Crise econômica passa longe das agências de viagens

Promoções de passagens feitas por companhias aéreas internacionais seguram mercado. Público acima dos 50 anos é o que mais viaja

Lucas Soares
Repórter
20/08/2015

Viajar é preciso. Um das frases mais famosas do português continua em alta no Brasil, mesmo com o país vivendo uma crise econômica. Seja em viagens domésticas ou para o exterior, as agências locais ainda não sentiram tanto o efeito do arrocho financeiro, mesmo com as moedas estrangeiras em alta, como o dólar e o euro.

Isto porque, já cientes da situação econômica em que se vive o Brasil, várias companhias áreas e grandes empresas especializadas em vendas de pacotes de viagens se adequaram rapidamente: com um câmbio fixo e promoções consideradas vantajosas, o brasileiro acaba sendo estimulado a sair de casa com ofertas convidativas. "A crise afetou todo mundo, diminuiu o movimento no comércio e o nosso, de prestadores de serviço. O agravante foi o dólar, que subiu, e isso influenciou ainda mais, porém, as companhias aéreas, principalmente as internacionais, se ajustaram ao mercado e criaram promoções de passagens. Hoje eu recebi uma promoção para Roma por US$ 600. Na conversão, fica na mesma coisa que era antes da alta do dólar. Não é sempre que isso acontece, mas existe. Além disso, a compra de passeios, excursões e hotéis diminuíram. Quem antes viajava e ficava em 4 ou 5 estrelas, diminui a categoria, o número de passeios. O que está acontecendo aqui na agência, é um ajuste", explica a proprietária da Fama Viagens, Fabiana Mendes.

Segundo Fabiana, assim como em outras crises vividas pelo país, as pessoas acabam se adequando com o passar dos meses. "Em um primeiro impacto, que é violento, as pessoas colocam o pé no freio. Depois se ajustam. Algumas agências de viagens fecharam, mas está no mercado aquelas que não concorrem com a internet, que oferecem prestação de serviços. Um plus naquilo que o cliente está comprando, como destinos importantes no mundo que estão sendo muito procurados e não tem muita informação para ir para lá, como países da Ásia", afirma.

Já a diretora da Interprice Turismo, Joana D'arc Araujo, revela que apenas em agosto houve uma queda, considerada natural no movimento. "Os jovens estão viajando menos. Os que viajam passaram a sair para dentro do país e menos para fora. O público acima de 50 anos tem renda fixa, se planeja e acaba viajando mais. Nós estamos fechando um pacote de 15 pessoas para a Grécia e Turquia, que custa R$ 17 mil pra cada um. É uma crise? Até julho não havíamos sentido nada. Agora houve uma diminuição, mas é baixa temporada", lembra.

Concorrência com a internet

Joana lembra que no início das vendas pela internet a concorrência chegou a afetar o mercado. No entanto, a situação hoje está estabilizada. "A maioria de quem compra pela internet são os jovens e esses vão continuar comprando. Mas as agências têm a confiança do mercado, tem onde recorrer caso aconteça algum problema", garante.

Já para Fabiana, o ponto mais importante é esclarecer que os valores cobrados pela internet e nas agências são similares. "Toda compra feita pela internet cobra uma taxa. A agência não cobra uma taxa, nós somos remunerados pelo fornecedor. Muitas vezes a nossa tarifa-acordo é menor das que são oferecidas pela rede. Criou-se um estigma de que pela internet é mais barato, mas nem sempre é assim. Uma cliente veio procurar uma viagem para Buenos Aires, na qual ela pesquisou em todos os sites, e estava um valor. Na hora de fechar a reserva, inclui o imposto local, no caso de Buenos Aires, 21%, e na hora que fecha a reserva, tem mais o custo do IOF de 6,5%. Na hora que esse valor é somado e convertido em real, fatalmente fica igual ou maior do que as agências trabalham, que já vem com todas as taxas incluídas e podendo parcelar em várias vezes. É uma falsa vantagem oferecida pela internet", conclui.

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