Futebol na ponta dos dedos ultrapassa barreiras da idade
Janilson Pereira, campeão brasileiro de futebol de mesa, revela que o hobby proporciona as mesmas emoções que a modalidade de campo
*Colaboração
8/4/2010
Nada de brincadeira de criança, ou melhor, apenas de criança. O futebol de mesa, ou de botão, como é muito conhecido entre os mais vividos, é um esporte praticado por pessoas de todas as idades. Além de promover a diversão entre amigos, desperta o espírito competitivo de forma saudável. Os campeonatos têm regras até mais complicadas que a modalidade nos gramados. Quem conta é o botonista Janilson Pereira, de 36 anos, casado, praticante da modalidade desde 1984, e atual campeão brasileiro pela Confederação Brasileira de Futebol de Mesa (CBFM) - Regra 3 Toques.
Segundo ele, a fascinação pelo esporte começou há 26 anos, quando tinha apenas 11 anos. "Era um hobby. Eu e meus amigos passávamos em frente a um lugar em que as pessoas praticavam o futebol de mesa. Ficamos interessados e começamos a jogar também", diz o botonista, que já disputou mais de 200 jogos oficiais e venceu campeonatos locais, regionais e o nacional.
No Tupi, clube que defende, Pereira joga com adolescentes de 13 anos até idosos de 60. Da sua atual equipe, apenas dois são da época da infância. "O segredo do botão é não desistir. As regras são complicadas e o treinamento deve ser frequente. Muitos começam a jogar, perdem algumas partidas e desanimam. É preciso ter persistência", exalta o campeão.
Para os iniciantes, Pereira oferece a dica para um bom ataque. "O macete é elaborar a jogada e proteger. Ir pelas pontas, colocando os jogadores mais perto, para depois lançar para o gol. O chute só pode ser feito com a jogada começando no ataque ou depois de um passe na zona avançada. Não se pode bater para o gol no segundo toque."
A regra de três toques é a mais parecida com o futebol de campo, pois evita as grandes goleadas e possibilita a armação das jogadas. "Já vi partidas de 50 minutos que terminaram em 0 a 0. É bem complicado, principalmente para os iniciantes. Cada palhetada deve ter no máximo dez segundos."

Pereira convida os interessados para apreciarem o esporte nos encontros que a equipe do Tupi realiza todos os sábados, às 14h, na sede social do clube, localizada entre as ruas ruas José Calil Ahouagi e Benjamin Constant.
Apoio familiar
E a família? Engana-se quem pensa que Pereira viaja sozinho para disputar os campeonatos. Sua esposa, Ana Paula da Silva Capute, sempre acompanha o marido e, claro, torce bastante pelo sucesso do desportista. "Não é comum ver mulheres acompanhando, mas quando a conheci já jogava botão, não teve jeito de escapar", brinca.
Embora a filha, Amanda, de 10 anos, declare não gostar, ela também acompanha o pai nos confrontos. O sobrinho, 10, brinca de jogar futebol de botão, mas ainda sente dificuldades pelo tamanho, pois, de acordo com as regras, o jogador deve sempre manter um dos pés apoiado no chão. Na agenda de Pereira, os próximos destinos são Brasília, para a disputa da Copa do Brasil, em agosto, e o Brasileiro em Americana, São Paulo, em novembro.
Falta de apoio
Flamenguista desde que nasceu, além do time do coração em acrílico, o botonista também defende a bandeira do Werder Bremen, equipe da primeira divisão do futebol alemão. Segundo Pereira, mesmo com as conquistas e destaque, o esporte é um hobby e uma paixão que ele garante levar pela vida toda. "Parei por alguns anos. Em Juiz de Fora, não existe apoio nem investimento. Já joguei por muitos clubes e hoje defendo o Tupi, único a oferecer um espaço para a prática na cidade. A gente gasta muito dinheiro com viagens e com o time. Mesmo assim, vou jogar até não poder mais", ressalta.
Segundo Pereira, há anos, mais clubes ofereciam a modalidade esportiva em Juiz de Fora, mas, justamente, pela falta de recursos, todos desistiram. "Juiz de Fora teve épocas que ganhava campeonatos, depois parou. Alguns saíram para o Rio de Janeiro e para Belo Horizonte." Os botonistas também investem tempo e dinheiro. O botão de acrílico para o esporte é moldado com seis centímetros de diâmetro e com entradas de ar. O preço varia de R$ 250 a R$ 300 para o time completo, sem os reservas.
*Pablo Cordeiro é estudante do 10º período de Comunicação Social da UFJF
Os textos são revisados por Madalena Fernandes