Artigo
Filosofar ? preciso!
:::31/10/2005

Na ?poca da faculdade, eu aprendi que os fil?sofos eram uns caras densos, que comiam livros, respiravam erudi??o e viviam solit?rios, enfurnados nas academias, num mundo ? parte, cheio de pensamentos dif?ceis de entender e, mais ainda, de colocar em pr?tica. A imagem era sempre a mesma: um homem velho, quem sabe at? meio doente, sem namorada, que n?o gostava de dan?ar nem de jogar futebol e que vivia literalmente no mundo da lua. Essas indaga?es que eles faziam sobre a vida eram geniais, atemporais e me faziam sentir bob?ssima. Se eles eram o m?ximo, e eu n?o entendia nada, ent?o - puxa vida! - onde ? que eu ia encontrar a minha sabedoria?

Por isso, agora estou achando tudo lindo! O "Fant?stico", da Rede Globo, colocou a filosofia na rua, numa s?rie com Viviane Mos? , o livro de Charles Feitosa sacramentou o casamento entre a filosofia e a arte no cinema, nos quadros e na fotografia no brilhante "Explicando filosofia com arte", e at? o "Saia Justa", no GNT, movido de sarcasmo e humor, aproximou nossos encontros e desencontros femininos, com a ?tima fil?sofa M?rcia Tiburi. Todos foram sucesso porque, mesmo causando certo desconforto no meio de estudiosos e contr?rios ao pensamento visto como espet?culo no hor?rio nobre, foi v?lido. A gente n?o quer s? comida...

Isso ? fato, baby. A filosofia anda mais pop do que nunca e, mais ainda, colorida, intercultural, feminina. Se penso e logo existo, posso muito bem assumir para mim a tarefa de filosofar. Assim como os grandes pensadores, a gente tamb?m n?o suporta viver com tantas incertezas e quer acertar. Filosofar definitivamente n?o ? uma atividade in?til, fora da realidade e incapaz de mudar o mundo, mas pode fazer a gente aprender a criar conceitos, se expressar melhor e conhecer melhor a n?s mesmas. A filosofia tem mais de dois mil anos e uma hist?ria intensa e apaixonante. O pensar preserva o compromisso de fazer com que as coisas tenham sentido. Somos sens?veis, criativas, capazes de trilhar bons caminhos a partir da nossa capacidade de pesquisar, aprender, questionar, qualificar e... filosofar! N?o nos subestimemos, mulheres!

Em tempo: ser? que Plat?o mudaria a id?ia do mito da caverna, em que ele coloca o mundo das id?ias mais importante que as imagens, se vivesse na nossa realidade formada de conceitos visuais?



Menina poderosa
Questionadora, precoce, bem informada. A irresist?vel Mafalda, personagem das tirinhas do cartunista argentino Quino, ? aparentemente, brincadeira de crian?a, mas o engajamento da doce menina que odeia sopa ? uma aula de filosofia. Contestadora, Mafalda faz perguntas sobre pol?tica, ?tica, cultura, cotidiano, racismo. Al?m das tirinhas, ela j? ? livro e me parece que, a partir dessa semana, vai estar na TV.



Filosofia de botequim
De boas inten?es, o inferno est? cheio. Se a informalidade do bar permite a discuss?o, ? preciso tomar cuidado para que isso n?o se torne uma filosofia barata, de botequim. N?o basta filosofar sobre os melhores princ?pios e ?ticas do mundo. Tem que agir nesse sentido, transformar as indaga?es em pr?ticas solid?rias, respons?veis e dignas.


Clique aqui e mande sua sugest?o sobre esta coluna

Andr?ia Barros ? jornalista
Saiba mais, clicando aqui!