de 1958 e 1962, estava montando um grande time. Fomos convidados a ir a Belo Horizonte enfrentá-los e vencemos por 2 a 1. O América quis vingar o Cruzeiro e o Atlético e também perdeu, também por 2 a 1. Eles estavam incomodados com um clube do interior, derrotando as equipes de Belo Horizonte. Realizou-se um torneio e Tupi e Cruzeiro voltaram a se enfrentar, novo 2 a 1 para o Tupi. Aí não tem nem mais o que comentar. Passou a ser chamado de o "Fantasma do Mineirão", relembra.

A notoriedade trazida com o feito em Belo Horizonte rendeu ao carijó a chance de enfrentar a Seleção Brasileira, que se preparava para a Copa do Mundo de 1966. O primeiro jogo foi em Caxambu. "Empatamos em 1 a 1, gol do João Pires. Feola [técnico da Seleção Brasileira] me pediu para prorrogar o jogo e acabei aceitando. Foi quando conseguiram empatar com o Servílio. Depois do jogo, nos convidaram para fazer outro jogo, dessa vez em Três Rios. Perdemos por 3 a 2 após desperdiçarmos um pênalti no final da partida", revela Magela.

Presente e futuro

De acordo com o presidente do Tupi, Áureo Fortuna, o clube chega aos 100 anos de fundação como uma marca que identifica Juiz de Fora no Brasil. "Chegamos a essa data com 100 mil quilômetros rodados entre estradas de chão e asfalto, mas renovados. Esse gás dos últimos quatro anos significou uma realização para todos que deram a sua contribuição nestes 100 anos. Os momentos ruins existiram e serviram para o clube se consolidar. Todos no País conhecem o Tupi. É uma marca muito forte", expõe o presidente.

Para Fortuna, o maior desafio do Carijó nesta data é conseguir aumentar o número de sócios. "O maior presente é conseguirmos aliar respeito pelo clube com ajuda efetiva. Aumentar o número de sócios para continuar crescendo", diz, acrescentando que o maior presente que o Alvinegro poderia ganhar no seu centenário seria o centro de treinamento.

Festividades

Selo Comorativo ao centenário do Tupi

Na manhã desta sexta-feira, 25, o Tupi recebeu homenagem na Câmara Municipal. Além de uma Moção de Aplausos, o vereador Júlio Gasparette (PMDB), ex-atleta do Tupi e torcedor do Sport, entregou uma placa alusiva à data.

As festividades oficiais pelos 100 anos de fundação do clube têm início neste sábado, 26, com celebração e bênção a partir de 9h, nas dependências da sede social, na rua Calil Ahouagi 332, presidida pelo padre Sérgio Luís da Silva, da Paróquia Nossa Senhora da Glória.

Após a cerimônia, às 10h, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) lançará um selo comemorativo do Centenário Carijó (ao lado). À tarde, a festa será no Estádio Salles de Oliveira com o jogo entre o time B do Tupi e XV de Novembro, de Rio Novo. A partida é válida pela Copa Integração de Futebol Regional e está marcada para as 15h.

Uma exposição "Centenário Tupi Foot Ball Club" poderá ser visitada no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas durante todo o domingo, 27, que terá objetos, revistas, livros, uniformes e taças que contam a história do clube. O evento faz parte da programação do Corredor Cultural, que comemora os 162 anos de emancipação do município.

A partir de domingo, serão 52 semanas de comemorações pelo Centenário, com vários eventos previstos, com destaque para a entrega da primeira edição da "Comenda Carijó", a sessão solene de homenagem ao Galo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (dia 11 de junho), um Baile de Gala e um jogo amistoso contra uma grande equipe do futebol brasileiro. Eventos sociais (como uma festa julina, uma feijoada, um coquetel e uma "noite de caldos") também serão realizados, com o objetivo de uma confraternização maior entre sócios e torcedores. No lado administrativo, os destaques vão para a inauguração das melhorias na estrutura da sede e a organização de uma galeria dos ex-presidentes do Tupi Futebol Clube.

O torcedor carijó poderá participar também de iniciativas realizadas no site oficial do Tupi. No espaço para o Centenário Carijó, além da programação, atualizada periodicamente, será escolhido "O Esquadrão do Século". Outra atração são os "Jogos Inesquecíveis", a leitura de crônicas sobre o Galo (de vários autores), a conferência do "Tabelão Histórico" (com os resultados das competições disputadas pelos Carijós) e da "Memória Visual" do Clube (com a galeria dos ex-presidentes, fotos das taças conquistadas e registros fotográficos históricos).

Os textos são revisados por Mariana Benicá

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