Pouco visitado, "lado B" do continente europeu é rico em cultura e história

Segundo o estudante Fabrício Maciel, o custo de vida é bem mais barato do que no Brasil, sem contar a qualidade dos produtos

Andréa Moreira
Repórter
11/10/2012
Castelo de Napoleão em Paris

O continente europeu possui uma riqueza histórica que ultrapassa as barreiras dos seus territórios. Arquitetura, monumentos, museus, praças e muito mais compõem um ambiente que faz com que a pessoa aprecie cada época antepassada. O estudante Fabrício Maciel morou em Berlim, na Alemanha, durante três meses, entre 2009 e 2010. Após um breve regresso ao Brasil, Maciel retornou para o país europeu em 2010, para complementar os estudos no doutorado em Ciências Sociais e aperfeiçoar o curso de alemão. Durante o tempo em que esteve no Velho Continente, Maciel conheceu vários lugares e em entrevista ao Portal ACESSA.com contou um pouco desta história. "No primeiro semestre residi em Freiburg, cidade pequena, turística e estudantil, no sul da Alemanha. Depois morei em Berlim, capital considerada mais cult da Europa, e naturalmente o lugar mais cosmopolita da Europa, sendo também a capital mais barata dentre as grandes, comparando-se com Paris, que conheci bem, e Londres, que não conheci."

Maciel afirma que a nova geração alemã é geralmente marcada pela experiência e pelo ideal do multiculturalismo, o que significa tolerância e interesse em culturas fora da Europa. Para ele, o nazismo, além de um tabu mais do que justo, é um tema ausente entre a juventude. "Diferente do mito do alemão pontual, rígido e turrão, a juventude alemã hoje é interativa, curte baladas mesmo no mais rigoroso inverno, é cosmopolita, viaja, procura interagir e receber bem os estrangeiros, principalmente os latinos", conta.

O estudante destaca outro lado bom da Alemanha. "A infraestrutura e a qualidade de vida são impressionantes. Se você ganha em euros e pertence a classe trabalhadora, os custos de aluguel e principalmente os de alimentos são impressionantes. O custo de vida é bem mais barato do que no Brasil, sem contar a qualidade dos produtos. A segurança pública e o transporte são impecáveis, acima de qualquer crítica."

França

Já na França, Maciel preferiu conhecer os pequenos recantos. Ele acredita que o turista deve fugir dos pontos centrais e descobrir bairros periféricos. "Paris hoje é uma cidade morena. Infelizmente, já vivencia uma pequena violência urbana, desorganização e trânsito um pouco caótico, diferente de Berlim. Não aconselho que se perca tempo com museus, pois são realmente inúmeros, impossível de se ver. O turista alternativo deve se orientar por um mapa, andar um pouco de metrô para acessar bairros alternativos e caminhar pela cidade, principalmente à noite."

Além disso, Maciel afirma que a culinária e os vinhos são sensacionais, porém, um pouco mais caros do que na Alemanha. Mas um dos pontos marcantes da França foi conhecer lugares alternativos.

"Conheci a região da Alsácia, histórico território de disputa no passado entre a França e a Alemanha, que apresenta arquitetura muito mais alemã do que francesa. Por lá, em um pequeno tour de carro ou ônibus, o turista pode conhecer pequenas vilas e não ficar preso à imagem da grandeza europeia. Nestes pequenos lugares, é possível encontrar feiras culinárias e artesanais, bem como o contato com o povo europeu de fato, ou seja, a classe trabalhadora que, ainda que viva melhor do que a brasileira, é uma classe mais humilde e menos cosmopolita, mais aconchegante e interessante para quem deseja uma visão mais ampla sobre os franceses."

Suíça

Outro país que o estudante conheceu durante a estadia na Europa, foi a Suíça, considerado por ele um lugar mais distinto, menos populoso e muito mais caro. "O clima social é de fato um pouco mais 'frio', pois o nível de renda é alto. A infraestrutura e qualidade de vida ainda mais impecáveis do que na Alemanha e principalmente do que na França. Porém, não é um retrato muito confiável do país como um todo," ressalta Maciel ao destacar que conheceu apenas a cidade de Basel.

O brasileiro afirma que a beleza do mundo antigo, a segurança pública nas ruas e a facilidade dos transportes foi o que mais o agradou durante sua viagem. "Gostei muito do clima em torno do rio de Strasbourg na França, do castelo de Heildelberg, das gôndolas em Tübingen, do lado B de Berlim e dos parques e lagos de Freiburg, nos quais a juventude se diverte no verão. Em Berlim, próximo a famosa praça Alexander Platz, encontra-se uma pequena praça com um busto de Marx. Para quem pretende viajar para a Europa, também recomendo conhecer alguma das famosas saunas nudistas em Friedrichhein, em Berlim, e viver uma experiência diferente com o próprio corpo, de modo a escapar dos clichês da mídia sobre o tema."

Outra facilidade apresentada por Maciel durante o tempo que passou na Europa é sobre a facilidade em transitar de um país para outro dentro do continente. "O trem é muito prático e barato. Do sul da Alemanha você vai para a Itália. De qualquer lugar na Alemanha, se segue para a França. A burocracia é zero. Do Norte da Alemanha você vai para a Hollanda ou para Praga. Para quem vai ficar um bom tempo, vale ver e comprar os cartões promocionais que dão desconto de até 50%. Resumindo tudo muito fácil e barato."

Perguntado se encontrou alguma diferença cultural em relação ao Brasil, Maciel responde que o primeiro problema é definir o que seja cultura. "Se pensarmos em cultura com 'c' minúsculo, coisas do tipo, clima, culinária, comportamento social, etc., de fato existem diferenças. Mas se pensamos em cultura com 'C' maiúsculo, como aprendemos na academia, acredito que vivemos hoje em um mundo globalizado, ou seja, não existem mais rígidas culturas nacionais," afirma o estudante, avaliando o frio como sendo um dos maiores problemas. "É bom aprender a estar corretamente vestido. Em qualquer loja mais barata pode comprar roupas apropriadas. No inverno rigoroso, é bom ter botas, ceroulas, meias grossas, cachecol, luvas, toucas e casacos realmente pesados."

Maciel termina com um conselho para as pessoas que pretendem conhecer o Velho Continente. "No geral, gostaria de dizer que o turista precisa evitar o stress. Pacotes de viagens aparentemente baratos te levarão a um turismo lado A, muito corrido, onde você vai ver grandes coisas com pouca percepção. O ideal é um turismo lado B, programado com tempo e por conta própria. Se você está andando por alguma rua, curta aquela rua sem pensar na próxima. Evite milhões de fotos que tomam muito tempo. Evite comprar mil lembrancinhas porque vai pesar na bagagem e tomar seu tempo e energia para apreciar o que as cidades realmente têm de bonito e agradável para oferecer."

Ruína interna do castelo de Heidelberg - Alemanha Jardim de Napolão - Paris Jardim de famoso hospital em Bonn - Alemanha Castelo de Heidelberg - Alemanha Casa de Simone Weil - Paris Escultura em jardim - Paris Jardim - Berlim Arquitetura e igreja - Alsácia Arco do triunfo - Paris Alsácia - França Visita de Bento XVI em Freiburg Vista panorâmica de Paris Teatro municipal de Freiburg - Alemanha Ponte sobre o rio Senna - Paris Torre Eiffel - Paris Strasbourg - França Strasbourg - França Stuttgart - Alemanha Portão e ponte de Heidelberg - Alemanha Parte interna do castelo de Heidelberg - Alemanha Jardim de Napoleão - Paris Jardim de Napoleão - Paris Castelo de Napoleão Paris - França Mesquita na rua Augusto Comte - Paris Mesquita antiga - Potsdam Manifestação árabe diante de prédio histórico - Paris Museu da Porshe - Stuttgart Lugar atual do antigo muro de Berlim - Alemanha Busto de Marx - Berlim Teatro municipal de Freiburg - Alemanha Universidade de Freiburg, onde Heidegger foi reitor no nazismo - Alemanha

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