Mais de três décadas depois, Ridley Scott volta ao universo de Alien para discutir a origem da vida em Prometheus
Uma das mais sombrias e fascinantes sagas da história cinematográfica tem um reinício. Prometheus, dirigido por Ridley Scott, que conduziu o pioneiro Alien – O oitavo passageiro, em 1979, busca no grande mistério que atiça o imaginário da humanidade, a origem da vida, a fórmula para dar início a uma nova e grandiosa aventura. É uma oportunidade de o público conhecer a origem da ficção que marcou toda uma geração.
Em 2089, os cientistas Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e Charlie Holloway (Logan Marshall-Green) descobrem em uma caverna em uma ilha na Escócia, gravuras feitas por uma sociedade antiga. Dois anos depois, a trilhões de quilômetros da Terra, eles se juntam à tripulação da nave Prometheus, chefiada pela empresária Meredith Vickers (Charlize Theron) e composta também por outros cientistas, além do andróide David (Michael Fassbender), para tentar confirmar se as informações que decifraram nas pinturas os levariam mesmo aos criadores da vida em nosso planeta.
A premissa do filme encanta até quem não é fã de ficção científica e não assistiu a nenhum dos exemplares da franquia Alien. Os roteiristas Jon Spaihts e Damon Lindelof partiram de uma única passagem do primeiro longa, quando Ripley (Sigourney Weaver) e seus companheiros encontram o "jóquei espacial" (um grandalhão com exoesqueleto ossudo), e então, criam toda uma mística de um dos nós não desfeitos da saga: quem era ele? Além disso, temperam o texto com uma discussão em torno de crença e da fragilidade do ser humano perante algo que não consegue compreender.
Ridley Scott não tinha muito o que mudar na composição fílmica em relação a outras obras do gênero, então, investiu no teor sombrio que diferenciaram seus filmes de outros. A direção de arte se mantém fiel ao primeiro e aposta em efeitos visuais modestos, que entram em ação mesmo com as criaturas bizarras e a parafernália futurista. Porém, um dos obeliscos de seu trabalho está na fotografia de Dariusz Wolski, formidável.
Entretanto, o longa não chega a ser empolgante como O oitavo passageiro conseguiu ser. A falta de respostas às diversas interrogações que vão brotando ao longo do filme e o ritmo lento em que a trama se desenvolve minam o interesse do público. Sim, talvez seja um refém da responsabilidade de abrir uma provável trilogia, mas, ainda assim, peca ao incluir pouca ação, um dos itens indispensáveis ao gênero.
Michael Fassbender prova que sua boa fase ainda se mantém e dá vida (ou funcionamento, já que não é humano) ao andróide David de forma perfeita, como tem de ser uma inteligência artificial. Noomi Rapace é a mais nova camaleoa do momento e compõe um personagem que deixa transparecer sua humanidade nos momentos de dor e no apego que tem com a fé. Dos principais, só Charlize Theron poderia ter dado um pouco mais, mesmo assim, fica na média.
O que fica claro é que se trata de uma introdução a uma nova busca, que ainda não sabemos bem o que é, e que os roteiristas terão de quebrar a cabeça para criar. Mas Prometheus ficou abaixo do que se esperava dele. Mas pelo modo de como começa e termina, merece ser poupado de críticas pesadas até sua provável continuação. Este sim poderá definir se o longa foi sacrificado por servir de trampolim, ou que não passou mesmo de uma tentativa frustrada de Ridley Scott em reviver o tempo em que se tornou um messias da ficção científica.
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Paulo César da Silva é estudante de Jornalismo e autodidata em Cinema.
Escreveu e dirigiu um curta-metragem em 2010, Nicotina 2mg.
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