Formaturas são mantidas e exigem cuidados contra Gripe ASecretaria de Saúde recomenda evitar locais com aglomerações. Eventos estão limitados a 800 pessoas ou a 70% da capacidade do local

Pablo Cordeiro
*Colaboração
21/8/2009

Em decorrência das restrições e medidas de segurança divulgadas pela Secretaria de Saúde (SS) contra a Gripe A (H1N1), eventos de grande porte sofreram cancelamento ou alteração nas datas. Entretanto, a mesma atitude não foi tomada em relação à maioria das festas de formatura.

O formando em Odontologia, Marcos André, fala que a missa, colação e baile de formatura chegaram a ser cancelados, porém foram remarcados para a mesma data. Ele diz que conhece a facilidade da transmissão do vírus em locais de aglomeração, mas que é inevitável não comparecer à festa. "Tenho receio, principalmente por ter criança em casa. Já tomo os cuidados para me prevenir e na festa vou procurar o álcool gel".

A formanda em turismo Tatiana Alves também quase teve sua festa cancelada. "Preferimos o adiamento, mas não teve necessidade. A empresa disponibilizou álcool gel e papel toalha no baile." Entretanto, ela destaca que os convidados não se preocuparam com a segurança e medidas de prevenção da gripe durante a comemoração.

Segundo o médico infectologista Ronald Roland, os maiores riscos de transmissão do vírus estão justamente nos locais de aglomeração. "É necessário ter atenção nesses locais, pois a proximidade e o contato são os principais vetores de contaminação", lembra. Segundo as orientações firmadas pelo subsecretário de vigilância da saúde da PJF, Ivander Mattos, os eventos estão limitados a 800 pessoas ou lotação a 70% da capacidade do estabelecimento.

A diretora de uma empresa de formaturas e eventos, Viviane Miranda, afirma que todas as orientações da SS estão sendo seguidas à risca, por isso não houve necessidade de cancelamentos. "Tivemos que transferir uma colação de grau para um local maior e mais ventilado por causa do número de pessoas." A empresa disponibiliza álcool gel, papel toalha  e máscaras cirúrgicas, desde que o cliente requisite. Entretanto, segundo ela, poucos fazem a exigência.

A proprietária de uma empresa que fornece becas para eventos, Luciane Liparini, também atenta para a falta de preocupação dos contratantes e destaca que os cuidados tomados pelos funcionários são de iniciativa da empresa. "Ninguém pede cuidados especiais. Como temos contato com mais de mil pessoas nos eventos, temos a consciência de que é preciso prevenir." Ela comenta que apenas uma colação de grau foi adiada na cidade pela ineficiência da ventilação do local, contra seis cancelamentos no Rio de Janeiro.

A advogada de uma empresa de formaturas, Maíra Reis Pimenta, afirma que as recomendações da SS são obrigatórias no estabelecimento. "Seguimos a limitação de 800 pessoas e quando o público é menor, calculamos 70% com referência no laudo do Corpo de Bombeiros." Segundo ela, dispositivos de álcool gel estão expostos em locais visíveis e as portas sempre abertas. Sobre as máscaras, a advogada salienta que não são disponibilizadas, pois esta ainda não é uma orientação da SS.

"Para os funcionários que apresentam qualquer sintoma de gripe, a orientação é de que  retornem para casa", afirma Maíra. Em relação aos convidados que, porventura, manifestarem tais sintomas, a empresa não tem meios para agir, pois cabe a cada um seguir o bom senso. Ela também ressalta que nenhum evento sofreu cancelamento ou adiamento.

O pior da gripe ainda está por vir

O infectologista Ronald Roland diz que, ao contrário do que tem se pensado, não há comprovação real do recuo do vírus Influenza A. "Temos apenas a sensação de que os casos estão diminuindo, mas nada está comprovado, até porque o pico da doença está previsto para terceira semana de agosto."

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta sexta-feira, 21 de agosto, que o pior da pandemia da nova gripe ainda está por vir. Segundo a expectativa da OMS, mais duas ondas do vírus ainda podem aparecer. A recomendação continua para priorizar os casos de grávidas, que são mais suscetíveis ao vírus, e de pessoas com males respiratórios, doenças cardiovasculares, diabetes, desordens autoimunes e obesidade. Mil e oitocentas pessoas morreram no mundo desde abril, com a explosão da doença.

Os textos são revisados por Madalena Fernandes

Os textos são revisados por Madalena Fernandes


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