Paulo César Paulo César 12/11/2011

Roteiro cheio de clichês e direção fraca decretam fracasso de Reféns

Pode-se dizer que Reféns é um filme bem ao estilo de seu diretor, Joel Schumacher, que mescla seu talento para conduzir bem intrigas, mas também sua maior capacidade, ainda, de diluir o filme em obviedades estapafúrdias e desinteressantes. Um grande fracasso nas bilheterias americanas, que, ao que parece, terá o mesmo destino nas brasileiras.

O filme conta a história de uma família que vive em uma mansão hi-tech e superprotegida. O chefe da família, Kyle (Nicolas Cage), um negociante de diamantes, muito dedicado ao trabalho e que se mostra distante de sua esposa Sarah (Nicole Kidman) e a filha Avery (Liana Liberato). Mas quando a casa é invadida por bandidos, e eles, feitos reféns, Kyle mantém-se firme para tentar proteger sua esposa e a filha.

Logo na premissa o desenrolar do filme é o mais esperado possível. O roteiro de Eli Richbourg e Karl Gajdusek é um tanto primário e estranho. A quantidade inesgotável de reviravoltas na tentativa de capturar a atenção do público é quase amadora. Muita gente pode, com certeza, pensar que escreveria algo melhor. Mesmo carregado com essa aura de um cinemão B, o longa poderia funcionar se a opção por uma reviravolta só perdurasse até o fim.

O que prende o espectador até o inevitável momento da decepção é o já pueril talento de Schumacher. Apesar de se apresentar frágil desde o início, o filme carrega uma certa expectativa até o momento da invasão da casa. Entretanto, como se viu em seu Número 23, a certa altura, o diretor de filmes como O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas e O Cliente, em que mostrou seu talento, e ganhou fama, sai de cena e dá lugar ao Midas às avessas que tentou destruir a mística do homem-morcego no cinema, com Batman Eternamente e Batman e Robin, felizmente honrada por Chris Nolan em 2005 (Begins) e 2008 (O Cavaleiro das Trevas). Sua direção torna-se vacilante, e a mesma com inocência em que o roteiro foi desenvolvido, o diretor conduz o grande ápice repleto de clichês decepcionantes. O ritmo explosivo e rítmico é como os videoclipes que costuma dirigir.

Nicole Kidman recém-saída das trevas com Reencontrando a Felicidade, ano passado, só se destaca pela plástica horrível de seu nariz. Já Cage, está bem abaixo da sua primeira parceria com o Schumacher em 8mm. É constrangedor se compararmos seu desempenho com quando interpretou os adoráveis canastras de Coração Selvagem, Despedida em Las Vegas e Adaptação.

Enfim, Reféns é um filme modorrento, abaixo de qualquer crítica profunda, e que, provavelmente, não irá recuperar nem mesmo o dinheiro do cachê dos protagonistas. Para Joel Schumacher fica a esperança de esse não seja o último filme do resto de sua vida.


Paulo César da Silva é estudante de Jornalismo e autodidata em Cinema.
Escreveu e dirigiu um curta-metragem em 2010, Nicotina 2mg.