Tradição da Folia de Reis é retratada em páginas de livro

Obra conta a história da festa na cidade de Aiuruoca, em Minas Gerais. Juiz-forana Marcia Zoet é uma das autoras do trabalho

Jorge Júnior
Repórter
29/5/2012
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A tradição centenária da Folia de Reis, ritual católico popular que rememora a visita dos Três Reis Magos a Jesus, é retratada por meio de fotos da juiz-forana Márcia Zoet, contada pelos textos da historiadora Ana Lucia Queiroz e transcritas por Pedro Bruschi, por meio das partituras das ladainhas, no trabalho de 121 páginas, que leva o nome de Folia de Reis: Imagens, Receitas de Ladainhas.

A obra, segundo Márcia, é fruto de uma pesquisa que começou em 2010, na cidade de Aiuruoca, em Minas Gerais. "Eu e a Ana Lucia conhecemos a região em 2007. No local, os moradores falaram muito da tradição da festa, nos deixando curiosas. Porém, na época não podemos fazer o trabalho, mas em 2010 conseguimos realizar a produção, que terminou com o acompanhamento do giro (festa que ocorre no dia de Natal às vésperas do Dia de Reis, momento ritual de circulação de dons) e a Festa de Reis de 2012 da cidade."

Ainda sobre a obra, a fotógrafa conta que foi uma experiência incrível. "O envolvimento com a comunidade foi algo muito interessante. Com o produto em mãos, montamos um projeto e conseguimos, no final de 2011, o patrocínio para lançarmos a obra", conta. Então, de 25 de dezembro do ano passado, até o dia 6 de janeiro de 2012, a festa popular foi acompanhada pelos autores. "Retratamos o evento através do olhar dos moradores, saindo com eles para fazermos o giro, e também com todas as outras pessoas envolvidas com a festa", diz.

O resultado desse trabalho é descrito logo na página seis do livro, pela historiadora e doutora em educação, Teresa Van Acker. "Outra luz, outro ritmo, outras vozes retratam diferentes distâncias e proximidades. Maiores distâncias entre as casas do Vale da Pedra e maiores proximidades entre pessoas e gerações, promovidas pela Festa dos Santos Reis. Uma festa cíclica articuladora de todos os setores da comunidade que, a partir das ações do festeiro e da Companhia de Reis, reconstrói um patrimônio cultural, dando sentido atual a um passado tradicional que existe há 120 anos."

A festa

Além disso, Márcia também enfatiza que a festa é uma das mais importantes daquela região do Vale da Pedra. "É uma manifestação centenária e popular, que tem mais de 120 anos. Mestres, contramestres, alferes, tocadores, cozinheiras, ajudantes e festeiros se unem com uma única intenção: celebrar os Reis", acrescenta.

Com esse objetivo, a juiz-forana explica que entre os dias 25 de dezembro até o dia 3 de janeiro, os grupos percorrem sítios, fazendas e casas entoando versos relativos à visita dos Reis Magos ao menino Jesus, guiados por bandeiras, imagens sagradas através da qual abençoam os devotos e suas residências, além dos negócios e os animais. "Sempre cantando com uma ladainha, pedem ofertas convidando a todos para a festa." Já no dia 6, Dia de Reis, é realizada a comemoração e as bandeiras são guardadas para saírem no ano seguinte.

Para que o livro fosse feito, Márcia garante que não encontrou dificuldades, mas no início foi necessário se apresentar a população, para que eles entendessem o que seria feito. "Mostramos que era um projeto da comunidade e eles ficaram envolvidos. O primeiro lançamento, realizamos na cidade e distribuímos livros para os indivíduos retratados e escolas da região, como uma forma de contribuir para a cultural local."

Na verdade, Marcia destaca que o maior objetivo da produção é resgatar, preservar a cultura da comunidade de Aiuruoca, para que as próximas gerações saibam e não apaguem esta tradição. "O livro inteiro foi bom de fazer. Pensamos em toda produção, desde as fotos até as partituras que constam no livro."

Fotos: Márcia Zoet
Os textos são revisados por Mariana Benicá

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