Matheus Brum Matheus Brum 18/01/2016

Violência fincando raízes

Nos dias de hoje, infelizmente, cada vez mais nos deparamos com uma violência explícita, que assusta e amedronta a todos. Seja por conta de sua opinião política, sexual, religiosa, ou até mesmo futebolística, estamos aptos a sermos agredidos a qualquer instante. Tudo isso é potencializado quando olhamos ao nosso redor e percebemos diversas guerras e confrontos étnicos que devastam países e populações.

Mas você deve estar se perguntando: o que isso tem haver com o futebol? Tudo, absolutamente tudo! Essa violência está começando a criar raízes nas novas gerações. Cada vez mais se vê crianças que não respeitam pais, avós, parentes, professores, diretores, etc. E, como o futebol é um reflexo da nossa sociedade, tal situação horrenda tem começado a se difundir entre os mais jovens.

Nesse final de semana, dois jogos da Copa do Brasil sub-15, tiveram pancadaria. Foram os jogos de São Paulo vs Grêmio (quatro expulsos) e Palmeiras vs Atlético-MG (um expulso). Nos dois casos, a Polícia teve que intervir para normalizar a situação, e a partida pudesse acontecer.

Além desses casos de violência dentro de campo, há ainda as situações de torcidas organizadas que brigam em plena Copa São Paulo de Futebol Júnior. Outro acontecimento estarrecedor foi o fato de vinte torcedores do Corinthians ficarem esperando o ônibus do time sub-15 para hostilizá-los por conta da eliminação na primeira fase do torneio.

Todas essas situações que citei acima só corroboram para o estado cada vez mais violento das pessoas. Esses garotos, desde cedo estão sendo expostos a diversos casos em que são obrigados a observar e conviver com a violência. Imagina um garoto desses, que muitas vezes joga bola por amor, ver seu ônibus sendo proibido de andar por causa de marginais travestidos de torcedores? Ou então, um atleta que faz um gol e quando olha pra sua torcida na arquibancada, vê as duas torcidas "se batendo", ao invés de comemorar? Você acabou de "matar" toda a alegria do "moleque" de estar dentro de campo. Ele pode ter feito "corpo mole", pode? Mas as vezes, simplesmente não estava num dia bom, ou o grupo está com problemas internos, com o treinador. Pode ser que os salários e ajudas de custo estejam atrasados. Há vários motivos para o fracasso em um jogo ou competição, mas nem por isso, se tem que querer agredir ou ameaçar alguém. Futebol é paixão! E paixão é o oposto da violência.

Por conta disso que não podemos reclamar da ida desses atletas para fora do País, nem que seja para lugares com pouca tradição no futebol. Lá, não há violência, não tem ninguém te esperando do lado de fora do estádio; não tem organizada invadindo treino, e muito menos ficar de "papinho " com presidente ou diretor de futebol.

Como esses garotos estão em fase de amadurecimento, esse contato, desde cedo, pode ser um divisor de águas negativo. O futebol nada mais é do que um reflexo da sociedade. Se estamos formando pessoas mais violentas, teremos mais jogadores violentos. Se conseguirmos educar nossas crianças, teremos mais atletas educados e prontos para lidarem com os desafios. Sei que é clichê, mas enquanto não tivermos uma política de segurança pública baseada na investigação e perseguição para quem causa violência, cada vez mais teremos cenas lamentáveis como essas...


Matheus Brum nascido e criado em Juiz de Fora, jornalista em formação pela Universidade Federal de Juiz de Fora, e desde criança, apaixonado pelo Flamengo e por esportes. Atualmente é escritor do blog "Entre Ternos e Chuteiras", estagiário da Rádio CBN Juiz de Fora e editor e apresentador do programa Mosaico é nascido e criado em Juiz de Fora.

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