A inclusão dos parceiros pode garantir o sucesso da gestaçãoO pré-natal do parceiro garante qualidade de vida para a gestante, além de diminuir a incidência de doenças nos homens e nos bebês
Colaboração*
29/10/2010
O pré-natal do parceiro, nome dado à estratégia desenvolvida por especialistas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, pode garantir o sucesso do período de gestação da mulher. O objetivo é incluir o parceiro no pré-natal, com orientações sobre gravidez, sobre o tratamento da gestante, além do diagnóstico de doenças no homem. "É uma estratégia de saúde que acolhe, inclui e cuida dos parceiros", explica o médico do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Geraldo Duarte.
Ações
Segundo o médico, a participação do parceiro é solicitada desde a primeira consulta. Durante o pré-natal, são realizadas ações que vão desde orientações a cuidados com a saúde. Um dos componentes da estratégia é a abordagem humanística, onde os parceiros tomam conhecimento do processo da gestação e de suas consequências na saúde e no corpo da mulher. Para o médico, o homem fica mais próximo da mulher à medida que entende as necessidades delas e a transformação do corpo. "A grávida tem mais sono, fica mais lenta e o marido precisa entender."
Outra ação é a inclusão do homem no tratamento da gestante. A partir do momento em que o parceiro tem conhecimento sobre medicações e recomendações médicas, ele pode auxiliar no sucesso da gravidez. Além disso, são feitos exames para detectar possíveis doenças infecciosas, como HIV, hepatite e sífilis. Com isso, diminui o risco de transmissão para a mãe e para o bebê. São feitos também exames de glicemia, colesterol e pressão arterial. O médico ressalta que o objetivo é incentivar o homem a cuidar da saúde. "O trabalho do ginecologista não é tratar o homem, e, sim, fazer o diagnóstico e encaminhá-lo a um tratamento. A gente busca esse parceiro para a saúde através do pré-natal."
Barreiras
Um dos entraves à estratégia é a resistência oferecida por alguns homens. Um dos motivos é a burocracia nos hospitais, que, muitas vezes, impede o parceiro de acompanhar a gestante e não oferece estrutura para acolher o acompanhante. Outro ponto é a falta de informação, que faz com que muitos homens não deem a devida importância ao pré-natal. Além disso, o medo do diagnóstico de doenças e a falta de apoio das empresas, que não abonam faltas dos companheiros, são fatores que afastam os homens dos consultórios.
Benefícios
Os resultados do pré-natal do parceiro vêm sendo estudados há cinco anos pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e já podem ser mencionados. O apoio durante a gestação traz, entre outros benefícios, mais eficiência aos tratamentos das gestantes, que são monitorados pelos parceiros; mais segurança na hora do parto; redução de doenças, como hipertensão arterial, colesterol e glicemia entre os homens, e a redução da transmissão de doenças infecciosas, como HIV, sífilis e hepatite B e C. Foi registrado, ainda, queda nos índices de violência. Isso, devido à cumplicidade entre os parceiros, reflexo do conhecimento sobre a gestação e seus processos no corpo da mulher.
Os benefícios também podem ser notados no período pós-natal, onde o parceiro se torna mais presente, auxiliando na amamentação e participando no período pós-parto, fase onde a mulher sofre transformações no corpo. Além disso, foi constatada a diminuição nos índices de depressão pós-parto, de alcoolismo e de depressão nos homens.
*Isabela Lobo é estudante do 8º período de Comunicação Social da UFJF.
Os textos são revisados por Thaísa Hosken.
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