Ex-prefeito Bejani acredita que só a união entre os poderes pode solucionar a situação da saúde em JF

O político, que esteve à frente da cidade durante dois mandatos, também avalia que a cidade deixou de ser industrial para atender ao comércio e ao serviço

Nathália Carvalho
Repórter
22/8/2012
Carlos Alberto Bejani

Dando continuidade às entrevistas com ex-prefeitos de Juiz de Fora, por meio da proposta do Portal ACESSA.com de analisar o cenário juiz-forano sob a ótica de quem já esteve à frente do Executivo municipal, chega a vez de Carlos Alberto Bejani (PSL).

A intenção é verificar o que os ex-prefeitos pensam, sugerem e criticam com relação aos diferentes segmentos da cidade. Bejani governou Juiz de Fora durante dois mandatos, sendo o primeiro entre 1989 e 1992, e o segundo, entre 2005 e 2008, quando o mandato foi interrompido com a renúncia de cargo.

O principal ponto de crítica de Bejani, com relação aos problemas enfrentados pela cidade, refere-se às condições de saúde pública. Pelo fato de Juiz de Fora ser uma referência neste âmbito para as outras cidades da região, a demanda de atendimento, médicos e medicamentos acaba sendo elevada e comprometendo a qualidade dos serviços prestados. "Todas as cidades próximas mandam doentes para Juiz de Fora e não podemos negar atendimento. Mas os 14% obrigatórios de serem destinados à saúde não conseguem suprir tamanha necessidade. É necessário pedir força aos governos estadual e federal", esclarece Bejani.

Para ele, a situação de dependência dos municípios próximos é absurda e, se o orçamento disponível na Prefeitura não consegue atender aos próprios juiz-foranos, fica inviável continuar prestando assistência aos moradores de outras localidades. "O que acaba acontecendo é que vem uma pessoa de outra cidade e tira a vaga de um doente daqui, porque não podemos deixar de atender. Mas esta saúde deficitária não é culpa dos prefeitos. Toda a arrecadação e dinheiro que chega em Brasília vem dos municípios, exatamente para atender a essas demandas", expõe.

Uma possível solução para o impasse político, na visão de Bejani, seria a união de forças entre os chefes dos Executivos da região, com apoio do governo federal. "Não estamos no momento de construir viadutos e mergulhões, essas obras podem esperar. É necessário buscar recursos para a saúde, além de exigir uma mudança constitucional. Quem tem que resolver essa situação é a presidência, oferecendo opções de atendimento dignas dentro de todas as cidades, para que não haja essa dependência." Além disso, ele entende também que, além da verba da saúde, dos outros gastos fixos de educação e folha de pagamento dos funcionários, a Prefeitura não encontra montante suficiente para cuidar das outras necessidades da cidade e, mais uma vez, a ajuda do governo se torna relevante.

Potencial do município

Outra questão levantada pelo ex-prefeito é o fato de Juiz de Fora ser uma cidade essencialmente comercial e prestadora de serviços. "Não somos mais um expoente industrial há muito tempo. Não adianta trazer, por exemplo, uma empresa metalúrgica para cá se não existe mão de obra para realizar o serviço. Vai haver geração de emprego sim, mas de desempregados do Rio, Belo Horizonte e São Paulo."

Bejani acredita que, pelo fato de a cidade oferecer uma educação e formação essencialmente comercial, tais postos de trabalho não são bem aproveitados pelos próprios moradores. Diante disto, os investimentos deveriam ser remanejados para outros pontos, como educação, saúde e serviços.

Força política

Às vésperas das eleições municipais, Bejani afirma que o grande diferencial do candidato será a força política junto aos governos. "A gestão atual está muito focada no concreto e deveria avaliar melhor as necessidades básicas da população. O governo do Estado está quebrado, mas ainda assim, o novo prefeito deve buscar sempre estreitar as relações em busca de auxílio", explica.

Sobre as pesquisas e rumos eleitorais, o ex-prefeito esclarece que ainda é cedo para afirmar possíveis vencedores e que, novamente, a força política atuará como elemento importante. "A realidade que mostra uma pesquisa agora é da campanha sem propostas, sem a cara do candidato. A partir desta semana, com o horário eleitoral, o cenário vai começar a ser definido e veremos a realidade das campanhas."

Os textos são revisados por Mariana Benicá

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