Leon Cleveland Leon Cleveland 29/05/2015

The Witcher 3: The Wild Hunt

tecQuando falamos de obra-prima no mundo dos games é um assunto que gera uma discussão (sempre muito amigável) sobre o próprio conceito de obra-prima, porque realmente é complicado definir um jogo que seja obra-prima. Mas, geralmente, este status é conferido ao jogo que consegue não só uma boa recepção pública ou midiática, mas bem como consegue trazer inovação, seja criando um novo estilo ou reinventando ele, ter os aspectos estéticos bem afinados e possuir história e narrativas que prendem seus jogadores.

Quem definiu esse contexto foram dois jogos lançados em 1998: O primeiro deles foi Metal Gear Solid (PSX), trazendo à tona toda uma mudança no aspecto narrativo dos jogos, com um enredo envolvente e que marcou uma geração inteira. O outro jogo de 1998, e talvez até mais importante que o MGS, que é uma obra-prima e tem sido usado como sinônimo disso por mais tempo que eu consiga me lembrar é o The Legend of Zelda: Ocarina of Time (N64). Muito elogiado e premiado pela forma como, praticamente, reescreveu a si mesmo e todo um gênero de jogos de ação/RPG/exploração, deixando uma marca eterna na geração mais feliz de todos os tempos (minha opinião).

Desde então, vemos a mídia numa busca incessante atrás de cada Ocarina of Time da geração. Na geração a seguir, GTA (3, Vice City e San Andreas, todos para PS2), Halo (para o Xbox original) e Resident Evil 4 (PS2 e GameCube). Na geração passada, tivemos Dark Souls e Bioshock como os grandes títulos obra-prima.
E parece que a obra-prima dessa geração chegou bem cedo. Queridos internautas, testemunhem o jogo que já pode ser chamado como "definição de uma geração"... The Witcher 3: The Wild Hunt. Sério. Quando eu vi, na E3 do ano passado, o trailer deste jogo, eu confesso que fiquei curioso. Nunca joguei os Witchers passados e o jogo conseguiu prender minha atenção e atiçar minha curiosidade. A polonesa CD Projekt Red (desenvolvedora) abusou de mim, liberando trailers (DUBLADOS!) da história do game (que descobri, posteriormente, ser baseada numa série de livros poloneses) e mais trailers do próprio game. Não resisti. Embarquei no Trem do Hype também.

Quando tive a oportunidade de jogar este game completo, logo nos primeiros minutos do jogo eu já tive a certeza de que Witcher 3 é o capítulo definitivo da saga de Geralt de Rivia (personagem principal do game) e o game que define, pelo menos por agora, a atual geração.

A primeira coisa que chama a atenção de quem joga são os gráficos, obviamente. Não que eles sejam tão importantes para a construção de uma obra prima, mas paradoxalmente, eles são importantes para que todo o clima de uma obra-prima seja estabelecido. Cada detalhezinho dos personagens e cenários que compõem o jogo me fizeram para de jogar diversas vezes para ficar olhando aquilo admirado. Mas não só dos modelos e texturas são feitos os visuais do jogo. The Witcher 3 parece uma entidade viva, pulsante e respirante, com tudo (ou quase isso) rolando em tempo real na tela. O vento é em tempo real, fazendo folhas e grama balançarem; o clima é em tempo real... caramba, até o cabelo e a barba de Geralt crescem em tempo real! E quando seus olhos já estão pasmos com tamanha soberba visual, seus ouvidos são preenchidos com uma trilha sonora que caiu como uma luva para o game. Não só isso, mas a colocação de cada faixa da OST (Original Sound Track, trilha sonora original, em inglês) é genuinamente perfeita (e os temas de combate, meu Deus) e contribui para a atmosfera de fantasia medieval menos "alegre" que permeia o universo de The Witcher 3.

Mas, abrindo o jogo para vocês, o que mais empolga em The Witcher 3: The Wild Hunt não são os feitos estéticos absurdamente lindos, mas sim, todo o universo paralelo existente dentro do jogo. Como disse antes, o jogo é vivo, pulsante e isso se aplica a tudo o que você vê em Witcher 3. Desde os camponeses de um vilarejo bem pobre até os cidadãos das capitais cosmopolitas, levando suas vidas de uma forma tão natural que dá para imaginar que cada um dos NPCs foi programado individualmente. O gigantesco mundo de The Witcher 3 (que é maior que Skyrim e GTA juntos) não é desanimador e intimidante, muito pelo contrário, incentiva o jogador a percorrer cada km² de sua extensão, em busca de itens raros e missões paralelas. Outro ponto que transforma esse game numa obra-prima são todos os pontos de narrativa e história deste game. Personagens, sejam eles primários ou secundários, histórias de cada missão e missão paralela e as histórias individuais de cada personagem fazem uma costura interessante para este jogo.
The Witcher 3 é um jogo memorável e deve, a todo custo, ser jogado por todo mundo que se autointitula gamer, independente da plataforma ou do planeta. É uma experiência única e que já está marcada como a Obra-Prima desta geração.

The Witcher 3: Wild Hunt foi desenvolvido pela CD Projekt Red e, aqui no Brasil, é distribuído pela NC Games.


Leon Cleveland é formado em Comunicação Social pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora. É fã de desenhos animados, mitologias, heavy metal, culinária, gastronomia, bacon e é completamente apaixonado por games. Tão apaixonado que sua Tese de Conclusão de Curso foi "O uso da Linguagem Cinematográfica nos Games". Já escreveu para várias publicações, analógicas e digitais, sobre o assunto e planeja se especializar na recente área de "Crítica de Videogames".

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